TERROR & HORROR
"Mobilização da mídia foi ?a maior da história?, afirma jornal", copyright Acesso.com (www.acesso.com.br), 13/09/01
"Edições especiais e longas coberturas transmitidas em tempo real até em canais de entretenimento alteraram a rotina das redações jornalísticas, no mundo inteiro. Segundo o jornal ?Valor Econômico?, a mobilização da mídia para cobrir a tragédia norte-americana, foi ?a maior de sua história?. A maioria das grandes redes interrompeu a programação normal para informar, em tempo real, os detalhes dos ataques em Nova Iorque e Washington. Nos EUA, redes como ABC, CBS, CNN, NBC e Univision (em língua espanhola) transmitiram diversos ângulos do choque, e atualizavam constantemente informações sobre os rescaldos dos ataques, além de notícias do governo e repercussões internacionais. A CNN estima que sua audiência tenha sido a maior desde a Guerra do Golfo, em 1991. Alguns canais de entretenimento, como Fox, Warner, TNT, Superstation e MTV, também noticiaram os fatos com destaque em sua grade de programação. Boa parte dos principais jornais norte-americanos circularam com edições extras, dando informações parciais sobre os atentados. O ?The Washington Post?, por exemplo, publicou uma edição especial com tiragem de 50 mil exemplares. No Brasil, apenas os jornais cariocas seguiram o exemplo. ?O Dia?, ?Jornal do Brasil?, ?O Globo? e ?Extra?, circularam com edições extraordinárias na tarde de ontem. Já a ?Folha de São Paulo?, ?O Estado de São Paulo? e o ?Diário Popular? optaram pela produção de cadernos especiais, que circulam na manhã de 12/9. Todas as revistas semanais também prometeram edições extras. Com poucas exceções, a mídia eletrônica brasileira também abriu mão da programação normal para cobrir os atentados. Além dos canais exclusivos Globo News e Band News, Globo, Bandeirantes, Record e Rede TV! derrubaram a grade prevista.
EUA sofrem maior ataque terrorista da história
Os Estados Unidos sofreram, em 11/9, o maior ataque terrorista da história mundial. Ao mesmo tempo em que um dos maiores ícones do capitalismo – as torres gêmeas do World Trade Center – era derrubado, o mundo, perplexo, se perguntava o que estava acontecendo. Sem causas conhecidas e utilizando-se de três aviões comerciais norte-americanos – dois da United Airlines e dois da American Airlines – ações terroristas coordenadas cujos autores ainda não foram identificados atingiram e derrubaram as duas torres do World Trade Center, em Nova Iorque, e destruíram parte do Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, nos arredores de Washington. Além disso, derrubaram uma quarta aeronave na cidade de Pittsburgh, na Pensilvânia. Alguns policiais chegaram a estimar algo em torno de 10 mil mortos – mas nenhum dado conclusivo foi divulgado, a não ser as 266 pessoas que estavam nos Boeings seqüestrados. Sabe-se que trabalhavam nos 110 andares de World Trade Center cerca de 50 mil pessoas, e circulavam por lá outras 150 mil, diariamente. Pelo menos 28 empresas de informática, telecomunicações, mídia e internet possuíam escritórios nas torres. Durante as primeiras ações de resgate, equipes de bombeiros, polícia e paramédicos acabaram sendo soterradas pela queda de uma das torres, e as estimativas apontam entre 300 e 400 mortos. No Pentágono, calcula-se que 800 pessoas desapareceram. Pontes e túneis em Nova Iorque foram imediatamente fechados, ninguém saiu da ilha. Filas em supermercados e hospitais juntavam pessoas que queriam comprar comida e fazer doações de sangue.
