UGANDA
The Monitor, único diário independente de Uganda, reabriu em 19/10 após ficar fechado durante uma semana por ordem do governo. O jornal havia noticiado que um helicóptero do exército caíra em combate com o Exército de Resistência do Senhor, grupo rebelde que luta contra o governo no norte do país. Furiosos com a reportagem de capa sobre o suposto acidente, os militares invadiram a redação, apreenderam computadores e outros materiais, e prenderam o repórter responsável pela matéria, Frank Nyakairu, junto com o gerente editorial e o editor de notícias. Os três foram acusados de divulgarem informação danosa à segurança nacional e publicarem notícias falsas.
Na primeira edição após a reabertura, o Monitor trazia uma mensagem de desculpas na primeira página. "Nossa reportagem se baseava em informações que acreditávamos serem verdadeiras", dizia o comunicado, destacando que o governo nega a queda da aeronave. A posição oficial também foi informada na matéria original, mas com muito mais destaque para a hipótese de que o fato ocorrera. Segundo internos do jornal, o desejo do governo era de que o pedido de desculpas admitisse claramente que a história não é verdadeira.
A censura ao Monitor causou protestos de instituições de defesa dos direitos humanos e da liberdade de imprensa, de acordo com Marc Lacey [The New York Times, 19/10/02]. O governo de Uganda instituiu lei que prevê até pena de morte para quem publicar notícias "que promovam o terrorismo". Por terrorismo entende-se "o uso da violência ou ameaça de violência com a intenção de promover ou atingir fins políticos, religiosos, econômicos, culturais ou sociais de modo ilegal.