A Coisa teve uma coisa: está novamente obcecada com o Manual de Redação. Como se não bastasse aquela página inteira de auto-referência no Caderno Eu-Me-Amo [remissão abaixo] agora foi pedir o aval dos parceiros. Organizou um evento com todos os Ouvidores e críticos de mídia para consagrar o código como um "contrato do jornal com o leitor".
Em primeiro lugar, registre-se que se houve um Manual de Redação que efetivamente revolucionou a imprensa brasileira foi o de Pompeu de Souza, no Diário Carioca (1952). Ali começou o jornalismo moderno brasileiro. O vade-mécum da Folha marca o jornalismo pós-moderno. Com todos os seus cacoetes e irrelevâncias. Se o copiaram não foi por seus méritos mas porque naquele momento (1986) os jornais brasileiros entregaram-se a um desenfreado processo de clonagem que liquidou por quase uma década a criatividade e capacidade de individuação da mídia.
Em segundo lugar, um contrato pressupõe concordância entre as partes. Quem endossou este contrato em nome dos leitores? O Departamento de Circulação, de Marketing ou o Datafolha?
O evento, assim como a matéria que o noticiou, é uma reminiscência dos tristes tempos do "Clube do Bolinha", ou do Juquinha, ação entre amigos, toma-lá-dá-cá. Cartel com uniforme de escoteiro.
Se a COISA fosse levada a sério o intervalo entre o fato acontecido e a sua divulgação seria no máximo de 24 horas. A peça narcisista levou 19 dias para sair da reunião da diretoria até chegar ao leitor! (O evento deu-se em 20/2 e a matéria foi publicada em 10/3, à pág. A 12.)
O que diz o Manual num casos desses? Quantos pontos de castigo receberá o responsável pelo esquecimento?
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