INTERVENÇÃO DA GLOBO
Chico Bruno (*)
Estamos batendo na tecla da parcialidade na imprensa regional, principalmente nas regiões Norte/Nordeste, há duas semanas consecutivas. Eis que no sábado, dia 19 de maio, o Jornal do Brasil e a CBN noticiam a intervenção da Central Globo de Jornalismo na TV Gazeta, de Alagoas, emissora de propriedade da família do ex-presidente Fernando Collor.
Pelo que se sabe, estão sob intervenção, também, as afiliadas de Sergipe e Ceará. O traço comum entre as três afiliadas é que são propriedade de políticos influentes nos três estados. Esse é o grande problema da Rede Globo, principalmente, no Nordeste, onde a quase totalidade das afiliadas é propriedade de políticos.
A agora penalizada TV Gazeta meses atrás desencadeou campanha contra o governo socialista de Alagoas, acusando o governador Ronaldo Lessa de ter financiado uma queima de arquivo no estado. A campanha tinha como pano de fundo a inserção de Fernando Collor novamente na política alagoana. Foi desencadeada logo após o fim da pena imposta a Collor.
A TV Sergipe, de propriedade do governador Albano Franco, se utilizava de seu jornalismo para tecer loas ao governador. Já a TV Verdes Mares, do deputado Edson Queiroz, cunhado do governador cearense Tasso Jereissati, mas seu adversário político, o fustigava diariamente se aproveitando da audiência da Rede Globo no Ceará.
Finalmente a Rede Globo de Televisão entendeu que estava sendo usada para fins políticos e resolveu intervir. Essa utilização é antiga, só agora começou a ser compreendida pelos diretores da Central Globo de Jornalismo. Essa compreensão pode ser creditada ao Observatório da Imprensa, que foi quem primeiro alertou para o assunto.
A Central Globo de Jornalismo poderia ir mais longe e deveria assumir definitivamente a direção regional de Jornalismo de todas as suas afiliadas no país, visto que não tem poderes para retirar o controle acionário dos políticos regionais.
As intervenções em Sergipe e no Ceará, e agora em Alagoas, demonstram que a Central Globo de Jornalismo pode fazer muito para que os noticiários regionais de suas afiliadas sejam imparciais. O jornalismo e os jornalistas, principalmente do Norte/Nordeste, agradecem essa contribuição.
(*) Jornalista
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