Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Alberto Dines

ASPAS

JORNALISMO ECONÔMICO

"Além do urso e do touro", copyright Jornal do Brasil, 24/03/01

"Verbos siameses, inseparáveis, disparar e despencar parecem condenados a figurar juntos no noticiário econômico. Juros disparam, taxa de crescimento despenca, dólar dispara, real despenca. E não poderia ser diferente já que para existir um ganhador é preciso produzir um perdedor. É do jogo.

O jornalismo de cotações imprensado entre este incessante disparar e despencar, também chamado D+D, tem algo de mágico: todo prenúncio converte-se automaticamente em anúncio, cada insinuação de alta confirma-se fatalmente no dia seguinte como disparada, assim como a possibilidade do despenque. Não é o teor do que se noticia, o simples ato de trombetear estabelece e ratifica uma tendência. Por uma simples razão: o mercado financeiro segue algumas leis da economia mas rege-se principalmente dentro dos parâmetros da psicologia.

Os totens de Wall Street, o touro e o urso, são na realidade expressões de impulsos primitivos de euforia e pânico. O touro com o focinho no chão ataca por baixo e empurra as altas, a disparada das cotações. O urso alto, esmaga de cima, produz as quedas.

Quando Allan Greenspan chamou a atenção para a irracional exuberância das bolsas, os exegetas traduziram sua manifestação como um alerta contra a especulação. A irracionalidade tem leituras mais sofisticadas, não é apenas sinônimo de exaltação pode ser também fruto do voluntarismo. A tal bolha da ciber-economia não caiu do céu. Alguém ganhou fortunas com ela, apesar do desespero de tantos.

Quem o afirma não é um veículo de esquerda mas o Wall Street Journal, porta-voz do capitalismo e do conservadorismo americano. Em sua edição de ontem, reproduzida pelo Estado de S. Paulo, o jornalão dos cifrões lança a suspeita sobre 50 executivos de empresas negociadas na bolsa eletrônica da Nasdaq que ?juntaram fortunas vendendo cada um deles, mais de 100 milhões de dólares em ações de suas companhias entre outubro de 1999 até o fim do ano passado.? (p.B-15, ?Quer saber quem ganhou com a bolha da Nasdaq ??)

Quando os índices DISPARARAM alcançando cotações recordes, esses executivos venderam ações que perderam em seguida 80%, 90% e até 99% do seu valor. Foi uma das maiores transferências de riqueza de investidores comuns para os executivos. A matéria, ao contrário do denuncismo vigente em outras plagas, dá nome aos bois, touros e ursos. Uma das empresas chama-se Scient Corp., consultoria da Internet, que abriu o capital em meados de 1999 vendendo ações pela bagatela de 10 dólares e, em março seguinte chegou a 135,70 dólares por unidade. Há outros casos tão absurdos quanto este.

?O período das vendas foi escolhido, de certo modo arbitrariamente, para capturar a escalada final do índice Nasdaq… Executivos dessas empresas não precisavam ir ao mercado para comprar ações nas cotações que todos devem pagar porque foram generosamente supridos com ações de fundadores – praticamente de graça.?

Este desvario foi evidentemente alimentado pelo noticiário D+D. Era preciso criar o clima de uma nova era, prenunciar prosperidades nunca dantes sonhadas, aliar a fixação infantil em torno de brinquedinhos eletrônicos com a compulsão para fabricar utopias. Acionar a imaginação. E a cobiça. A ninguém interessava explicações sobre a causa do DISPARO, todos queriam tirar sua casquinha antes do DESPENQUE.

Prima da matemática, considerada ciência exata, a economia hoje está inevitavelmente relativizada: se antes existia a macro e a microeconomia funcionando geralmente dentro dos mesmos paradigmas, agora temos aquela ?nova economia? das bolhas ou modismos e a ?economia real? que envolve as forças produtivas – trabalhadores e empresários – governos, comércio internacional, guerras ou paz. Acontece que estas economias não funcionam separadamente. Influenciam-se, interagem e, de certa forma anulam-se. A irracionalidade da Nasdaq antes do fim do ano passado teve pouco a ver com os fundamentos da economia real americana. Indícios recessivos em Dezembro foram espertamente magnificados e aproveitados pelo pequeno grupo de golden boys das empresas de tecnologia para realizar os fabulosos lucros.

