QUALIDADE NA TV
ASPAS
"Camundongo ruim de urna", copyright no. (www.no.com.br), 30/10/00
"Ratinho chocou o público ao exibir cenas de tortura de uma menina de três anos. Mas sua incursão na eleição foi uma afronta à consciência democrática brasileira. O jornal O Estado de S. Paulo provou que era falso um suposto assassinato durante o seqüestro de um médico, exibido no programa do roedor no SBT e usado por quatro dias seguidos no programa de Paulo Maluf. Em Maringá, no Paraná, fez terrorismo diário no programa do PTB anunciando que, se o petista José Cláudio vencesse, haveria invasões de camelôs e de sem-terra. Zé foi eleito e é o primeiro prefeito petista da cidade.
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Não é a primeira vez que Ratinho se mete em política – sempre na banda podre. Em 1990, foi eleito deputado federal pelo PRN de Collor, a quem ajudou na campanha presidencial. Há dois anos, reconheceu em entrevista à Veja que tinha sido um deputado medíocre: ‘Não quero ser um novo Mário Covas, quero ser o Mazzaroppi do ano 2000’. A família do genial Mazzaroppi tem aí um bom pretexto para processar Ratinho por calúnia e difamação."
"Quem vai criar uma ratoeira para o Ratinho", copyright Folha de S. Paulo, 30/10/00
"Você, que é leitor de jornal, pode não ter se dado conta, mas, na semana passada, um assunto dominou as conversas nos ônibus, nas padarias e em todos os locais onde o SBT é mais assistido: o vídeo, exibido no programa do Ratinho, mostrando uma menina de três anos sendo barbaramente torturada.
Para quem ainda não sabe da história, o líder de uma quadrilha especializada em roubo de avião e carro-forte torturou por vingança, diante de uma câmera, a filha de um comparsa que o teria entregue à polícia.
O criminoso aparece chutando a menina, socando sua cabeça, arremessando-a contra a parede, pisando em sua barriga e até forçando-a a ingerir as próprias fezes.
Conversei com pessoas que assistiram ao programa. Depois de ver as cenas de tortura, todas tiveram dificuldades para dormir, enjôo ou crises de choro.
Antes de exibir as imagens, Ratinho alertou aos pais que retirassem crianças da frente da TV, dizendo que aquelas seriam as cenas ‘mais violentas exibidas na TV brasileira’.
Não dá para entender o que o ministro da Justiça ainda espera ver o sr. Carlos Massa aprontar para tomar alguma providência que doa no bolso do irresponsável apresentador.
Se não existe algum tipo de penalidade para quem expõe uma menina de três anos à violação de sua dignidade na frente das câmeras, o ministro que trate de inventar uma.
E já que o senhor Gregori vai ter de botar a mão no Massa, digo, na massa, que tal criar alguma maneira de proteger o telespectador que deseja fazer seu ‘zapping’ sem correr o risco de dar de cara com um ‘snuff movie’ (filmes que mostram cenas reais de tortura e morte)?
Há alguns anos, em uma coletiva de imprensa, um deputado norte-americano tirou do bolso uma arma, enfiou o cano na boca e puxou o gatilho.
Se bem me lembro, nenhuma TV exibiu a cena até o final. Ratinho não existia na época. Mas, caso o fato ocorresse hoje, sabemos onde os telespectadores com atração pelo mórbido poderiam ver o suicídio na íntegra, não sabemos?"
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