TV CULTURA
"TV Cultura assume opção pelos jovens", copyright O Estado de S. Paulo, 11/02/02
"O jeito discreto e a voz calma do escritor e diretor Flavio de Souza, de 46 anos, escondem uma mente irrequieta, de onde saíram produções bem-sucedidas na televisão brasileira, como a ?dobradinha? Rá-Tim-Bum e Castelo Rá-Tim-Bum, exibida pela TV Cultura. Este ano, ele confere à série Rá-Tim-Bum a condição de trilogia, com o lançamento do infanto-juvenil Ilha Rá-Tim-Bum, que deve estrear em breve na programação da Cultura.
?O Ilha é um projeto bem autoral, porque eu o escrevi sozinho. Nos outros dois seriados, participei como co-autor?, ressalta Flavio. Durante um ano e meio, ele esteve debruçado sobre o novo trabalho, mesclando criatividade com referências literárias e filosóficas. Bertrand Russel e seu O Elogio ao Ócio e História das Invenções e Descobertas, de Isaac Asimov, são alguns exemplos.
Desta vez, seu público-alvo não serão propriamente as crianças, com as quais o autor está habituado a ?dialogar?. O programa tem a missão de prender os pré-adolescentes, na faixa etária dos 10 aos 12 anos, diante da TV. Ao longo de 52 episódios, com 30 minutos cada, o telespectador acompanhará as desventuras de cinco jovens, entre 7 e 17 anos. Um belo dia, eles decidem passear de lancha, mas são pegos por uma tempestade, enviada pelo maléfico Nefasto.
O grande vilão da história, Nefasto (interpretado de forma assustadora, no bom sentido, pelo ator Ernani Moraes) conduz o grupo até uma ilha desconhecida. Seu plano diabólico: usá-los num estudo sobre como levar a humanidade à autodestruição. Lá, ao mesmo tempo que terão de se defender das maldades do vilão, os personagens juvenis exercitarão a difícil arte de conviver em grupo. Solidariedade e preservação do meio ambiente também permearão a trama.
Armadilhas – Flavio de Souza admite que um de seus principais desafios foi abordar tudo isso sem cair na armadilha de transformar o programa numa sala de aula. ?Depois de voltar da escola, nosso público não quer mais assistir às aulas. Eu queria fazer um seriado de aventura, com suspense e ação, que tivesse humor e falasse sobre meio ambiente?, descreve o autor. ?A garotada tem o controle remoto na mão e, em um segundo, muda de canal e não volta mais.?
Com ares de superprodução – pelo menos, para os padrões de uma emissora estatal e educativa como a TV Cultura -, Ilha Rá-Tim-Bum combina tomadas externas, captadas em Angra dos Reis, Ubatuba, Caucaia do Alto e Serra da Cantareira, e gravações em estúdio. Pelas locações, desfilarão cerca de 20 personagens, incluindo figuras pitorescas, como a aranha gigante Nhãnhãnhã, e a divertida família formada pelo pai Coiso, pela mãe Coisa e pelo filho Coisinha.
Para compor o elenco adulto, foram selecionados atores experientes, como Ernani Moraes, Keila Bueno, Angela Dip e Henrique Stroeter – estes dois últimos, aliás, são os únicos que participaram de toda trilogia Rá-Tim-Bum.
Já o núcleo juvenil privilegia cinco estreantes, que disputaram uma vaga com outros 800 jovens. ?Eu descrevia para as agências o perfil dos personagens e elas davam opções. Tive por base o que o autor queria?, conta a diretora do Ilha, Maísa Zakzuk. ?O que eu acho maravilhoso é que crianças inexperientes não têm vícios.?"
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"O desafio de ser educativo sem as chatices da escola", copyright O Estado de S. Paulo, 11/02/02
"O autor Flavio de Souza em um dos cenários da ?Ilha?: missão de prender, diante da TV, a complicada garotada dos 10 aos 12 anos
Estado – Apesar de fazer parte de uma trilogia, o novo Ilha Rá-Tim-Bum tem vida independente em relação aos outros dois seriados?
