ISTOÉ
Chico Bruno (*)
Depois de um período de calmaria o denuncismo voltou com toda a força. A revista IstoÉ que está nas bancas traz reportagem de capa intitulada "Lavanderia Nordeste". São acusações graves envolvendo um cardápio variado de políticos da região.
A matéria é calcada no depoimento de um doleiro pernambucano ao Ministério Público da Paraíba. À primeira vista não há provas consistentes, apenas a narrativa do denunciante. Alguns políticos envolvidos foram ouvidos pela revista e se defenderam, outros não se pronunciaram.
A matéria, com alto teor de nitroglicerina, repercutiu nas edições dominicais de muitos jornais. Mistura num mesmo saco políticos de partidos como PMDB, PSDB, PSB, PTB e PFL, todos do Nordeste.
Afobação
Pelo teor, vai tirar o sono de muita gente, e deve mexer com o marasmo atual da mídia política. O grande problema é que não há provas, são denúncias que, aparentemente, não foram checadas pela revista, que apenas divulgou o depoimento do denunciante aos procuradores paraibanos.
Mais uma vez estamos diante de uma matéria que pode se esvair pela falta de consistência. Não é a primeira nem será a última vez que isso acontece. A imprensa, que parecia estar se livrando deste pecado, voltou a incorrer nele, o que não é nada saudável.
Estamos diante da palavra de um doleiro contra as palavras de políticos experientes, que já se safaram inúmeras vezes de casos semelhantes. Faltou, talvez, paciência à revista para apurar com mais cuidado as denúncias e apresentá-las com mais vigor e provas aos leitores.
Principalmente porque alguns dos políticos envolvidos têm antecedentes em outros casos escabrosos, como os precatórios e a CPI do Orçamento. A pressa da revista pode lhe custar a credibilidade. O correto seria apurar primeiro. Do jeito como foi divulgado favorece os envolvidos, que dispõem de tempo para encobrir possíveis deslizes.
Como sempre, o afobado come cru.
(*) Jornalista