Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Adole$centes adultas

MONITOR DA IMPRENSA

REVISTAS FEMININAS

A juventude de hoje não é a mesma de 20 anos atrás. A partir dessa conclusão, Atoosa Rubenstein, editora-chefe da CosmoGirl (subproduto da Cosmopolitan, matriz da revista Nova brasileira), reuniu seus assistentes numa espécie de ritual de doutrinação. A intenção, segundo Alex Kuczynski (New York Times, 2/4/01), era prepará-los para lidar com a nova geração de adolescentes, um público com maiores preocupações e ansiedades do que as meninas de 14 anos dos anos 80, para quem agora escrevem.

Hoje em dia, as publicações voltadas para esse público trazem assuntos como racismo, anorexia, estupro, depressão e gravidez, para citar apenas alguns dos temas "adultos" com os quais as meninas têm de se deparar mais cedo. Para Barbara O?Dair, editora da Teen People, não é triste o fato dessas crianças terem de lidar com esses tópicos agora. Esses "assuntos de adultos" sempre estiveram presentes, diz ela, só que antes nossos pais nos protegiam deles.

Durante décadas três revistas monopolizaram o mercado editorial americano para jovens adolescentes ? Seventeen, Teen e YM ?, com notícias sobre moda, saúde e beleza. Mas as leitoras de hoje são outras, os assuntos que as se interessam multiplicaram e, consequentemente, cresceu o interesse de anunciantes por esse público e a competição para atingi-lo. Depois do sucesso da Teen People, da Time Inc., lançada há três anos, as publicações voltadas para essa faixa etária aumentaram, e hoje somam mais de 100 nos EUA.

No entanto, questiona Kuczynski, interessa saber se esse amplo mercado é capaz de se manter. Segundo ele, muitos acreditam que, ao deixar de lado a inocência, as revistas colaboram na criação e na intensificação de um sentimento materialista e consumista, que pode ser prejudicial na formação dessas futuras mulheres.

A apresentadora Rosie O?Donell, da Warner Bros, lança sua revista. Mas enquanto a grande maioria das publicações para mulheres traz o lado do brilho, da delicadeza e da beleza feminina, Rosie pretende fazer algo mais parecido com seu estilo. O foco, portanto, não será a perfeição, afirmou Alex Kuczinski (New York Times, 2/4/01).

Rosie, que chega às bancas dos EUA este mês, vai falar mais das dificuldades da vida da mulher americana e de causas políticas e sociais. Com matérias leves sobre moda e culinária, a primeira edição já dedica grande parte de sua páginas a densos e dramáticos textos sobre violência, vícios e doenças congênitas.

Segundo Rosie, a intenção é abordar pelo menos um tema social importante a cada mês. Na estréia de abril, a apresentadora fala sobre um de seus quatro filhos adotivos, Mia, descrevendo a cena em que menina teria olhado pela janela do carro e comparado um mendigo à sua mãe biológica.


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