Flavio de Souza – Apesar de serem independentes, eles são educativos, sem terem cara de aula. E são uma opção de bom gosto na televisão. O que o Ilha apresenta de mais diferente em relação ao primeiro Rá-Tim-Bum e ao Castelo é que não é voltado para criança da pré-escola, mais sim alunos a partir do 1.? grau (atual ensino fundamental).
Estado – E por que você mudou seu público-alvo, de crianças para pré-adolescentes?
Souza – Porque já existe o Castelo, que ainda está passando e continua muito bom. Não existem programas na TV aberta para essa nova faixa de idade, tem em televisão a cabo. Meu filho assiste ao Cartoon Network, Fox Kids, Discovery Kids e outros. No canal aberto, ele encontra alguns desenhos, aqueles mais violentos. Quando surge algum programa, como O Sítio do Pica-pau Amarelo, que é bacana, é voltado para crianças menores. Eles não querem ver Malhação, O Sítio do Pica-Pau Amarelo ou mesmo a reprise do Castelo.
Estado – Por que você não teve participação no longa Castelo Rá-Tim-Bum?
Souza – Me desentendi com o Cao (Hamburger, diretor do filme). Cheguei a fazer três provas do roteiro e então saí do projeto. Existem alguns elementos do roteiro final do longa, que são do meu primeiro roteiro. Agora, eu acho que deveria ser feito um desenho animado. Como já existe o programa de audiovisual, fazer um outro trabalho audiovisual, não sei… Mas não posso falar nada porque não assisti ao filme.
Estado – Depois do sucesso de Castelo Rá-Tim-Bum, há expectativas em relação ao Ilha?
Souza – Da minha parte, não. Acho que as pessoas vão ter curiosidade em assistir. O seriado está sendo muito bem feito, como normalmente os programas na televisão não são feitos.
Estado – E planos para atuar?
Souza – Estou na peça Vítor ou Vitória, em cartaz em São Paulo. Sou amigo do diretor Jorge Takla e da Marília (Pêra) e eles me convidaram para fazer um papel. Estou fazendo um apresentador, um papel bem pequeno. Eu adoro. Entrei na peça no fim do ano passado.
Estado – Quais são os projetos para este ano?
Souza – Vou montar a terceira peça do Rá-Tim-Bum, o Eureka! que vai fazer parte de um grande projeto do Sesc Pompéia e terá como enfoque a ciência. A previsão de estréia é para 23 de abril. Fui convidado também para dirigir a ópera João e Maria, no Teatro Municipal, que deve estrear em junho. É minha primeira experiência com esse tipo de trabalho. Outra coisa legal é o filme da minha peça Fica Comigo Esta Noite, que vai ser dirigido por Daniel Filho e produzido Diler Trindade, o mesmo dos filmes da Xuxa."
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"O que a moçada gostaria de mudar na programação", copyright O Estado de S. Paulo, 11/02/02
"Entrevistados dizem que querem comédias e telejornais voltados para temas da juventude
Durante as férias, o estudante Lucas Calazans Luz, de 12 anos, não saía da frente da televisão. ?Eu gosto bastante de desenhos, como o do Pica-pau. É muito engraçado, sou fã dele desde pequeno?, comenta. Lucas é o típico garoto da geração ?TV a cabo?, assim como tantos outros de sua faixa etária.
?Assisto ao seriado antigo do Batman e Os Simpsons, na Fox, e as séries da Sony, tipo Friends.? Se tivesse poder de interferir na programação da TV, Lucas confessa que eliminaria alguns programas que não fazem sua cabeça, como os do canal Discovery e a Globonews. ?Mas eu deixaria alguns telejornais.?
Para Alana Gaspar Ferreira, de 12 anos, a TV ideal tem de reunir MTV, clipes e Videoshow. ?Não gosto de assistir a novelas?, garante. ?Prefiro ver os desenhos do Cartoon Network, como Dragon Ball e outros de ação com heróis.? Ela diz não ser muito fanática pela telinha e dispensa o aparelho se aparecer alguma coisa mais interessante para fazer. ?Quando o dia está agitado, eu não assisto?, comenta Alana, que abomina o Caldeirão do Huck.
