Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Acidente tratado com descaso

AVIAÇÃO

Victor Gentilli

Na maioria dos jornais, a expressão foi "pouso de emergência". Pela leitura do noticiário, nada mais falso. O que aconteceu com o Boeing 737 da Vasp, que quase se espatifou no aeroporto de Rio Branco, capital do Acre, foi acidente mesmo.

Senão, vejamos:

O comandante pediu autorização para pouso. Embora chovesse muito e o aeroporto de Rio Branco não conte com instrumentos, o piloto decidiu pousar assim mesmo. Sem instrumentos e sem visibilidade, o piloto optou por confiar em sua experiência.

Quebrou o trem de pouso, quebrou parte da asa. Os comissários não sabiam o que fazer.

No aeroporto, nenhum esquema especial. Fosse pouso de emergência, certamente haveria.

Os danos não foram maiores por mero acaso. E, pelo bom senso de um passageiro que, junto à janela de emergência, apesar do tumulto a bordo comandou a retirada de todos da aeronave.

Não é o primeiro acidente no aeroporto de Rio Branco. Aliás, conforme matéria anterior [ver remissão abaixo], percebe-se claramente a diferença de conduta entre pilotos da Vasp e de outras companhias diante das mesmas condições de vôo no aeroporto do Acre.

Este Observatório já tratou várias vezes da necessidade um jornalismo de antecipação, preventivo, que aponte os problemas onde quer que existam antes que causem danos maiores. Neste caso, porém, nem o destaque merecido os jornais deram.

Redações esvaziadas, publicações finas, ninguém nega que a este verão associa-se uma crise geral na publicidade. Mas nada, absolutamente nada, impede que se faça um jornalismo sério e no interesse do leitor.

É pedir muito?

Leia também