Quase que simultaneamente ao início dos ataques, o mundo passou a ver pela televisão o terror vivido pelas duas cidades atacadas. Mesmo os moradores da cidade intercalavam o olhar na TV e o olhar pelas janelas e terraços. ?Na tevê, as cenas adquiriram tal realismo que se transformaram num documentário em tempo real?, escreve o articulista Paulo José Cunha, no site ?Jornalismo em Close?. ?Ao atingir as torres do World Trade Center, o avião não acertou apenas um fantástico edifício-símbolo do poderio econômico norte-americano. Aquele avião acertou o olho da câmera de tevê. Este era o alvo?, analisa Cunha. Ao redor do mundo, aeroportos foram fechados, embaixadas e empresas com sede nos Estados Unidos encerraram expediente. Todas as bases militares americanas foram postas em alerta. Pela primeira vez na história, os 60 mil vôos diários em espaço americano foram cancelados. Caças sobrevoavam o país em busca de outras aeronaves comerciais que supostamente estariam seqüestradas.
Extremista fanático
Em discurso à nação e ao mundo, o presidente George W. Bush avisou: ?não faremos distinção entre os terroristas que cometeram esses atos e aqueles que os abrigam?. O discurso de Bush foi analisado como um recado ao Afeganistão, país controlado pelo regime do movimento extremista islâmico Taliban, e que abriga o inimigo número um dos Estados Unidos, Osama bin Laden. Herdeiro de US$ 300 milhões, Bin Laden está engajado desde 1982 na ?guerra santa islâmica? e já foi responsável por ataques a embaixadas norte-americanas na África e por uma explosão com carro-bomba no próprio World Trade Center, em 1993. O governo norte-americano está oferecendo US$ 5 milhões para quem localizá-lo e permitir sua captura. Além de Bin Laden, outros países e grupos extremistas podem ser responsáveis pelo ataque surpresa – o Irã e o grupo libanês Hizbollah, por exemplo – ou ainda uma união de esforços terroristas, envolvendo mais de um grupo e as chamadas nações renegadas (Afeganistão, Iraque, Irã e Líbia). Outras suspeitas recaem sobre a extrema direita norte-americana, grupo que prega a desobediência civil e que já promoveu ataques terroristas vultuosos, com o que deixou 168 mortos em Oklahoma City, em 1995.
Sentimento de solidariedade
Por todo o mundo, a preocupação está concentrada em como os Estados Unidos irão reagir aos ataques. Quase todas as nações do mundo enviaram manifestações de apoio aos norte-americanos. Para o primeiro-ministro britânico Tony Blair, o atentado significou a ?guerra entre a democracia e o terrorismo?. Países como China, Rússia e Cuba também se manifestaram. O governo chinês, que manteve nos últimos meses relações tensas com os americanos, declarou-se ?horrorizado?. Fidel Castro prestou condolências aos norte-americanos e ofereceu ajuda através de medicamentos e sangue e abriu os aeroportos de Cuba para pousos de emergência. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, enviou um telegrama a Bush afirmando, entre outras coisas, que seu país entende o sofrimento e dor, ?pois a Rússia também tem sofrido com o terrorismo?. O primeiro ministro de Israel, Ariel Sharon, afirmou que seu povo está de mãos dadas com os Estados Unidos.
Comemorações e vingança
Por outro lado, na Cisjordânia e no Líbano milhares de palestinos foram para as ruas comemorar, aos gritos de ?Deus é grande?. No Iraque, afirma matéria do jornal ?O Globo?, a TV estatal saudou os atentados com a ?operação do século?. Entre os americanos, entretanto, o sentimento nas ruas está entre o medo e a vingança. ?O governo terá de empreender uma resposta sistemática que, e essa é nossa esperança, termine da maneira que o ataque a Pearl Harbor terminou – com a destruição do sistema responsável por isso. Esse sistema é uma rede de organizações terroristas abrigadas nas capitais de certos países?, diz artigo de Henry Kissinger, do ?The Washington Post?, reproduzido pelo jornal ?O Estado de São Paulo?. A mídia e mesmo os militares americanos compararam o ataque recente ao protagonizado pelos japoneses em 1941 em uma ilha do Havaí. O desfecho do episódio foi a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Mas também foram estabelecidas diferenças cruciais: o ataque de 1941 foi executado e admitido por um Estado. Não foi atacado o centro do poder americano, e sim uma base militar. O que aconteceu em Nova Iorque e Washington ?atingiu diretamente, de maneira bárbara, alvos que são ao mesmo tempo reservas do poder americano e o símbolo mais fascinante desse poder?, diz matéria assinada pelo colaborador do ?Estadão?, Gilles Lapouge.