Rafaela Figueiredo da Silva, de 12 anos, não se mostra indiferente à televisão. No período de férias, ela assegura só ter ligado o aparelho de TV à noite. Durante a época de aulas, seus hábitos se modificam. ?Vejo desenhos na parte da manhã, vou à escola à tarde e, à noite, acompanho Malhação?, descreve. Entre suas atrações preferidas, estão novelas, incluindo as mexicanas, e a MTV.
Vez por outra, a estudante Gabrielle Gonçalves, de 11 anos, ouve a mãe reclamar que ela não a ajuda, que vive grudada na televisão. ?A TV ensina coisas boas para a gente?, acredita. A maratona televisiva durante o período de férias escolares foi intensa: acordava cedo, assistia aos desenhos, ao Chaves e Chapolin e depois às novelas Carinha de Anjo e Amor e Ódio. ?Não gosto do programa do Ratinho, porque acontece muita confusão, o pessoal joga o microfone?, avalia. Gabrielle reinvindica uma reformulação da TV.
?Deveria haver mais novelas para a nossa idade, filmes de comédia, mais programas educativos e um telejbornal para criança.?"
DEPOIS.COM.BR
"Depois.com.br: uma agência ?atrasadinha?", copyright Comunique-se. (www.comunique-se.com.br), 6/02/02
"Está para surgir uma agência de notícias cuja proposta é muito diferente das demais. A Depois.com.br quer se firmar pela qualidade da informação, independentemente do furo. ?Vamos trabalhar sem a pressa e a urgência dos sites da internet. Queremos praticar um jornalismo tradicional, como o impresso, só que voltado para o mundo web?, explicou o editor Sandro Guidalli, idealizador do projeto. Daí o nome ?Depois?. ?Nossa intenção é justamente passar a idéia de atraso. Estaremos menos suscetíveis a erros?. A agência deve estar funcionando em meados de março e estará focada em notícias de tecnologia, internet e telecomunicações.
Ex-repórter do Canal Web, Guidalli afirma que Depois.com.br terá um formato simples e uma equipe enxuta, bem diferente do antigo site onde trabalhava, pertencente a EdiOuro. ?Lembro que a editora tinha acabado de comprar uma máquina moderníssima para imprimir livros quando foi anunciado o racionamento. Ela não viu outra saída se não acabar com o Canal Web?, conta. Segundo Guidalli, o site já era deficitário na época e a única coisa que o sustentava era o editorial. ?Acho também que o Canal Web pecou por tentar se tornar um portal. Se houvessem optado pela simplicidade, ele teria sobrevivido?, acredita. Na verdade, a intenção de Guindalli é apostar em um projeto dentro de um novo conceito de internet, sem grandes gastos e grandezas que levaram muitos outros sites à falência.
O editor está decidido a reagrupar a antiga equipe do Canal Web. Já estão contratados Marcelo de Polli, que será correspondente em São Paulo, e Ana Beatriz Leta, futura correspondente em San Diego (EUA). Ele ainda pretende fazer o convite para Viviane Borges e Nívia Atala (atualmente no Jornal do Commercio), para a reportagem no Rio. A novidade entre as contratações é Luciana Fragoas, que será correspondente na Austrália. ?Quero fugir um pouco desse eixo EUA-Europa. Luciana trabalha em uma rádio australiana e viaja para regiões pouco conhecidas e exploradas. Quero focar a evolução tecnológica nesses lugares?, disse Guidalli, que afirmou querer dar um toque mais exótico ao Depois.com.br. A equipe estará completa quando for encontrado um correspondente na Europa.
Guidalli garante que não está preocupado com o número de pagerviews. O e-mail, segundo ele, será a principal ferramenta, através da newsletter. O jornalista vê no informativo a verdadeira porta de entrada para o Depois.com.br.
A idéia de criar o Depois.com.br partiu do próprio Guidalli. Ele levou o projeto a Tau Virtual, agência multimídia reponsável por desenvolver projetos para web, que resolveu apostar na agência.
A receita será gerada a partir de espaço publicitário. Serão cinco cotas que envolvem a página do site e a própria newsletter.
O prazo estipulado por Guidalli para a consolidação do negócio é de seis meses."