Saturday, 07 de September de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1304

Além do mercado editorial

SOLUÇÃO DA CRISE

O futuro da indústria editorial pode estar em qualquer lugar, menos, talvez, no papel impresso ? de acordo com Brian Steinberg [Dow Jones Newswires, 6/11/01]. Revistas com queda violenta no faturamento publicitário, problemas com distribuição e aumento das tarifas postais juntam forças para ressuscitar.

Cada revista, acreditam os publishers, tem potencial para se tornar uma Martha Stewart, uma O, de Oprah Winfrey, ou uma ESPN, que circulam nos ambientes mais ecléticos. Interessados em jantar num café acompanhado de uma Cosmopolitan sexy? A unidade de revistas da Hearst está testando dois "Cosmopolitan Cafés" no Reino Unido. Há outros exemplos, como a parceria entre uma auto-escola e a revista Car & Driver.

"Em dez anos, vocês verão exemplos de marcas originadas em revistas cujo faturamento será a menor parte do lucro total", diz Peter Kreisky, chefe de mídia e entretenimento da Mercer Management Consulting. Atualmente, para Jack Kliger, presidente da Hachette Filipacchi Magazines, unidade nos EUA da francesa Lagardere SCA, publishers voltam-se muito para anunciantes, em vez do público. Se gastassem mais dinheiro atraindo consumidores "teríamos marcas mais poderosas, começando com revistas mas não terminando nelas".

"Um dos erros dos publishers é colocar a revista em primeiro lugar, e todo o resto em segundo plano", diz David Graff, ex-executivo da Hearst e atual presidente da SunGate Partners Inc., empresa de consultoria de marketing. "É preciso tratar a marca como uma unidade." Há, no entanto, quem acredite que o frenesi pela novidade que pode salvar o mercado editorial é passageiro. Assim que a economia melhorar, dizem analistas, essa tendência mudará.

TORTURA

Comentaristas de jornais e da TV americana levantaram a questão: deve-se torturar suspeitos de terrorismo para forçá-los a confessar? Jonathan Alter, colunista da Newsweek, escreveu que nestes tempos "até um liberal" acaba pensando em tortura, acrescentando que não necessariamente defende o uso de "mangueiras de borracha", mas de "algo que acelere a morosa investigação do maior crime da história americana".

Programas da Fox News Channel e da CNN também trataram do assunto; nesta última, o comentarista Tucker Carlson deu o tom da argumentação a que outras vozes na imprensa recorreram: "A tortura é perversa. Mas lembrem-se, algumas coisas são piores. E, sob certas circunstâncias, pode ser o menor dos males." O historiador Jay Winik, em artigo de opinião no Wall Street Journal, relatou que a tortura de um terrorista por autoridades filipinas, em 1995, frustrou o plano de lançar aviões comerciais americanos no mar e no quartel-general da CIA. Pergunta Winik: o que teria acontecido se o criminoso estivesse em uma prisão dos EUA?

Embora ninguém abertamente defenda ou justifique o uso da tortura como instrumento de investigação, defensores dos direitos humanos explicam que não se preocupam com discussões teóricas sobre o assunto, mas esperam que o método seja condenado. O problema é que apresentar a tortura como uma ação possível pode legitimar esta forma cruel de interrogação.

Para Jim Rutenberg [The New York Times, 5/11/01], os jornalistas estão tratando o tema com cuidado. Jonathan Alter diz que o problema de falar sobre o assunto é que alguns leitores supõem que se está fazendo a sua defesa, o que o comentarista rejeita, argumentando que a tortura física gera informação falsa. Ainda assim, os jornalistas se arriscam a travar este debate alegando obrigação profissional, já que os suspeitos e detidos por terrorismo se recusam a dar qualquer informação, o que poderia salvar vidas. Outro pretexto é que a conversa já está presente na vida cotidiana das pessoas. E afinal, isto é uma guerra.

Há exceção à regra. Jim Murphy, produtor executivo do Evening News with Dan Rather, da CBS, declarou que só levará o assunto ao ar se descobrirem evidência real de que a tortura está sendo usada ou considerada. A mera especulação ficaria a cargo dos talk shows e colunistas, pois, antes disso, "é o tipo de conversa que eu ou você teríamos em um jantar: será que deveríamos torturar?".