Inimigo ideológico
?O atentado é odioso, mas existem pessoas que ao ver os dois prédios em chamas , não se comoveram pela fragilidade do capitalismo e do imperialismo militar dos EUA, apenas pelas pessoas?, alerta o professor de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), Renato Janine Ribeiro. Para o professor, a exclusão social e o fanatismo religioso são os dois pontos centrais dos ataques terroristas. Para o articulista Luís Nassif, da ?Folha?, no papel de maior potência do mundo, os Estados Unidos se manifestaram com profundo desprezo por temas fundamentais para o bom relacionamento global, como na recusa em assinar o protocolo de Kyoto, na saída do acordo de limitação de armas leves e no aumento do protecionismo agrícola. Paralelamente a isso, os EUA descobriram o inimigo ideológico que haviam perdido com o fim do comunismo. ?É um inimigo ideológico: uma concepção do mundo e da vida oposta aos fundamentos da cultura ocidental moderna?, diz o psicanalista e colunista da ?Folha?, Contardo Calligaris. Para o doutor em Ciência Política pela USP, Christian Lohbauer, ?o novo terrorismo não tem nacionalidade e não faz parte de um conflito ideológico definido. É diversificado, tem pequena representação quantitativa, apresenta intenções das mais variadas teses do fanatismo religioso e filosófico?. Conforme editorial da ?Folha?, ?num mundo dominado por um único pólo de poder econômico e militar, o inconformismo fermentado pela miséria, pela exclusão e pelo fanatismo religioso tende a fragmentar-se em grupos aguerridos?.
Desdobramentos imprevisíveis
Conforme análise do historiador Clóvis Brigadão, em entrevista para o jornal ?O Globo?, os atentados contra os Estados Unidos dão origem a um novo tipo de conflito mundial, e seus desdobramentos são imprevisíveis. ?Passada a comoção, é provável que alguns grupos, até mesmo o Partido Democrata, peçam mudanças na política isolacionista do governo americano?, diz Brigadão. ?A principal conseqüência da catástrofe será a perda da ingenuidade que altera o modo de pensar de cada um dos 280 milhões de habitantes dos Estados Unidos?, escreveu Ann Treneman, do diário ?The Times?, reproduzido pelo ?Estadão?. O produtor brasileiro Nelson Motta, que há muitos anos vive nos Estados Unidos, aposta que o racismo, a paranóia e a arrogância norte-americanas aumentarão. Editorial do ?Estadão? diz que, pela escolha dos alvos, a mensagem dos terroristas foi cristalina: nenhum país está a salvo das ações do terrorismo internacional. Horas depois do atentado em Nova Iorque e Washington, bombardeios aéreos ocorreram em Cabul, capital do Afeganistão. Inicialmente se acreditava em uma pronta reação dos Estados Unidos, mas os opositores do governo Taliban se responsabilizaram pela ação. Analistas são unânimes em afirmar que a reação norte-americana virá, e a partir dela talvez um novo mundo. Conforme o presidente Bush, ?a resposta será com o que os americanos têm de melhor?.
Na internet congestionada, comunicação e catarse
A grande procura por informações em tempo real sobre os atentados terroristas levaram os principais sites de notícias do mundo a ficaram congestionados ou travados, em 11/9. Websites como os de ?The New York Times?, ?CBS?, ?CNN?, ?NBC? e ?Washington Post?, apesar dos esforços em manter atualização permanente das notícias, ficaram inacessíveis durante boa parte do dia. Segundo a agência de notícias Associated Press (AP), o tráfego ficou tão intenso que os responsáveis pelo site de pesquisas ?Google?, um dos mais populares da rede, chegaram a recomendar aos usuários que abandonassem os computadores para buscar informações no rádio e na TV. A dificuldade em obter informações pelos veículos tradicionais fez com que aumentasse a procura pelos sites menos populares, como o da apresentadora virtual Ananova e o da agência britânica Press Association. Na ausência dos sites de notícias, usuários também passaram a enviar mensagens freneticamente para troca de informações sobre os acontecimentos. Os próprios internautas, através de sites pessoais, deram sua contribuição publicando relatos do que viam nas ruas dos Estados Unidos, na tentativa de informar ao mundo o que estava se passando no país. ?A rede serviu como instrumento não só de comunicação, mas de catarse?, explica Silvia Bassi, diretora de conteúdo do portal brasileiro Universo Online (UOL). Os serviços brasileiros de notícias também tiveram uma audiência nunca antes registrada. O tráfego para os provedores de conteúdo aumentou entre 70% e 150%. Muitos portais simplificaram sua primeira página, tirando imagens e tornando-as mais fáceis de serem acessadas, com o objetivo de evitar o congestionamento. O gerente de engenharia e operações da Embratel, Ricardo Maceira, informa que dois grandes serviços de informação dobraram sua capacidade de conexão à rede mundial uma hora depois do primeiro ataque terrorista. Outros dois aumentaram em 60% sua capacidade no começo da noite de 11/9."