Quando na última segunda-feira o ministro Malan reclamou contra o ?instinto de rebanho? que converte a cotação de um dia numa tendência para os doze meses, tentava oferecer um mínimo de racionalidade. Colocar as coisas dentro dos fundamentos da economia real. Avisar aos operadores (que ganham sempre duas vezes – quando compram e quando vendem) mas também aos que produzem a reverberação D+D indispensável ao clima de desvario. Juntos, operadores e reverberadores, assumem-se como a personificação do Mercado. Mas a Nasdaq é a bolsa de um mercado aparentemente credível, protegido de manipulações. E o Wall Street Journal desmontou-a."

"Pague, perca e ignore", copyright Folha de S. Paulo, 20/03/01

"O estudo do Unafisco, sindicato dos auditores fiscais da Receita Federal, sobre o monstruoso aumento do Imposto de Renda dos assalariados de 96 a 2000, resulta em eloquente denúncia de uma das deformações mais violentas, e portanto mais prejudiciais ao país, do jornalismo brasileiro nos últimos anos.

O imposto arrecadado dos trabalhadores em geral aumentou 68% de 96 a 2000, o que significa aumento equivalente a quase o dobro da inflação oficial acumulada nos mesmos anos. Segundo as conclusões do estudo, o aumento da arrecadação nos últimos cinco anos foi obtido pelo aumento constante, ano a ano, dos impostos sobre os trabalhadores e sobre os consumidores, caracterizando uma sobretributação cruelmente injusta, anti-social e contrária ao necessário crescimento econômico.

Observe-se, a propósito do aumento de arrecadação do IR para quem trabalha, que isso ocorreu exatamente nos anos de aumento recordista do desemprego. O que acentua, com maior vigor ainda, o sobrepeso aplicado aos que continuaram empregados.

Diante deste processo desenvolvido ao longo de cinco anos, o jornalismo econômico manteve-se uniforme e retilíneo. Por vontade coletiva dos orientadores de suas linhas de interesse e atenção, acompanhou tudo o que tem acontecido com as moedas da Turquia, da Coréia, da Tailândia, dos recantos mais impensados pelo mundo afora. As bolsas são o gênero de noticiário ?econômico? que mais espaços nobres mereceu dos jornais, TVs e rádios, nos últimos anos. O noticiário econômico tem retratado melhor a situação sócio-econômica da Argentina, e não é de agora, do que o faz com a situação brasileira.

Nada disso é consequência da globalização, não. Com ou sem globalização, o Brasil continua existindo. Nela, dentro dela, como querem os deslumbrados com a primeira aparência de teoria que se apresenta, o Brasil continua existindo. Tal e qual antes do neoliberalismo, da religião do mercado, da globalização, do império mundial dos especuladores financeiros.

O Brasil mudou muito? Sim, mudou. Mudou sempre. E, se mudou, todos os aspectos e efeitos de cada milímetro de mudança sócio-econômica deviam estar no jornalismo econômico, nas TVs e rádios ditas noticiosas.

O jornalismo econômico brasileiro alienou-se do seu país e, portanto, da massa dos seus possíveis e carentes leitores. É feito só para uma parcela mínima da minoria, a que ganha fortunas jogando com papéis e com juros, faz o lucro das suas empresas com aplicações financeiras e não com produção.

Os leitores que queiram saber dos aspectos econômicos de sua vida e do conjunto do seu país tenham paciência. Esperem que um sindicato, o Dieese, alguma outra entidade, faça um estudo para mostrar, ao final de uns tantos anos, o que o jornalismo econômico autêntico, independente e ético, estaria tratando a cada dia em seus espaços. Não é o caso do jornalismo econômico brasileiro. Aliás, ?econômico?."

