NA CONTRAMÃO
Alberto Dines
O PIB agrícola subiu 9% em 12 meses. Um feito. Mas não veio por acaso: o crescimento da nossa safra nos últimos anos e sua participação na receita de exportações revelam um setor em expansão contínua e de enorme potencial.
A mídia está explorando o filão com grande empenho ? certo ou errado?
Fácil adivinhar: temos apenas um veículo de porte nacional (Globo Rural, revista mensal e programa de TV), apenas um suplemento regional (o caderno das quartas-feiras do Estado de S.Paulo, hoje uma instituição; o da Folha, mais recente, evaporou-se) e algumas publicações segmentadas e/ou irrelevantes.
Significa que nossa mídia está deixando escapar duas belas oportunidades: a) ampliar o espectro da cobertura; b) criar um veio de faturamento.
Quando no fim dos anos 50 a indústria automotiva brasileira começou a exibir sua musculatura, a mídia reagiu de forma pronta e competente: a Editora Abril lançou Quatro Rodas (uma escola de jornalismo especializado, hoje transformada numa importante área de negócios), imediatamente acompanhada pelos cadernos nos jornais diários, sendo que o mais importante, anos depois, foi o do Jornal da Tarde.
Hoje não há um jornal de porte no país que não tenha um suplemento de carros, embora o jornalismo neles praticado esteja muito abaixo da qualidade dos áureos tempos.
No caso da agricultura (ou agribusiness) a inapetência é agravada pela crise que assola a indústria da mídia em todo o mundo e pela demora dos investidores nacionais ou internacionais em aproveitar as alterações do artigo 222 da Constituição.
De nada adiantam aquelas tolas incursões de nossos semanários no mundo rural oferecendo louraças em estilo country em lugar de coberturas competentes sobre a revolução verde que está sacudindo o interior do país. Pura mistificação. O que se precisa é de conhecimento sobre o setor e disposição de meter o pé na estrada . Consultem o que Hipólito José da Costa dizia há 194 anos sobre a agricultura.
Se tiverem preguiça, chamem o José Hamilton Ribeiro.