"Edições especiais abarrotam bancas", copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 12/09/01
"Os principais jornais do país aumentaram a tiragem nesta quarta-feira (12/9) em virtude dos atentados terroristas nos Estados Unidos. As revistas semanais de grande circulação nacional também não ficaram para trás. Já estão nas bancas edições especiais de Istoé e Época. A publicação extra da Istoé chega com 52 páginas e 200 mil exemplares (fonte: departamento de Circulação), enquanto a Época apresenta 36 páginas, com uma distribuição de 250 mil exemplares (fonte: Lucia Faria, da Editora Globo). A redação de Veja informou que não haverá edição extra, mas que a próxima publicação trará cobertura completa da tragédia norte-americana.
A Folha de S. Paulo e o Correio Braziliense dobraram a tiragem – o primeiro recusou-se a fornecer o número exato de exemplares e o segundo colocou 22 mil exemplares nas bancas (Dep. Circulação). Nesta quinta-feira (13/9), a Folha vai publicar um caderno especial com todos os detalhes dos ataques. A diretoria do Estadão informou que aumentou muito sua tiragem, mas não forneceu números exatos. ?É estratégia do jornal não divulgá-los?, informou Rosângela Spada, secretária do editor-chefe Eleno Mendonça.
Os cariocas também aumentaram a tiragem. Segundo o editor geral de O Globo, Rodolfo Fernandes, chegaram às bancas 100 mil exemplares. O concorrente Jornal do Brasil colocou 71 mil exemplares (editor-executivo, Maurício Dias). Esses números, é claro, não incluem assinaturas. A assessoria de imprensa de O Dia informou que 290 mil jornais foram distribuídos na cidade, enquanto o Extra rodou 400 mil exemplares, com uma venda prevista de 375 mil, segundo o editor-chefe, Eucimar Oliveira.
A secretaria de Redação do Estado de Minas informou que houve um aumento de 30% nas tiragens (36 mil a mais). No Zero Hora, a diretoria não quis divulgar números, informando apenas que as ?máquinas trabalharam mais do que o normal?.
Jornais americanos também publicaram edições extras na terça-feira. O New York Times foi um dos primeiros a chegar às bancas. As vendas alcançaram cerca de 1 milhão de exemplares – o dobro do normal. O Chicago Tribune colocou 600 mil exemplares de edição especial nas ruas. Washington Post e Los Angeles Times também circularam na tarde de terça."
"A imprensa brasileira na tragédia americana", copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 13/09/01
"Os atentados terroristas nos EUA mexeram com o comportamento da imprensa mundial e não podia ser diferente com a imprensa brasileira, fortemente influenciada pelos acontecimentos da América. Entrar nos sites de notícias nesta terça-feira (11/9) foi uma aventura e certamente, da mesma forma que as tevês que mantiveram cobertura on-line, bateram recordes de audiência. O show da tragédia fez o País e grande parte do mundo parar em frente às telas das tevês ou dos pc. O rádio também cumpriu, com louvor, seu papel buscando trazer informações exclusivas com seus correspondentes e com o noticiário das agências internacionais. A mídia impressa abandonou seus padrões tradicionais e montou megaestruturas para noticiar a tragédia, por todos os ângulos possíveis e imagináveis. Os jornais cariocas foram os mais ousados, saindo com edições extras na tarde da tragédia – O Globo, JB, Extra e O Dia disputaram o interesse dos leitores nas bancas da cidade, com tiragens contemplando as bancas mais estratégicas da região metropolitana. Em São Paulo, apenas as revistas Época e IstoÉ decidiram sair com edição extra, mobilizando seu exército de profissional para o fechamento extraordinário.