"O fim dos governos", copyright Folha de S. Paulo, 21/03/01

"O final dos 80 pegou um país completamente paralisado por impasses políticos e econômicos dos mais variados. Não havia uma bandeira econômica razoável, não havia uma base política de sustentação às reformas e havia o medo disseminado de mexer em qualquer tema relevante. Esse impasse foi rompido pelo destemor algo suicida do governo Collor. Bastou uma sucessão de escândalos, uma campanha de mídia e seu governo desmontou como um castelo de areia -assim como desmontou o de Carlos Andrés Perez, na Venezuela, e outros que tinham propósitos modernizadores e amplos telhados de vidro.

A campanha contra Collor e Perez, seguindo o exemplo de Watergate, consolidou um novo agente -a mídia- com terrível poder de fogo, até o de desestabilizar governos. Em democracias consolidadas, a opinião pública consagrou valores republicanos -um dos mais relevantes dos quais é o respeito à vontade da maioria, que elegeu seus governantes. Esses valores inibem o sensacionalismo em questões institucionais, obrigam a mídia a agir com um rigor redobrado, com cautela. Havendo consistência nas acusações, aí, sim, presidentes são derrubados.

Em sociedades em transformação, esse poder criou um quadro político complicado. Nesses países não há tradição de estabilidade política, de respeito aos valores democráticos, e processos de mudança geram mal-estar, enquanto não se completa a transição. Tudo isso cria o cadinho ideal para a exacerbação das críticas. Em vez dos quartéis, CPIs com propósitos definidos, e a mídia criando o chamado clamor das ruas.

Governos sem base política dançam inevitavelmente. A estratégia explicitada por FHC nos seus primeiros meses de governo foi montar uma base ampla de apoio, utilizando recursos do velho modelo fisiológico, para plantar as raízes do novo modelo que eliminaria ou pelo menos reduziria o campo de ação do velho modelo.

É um jogo complexo, sujeito a erros variados, a alianças que por vezes envergonham. Mas havia outro caminho? Se com a maior base de apoio já montada por um presidente brasileiro em regime democrático o governo FHC balançou várias vezes sob esse fogo, o que não prever para um eventual governo de esquerda, sem o controle do Congresso? Como é impossível controlar todas as ações de governo, bastaria colher meia dúzia de escândalos que existem em qualquer governo, ou suposições de escândalo, produzir um alarido sem muito discernimento, criar o clamor das ruas em cima de rumores e dar carne para o leão de uma CPI. Um eventual governo Lula, sem maioria parlamentar, não resistiria um ano a esse modelo.

Justamente por isso há que consolidar valores institucionais como garantia para todos os futuros presidentes que vierem a ser eleitos.

Muitos erros foram cometidos por FHC, o principal dos quais a complacência com denúncias contra sua base aliada. DNER, Sudam, Codesp eram escândalos já tratados pela mídia em inúmeras oportunidades.

Mesmo assim o poder de qualquer um provocar terremotos com espuma tornou a República refém de chantagens políticas das mais variadas. Hoje em dia há quase uma unanimidade na mídia contra o senador Jader Barbalho, a quem se associam falcatruas descobertas na Sudam. Ora, Jader era um cadáver político, derrotado em seu próprio Estado, que foi ressuscitado pelo espaço que lhe foi concedido na mídia em cima da CPI dos Bancos.

A mídia moderna não pode fechar os olhos ao marketing nem à fiscalização de governos. E também há que respeitar os valores republicanos. Como conciliar esses dois objetivos? Praticando jornalismo, levantando informações com potencial desestabilizador e tratando-as com responsabilidade, apurando, checando, conferindo. Se a denúncia tem consistência, que se publique.

É hora de a própria categoria retomar antigas lições e se dar conta de que o jornalista que veicula um rumor, sem conferir, pratica mau jornalismo, que o esquentamento de notícias não é modernidade, é incapacidade de produzir notícias verdadeiras com impacto."

