Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Algo de novo no front da prepotência

Pela primeira vez, o carro-chefe da mídia impressa do Grupo Globo publica uma notícia que contraria frontalmente seus interesses e coloca a Rede Globo no banco dos acusados.
O milagre aconteceu em O Globo [sábado, 3/2], quando publicou na parte superior da primeira página a notícia de que o laudo pericial complementar do Instituto de Criminalística Carlos Eboli condenava, por insegurança, a roda-gigante do estúdio do programa Xuxa Park. Na página interna (21), o mesmo laudo foi divulgado num manchetão de seis colunas. Com o enfoque correto: destaque para a condenação (o fato relevante de interesse público) e a contestação da emissora logo em seguida. Normalmente dava-se o contrário.
Não se pode ignorar que a postura ética ficou de certa forma ofuscada pela própria manchete da primeira página, que desvia a atenção do incêndio no Projac para o acidente no teleférico do Rio Water Planet (um dos concorrentes do futuro Xuxa Park, no Rio): "Depois do acidente, prefeitura vai fiscalizar parques no Rio", diz a chamada.
De qualquer forma, não pode ficar sem registro a extraordinária mudança de atitude num grupo de mídia que ultimamente vinha exagerando nas doses de prepotência e cinismo.
Também não pode ficar sem registro a certeza de que, a despeito das ponderações que motivaram a reviravolta, um fato pesou decisivamente: a existência de uma consciência crítica na sociedade brasileira contra os desmandos do Grupo Globo.
Este Observatório não pretende atribuir-se o papel de autor exclusivo desta resistência ao rolo compressor do grupo hegemônico. Mas acredita ter contribuído para a sua disseminação.
Temos a clara noção de que não vamos acabar com o cartel mediático ora em formação no Brasil. Mas temos a convicção de que este cartel não acabará com o Observatório da Imprensa. Este ou outros.

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