Pode-se dizer, com relativa tranqüilidade, que poucas vezes se viu tanta solidariedade e profissionalismo quanto nesse episódio. Não houve folga, férias ou compromissos que impedissem a grande maioria dos jornalistas de participar da cobertura. Colegas que estavam em viagem de lazer nos EUA, por exemplo, adiaram seus planos momentâneos para incorporar-se à cobertura. Foi assim, por exemplo, com o presidente do Grupo RBS, Nélson Sirotsky, que viu a tragédia de perto, em Manhattan, integrando-se imediatamente ao time de seus veículos, entre eles a Rádio Guaíba e os jornais Zero Hora (RS) e Diário Catarinense (SC). Sirotsky entrevistou vítimas, escreveu matéria e ficou no ar toda a manhã da terça-feira ao vivo na Rádio Guaíba, com informações da tragédia. Dois outros exemplos foram emblemáticos desse construtivo espírito de corpo: Silvana Quaglio, do Valor Econômico, que, grávida, interrompeu suas férias familiares, para, de Miami, mandar matérias para o jornal; e Priscila Monteiro, do Jornal do Brasil, que fez o mesmo em Nova York, com compreensíveis dificuldades de comunicação.
A Folha de S. Paulo montou uma operação de guerra, alterando toda a estrutura da redação. Um editor do jornal revelou que toda a redação foi mobilizada para a cobertura, com apenas algumas excessões. Na terça-feira não havia Esporte, Política, Cidades… nada, enfim, que pudesse lembrar um jornal tradicional. Os profissionais foram reagrupados em núcleos criados especificamente para a cobertura: factual, internacional, mercados, imagens etc. Uma das coisas que já no adiantado da hora chamava a atenção era a ausência de fotos dramáticas, no portfolio das agências internacionais. Havia, dentro da Folha, forte suspeita de que as imagens cedidas estavam sendo triadas (ou censuradas) na origem. E a suspeita se justificava pelo tamanho da tragédia em comparação com o material que chegava às redações. Por muito menos, os profissionais de imagem se fartam de material de boa qualidade para a imprensa mundial, que dirá numa tragédia com tais proporções.
Do ponto de vista regional, cada jornal procurou, ao lado da cobertura internacional, colocar a repercussão na comunidade. Foi o caso do Estado de Minas, que deslocou equipes para Governador Valadares, para acompanhar o esforço da cidade na busca por informações de familiares – Valadares, como se sabe, é hoje uma das cidades brasileiras com mais cidadãos vivendo nos EUA. O mesmo fez o Zero Hora, repercutindo o acidente em Chuí, Livramento e cidades fronteiriças, onde a colônia árabe é muito forte.
De Nova York, o correspondente Sérgio Dávila informou com exclusividade para Jornalistas&Cia: ?A princípio, o trabalho da imprensa, em Manhattan, foi bastante prejudicado, porque a parte Sul da ilha sofreu interdição e o serviço público naquela parte da cidade havia sido interrompido. Assim, muitos coleguinhas tiveram de ir a pé, alguns por quilômetros e quilômetros, até o local do atentado e negociar a passagem com dezenas de bloqueios policiais. Quanto mais próximo do World Trade Center, mais rigorosos ficavam os policiais. Já a televisão teve uma ajuda do acaso. Na hora do primeiro choque do avião, dezenas de helicópteros de emissoras locais estavam no ar fazendo as tradicionais reportagens da condição do trânsito em Nova York, de maneira que foi só desviar as equipes para o local do atentado.?
Acionamos também a correspondente-autonôma Leda Beck, para buscar com ela um pouco dos bastidores da cobertura. Suas palavras:? Lamento, estou enlouquecida tentando fazer matérias pra Época, pro Valor e pro Estadão.?
Resta, agora, acompanhar os desdobramentos da tragédia e as lições que ficam para todos."