"Perspectivas para um novo jornalismo", copyright Gazeta Mercantil, 19/03/01

"O futuro do jornalismo segue o caminho da revolução tecnológica. Os pontos de mutação das mídias massivas que temos hoje – jornais, revistas, emissoras de rádio, TV, e sites na internet – precisam ser bem analisados, na busca de perspectivas para o futuro, com base no contexto dos muitos avanços e pesquisas em andamento que colocam homens e máquinas em uma nova relação.

Quem já imaginou um computador obedecendo a orientações dos usuários a partir do que eles pensam quando estão diante da tela?

Pelas pesquisas e testes que o Instituto Tecnológico de Massachussets (MIT) dos Estados Unidos vem desenvolvendo, em breve será possível que usuários de microcomputadores apenas pensem ?quero essa janela ou quero escrever em letras maiúsculas?, para que o micro faça a ação desejada. Este é apenas um exemplo dos avanços que estão a caminho.

É na rabeira da revolução tecnológica que seguem os meios de comunicação, sendo levados à produção de mensagens cada vez mais velozes, de mais fácil entendimento e atrativas do ponto de vista da recepção. O trabalho jornalístico segue trilhas desconhecidas em termos de adaptar-se às novas mídias, revendo formas de trabalho e criando novos parâmetros do fazer jornalístico.

Uma nova trilha é o caderno regional da Gazeta Mercantil, que recentemente completou um ano, e veio fincar por aqui as bases de um jornalismo de negócios, noticiando e analisando o dia-a-dia de empresas sejam elas grandes, pequenas ou médias. Antes predominava o jornalismo econômico, baseado em informações de fontes oficiais, como os governos e organismos de pesquisa que atuam com economia.

A realidade empresarial pode ser vista com outros olhos, pela imprensa e pelo público em geral. Neste um ano de cobertura jornalística, este caderno mostrou que as faces do cotidiano empresarial são assuntos do interesse coletivo, mesmo quando vinculadas a uma pequena empresa, até então tida como uma ?ilustre desconhecida?. Escrever o nome de uma empresa – seja no corpo da matéria ou no título – deixou de ser um tabu para a mídia impressa, que antes achava que esta iniciativa era ?fazer propaganda?. Olha que engano! Pena que ainda tenha emissora de tv que continua a pensar desta forma.

Mudanças de comportamento, como esta, são fruto de um processo de reflexão, estudo de mercado, criatividade e uma criteriosa definição de parâmetros de produção editorial. Considero que estes ingredientes são vitais para a formulação de qualquer plano que envolva o futuro da profissão de jornalista em qualquer lugar do planeta.

Um olhar histórico sobre o passado deixa claro que, embora a tradição de imprensa estivesse longe daqui, o Triângulo sempre manteve-se integrado às principais modernizações destes grandes centros, através de ações corajosas que passaram a projetar a região.

Muitos fatos, marcados pelo pionerismo de empresários e intelectuais de ontem, mostram de forma inequívoca, que ao longo do tempo a região tem envidado esforços para manter-se integrada ao que há de mais moderno nos grandes centros.

Esta deve ser a fonte de energia para futuros, novos e velhos jornalistas na busca de caminhos para a ampliação de perspectivas profissionais. O jornalismo regional precisa continuar avançando até alcançar o crescimento de outras áreas de atividades da região. É preciso levar para o trabalho de captação de notícias e imagens, de criação de textos e significados, de interação com as fontes que surgem com o crescimento da região, a ousadia e visão dos pioneiros de ontem.

É de vital importância que cada produto jornalístico busque e defina sua própria identidade, incentive e promova a atualização e capacitação profissional. Já é tempo das redações avaliarem formas mais profissionais de selecionar jornalistas recém-formados. Apresentar linhas editoriais e os diferenciais de cada produto jornalístico, além de conhecer na prática o potencial dos candidatos, são atributos comprovados de cursos como o do Estadão e da Abril.

A imprensa deve repensar ser suas relações com a agenda pública. Não é toda a ação dos governantes que necessita ser noticiada. E não é porque um órgão de imprensa X vai noticiar um fato, que um outro órgão Y passa a ter a obrigação de noticiar também, e muitas vezes da mesma forma e com conteúdos quase idênticos. Com a independência do trabalho jornalístico em relação ao discurso e ação oficiais, é que temos um jornalismo mais plural, capaz de não desvincular deste processo de comunicação, o ser humano que compõe cada fonte de informação.

Assim estabelecem-se diferenciais na produção jornalística, ampliando fronteiras no mercado de trabalho e com certeza possibilitando que mais pessoas sejam bem informadas. Em tempo de revolução tecnológica uma nova sociedade se delineia – a da informação. Nesta sociedade, evidencia-se, com muita clareza, que, ter pessoas esclarecidas, significa a existência de seres humanos com mais opções para suas vidas. (O autor é mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela USP, professor do Centro Universitário do Triângulo (Unit), em Uberlândia, e da Universidade de Uberaba.)"

"A crise argentina na metáfora do pão", copyright AOL (www.americaonline.com.br), 23/03/01

"O pãozinho quente do café da manhã pode aumentar de preço, e muito, na mesa do trabalhador brasileiro, que não tem dinheiro para comer biscoito fino na refeição matinal.

A notícia foi dada pelo jornalista Ricardo Boechat (no ?Bom Dia Brasil?, da TV Globo) quase como curiosidade, coisa engraçada, na esteira dos fatos da crise argentina, o principal dos quais o retorno do salvador Domingo Cavallo ao governo, para pilotar a crise do país vizinho. Ora – perguntaria qualquer um de nós – o que diabo a crise da Argentina tem a ver com o preço do pãozinho nas padarias brasileiras? Boechat explicou: vem da Argentina metade da porção de farinha usada em cada pãozinho brasileiro. Se lá a farinha aumentar de preço, o pão ficará mais caro aqui.

Notícias como essa têm sempre uma boa dose de especulação. Decorrem de previsões incertas, provavelmente turbinadas por alarmistas profissionais. De qualquer forma, quer a notícia venha ou não a se confirmar, está aí uma boa metáfora para entender e explicar algumas das intromissões da globalização na vida real das pessoas. Tirando essa notícia, que estabelecia relações entre as complicações da crise Argentina e a simplicidade dos centavos que aqui pagamos pelo nosso pãozinho de cada manhã, as manifestações da globalização, nos jornais do mesmo dia, estavam largamente noticiadas em &iacuiacute;ndices: bolsas que sobem ou descem percentualmente, índices que têm nomes próprios, estimativas de cresci-mento e de inflação, as subidas e descidas do dólar medidas em décimos – zeros e vírgulas organizados para destruir ou alimentar expectativas, num linguajar que só os especialistas entendem. E às vezes, quando os ouvimos, ficamos com a sensação de que nem eles sabem do que falam.

Lendo os jornais e ouvindo os apresentadores dos telejornais, ficamos diariamente com a estranha sensação de que somos governados por números e em função de números. O discurso circulante do sistema – espaço abstrato onde o tal do mercado dita as regras – se expressa em símbolos matemáticos. E com eles se apropriou de espaços importantes da narração jornalística. Às vezes (e não são poucas), até os dramas humanos são relatados em índices. Coisas como o desemprego, a fome, as doenças e a exclusão social, viram histórias contadas em estatísticas e gráficos, como se nos números estivesse a essência dos problemas sociais e políticos de um povo. É uma narração que exclui as pessoas. Pois está na hora de lembrar aos jornalistas que narração, inclusive a narração jornalística, é a arte de contar histórias de ações e emoções humanas. Mesmo quando se trata de globalização. Aliás, que importância teria a globalização, se não fosse por causa das pessoas? (Carlos Chaparro é professor de jornalismo na Universidade de São Paulo – USP)

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