Saturday, 21 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Antonio Machado

GLOBO EM CRISE

“Moratória da Globopar bota Quércia também na fila dos credores”, copyright Cidade Biz (www.cidadebiz.com.br), 29/10/02

“O ex-governador Orestes Quércia comemorou 2001 como um dos melhores anos de sua vida, mas 2002 lhe está sendo de amargar.

Ele perdeu a eleição para uma das vagas de senador por São Paulo, depois de ter passado quase toda a campanha apresentado pelos institutos de pesquisas como praticamente eleito.

Nem bem se passou um mês e recebeu outra bomba: a notícia da moratória da Globopar, que suspendeu o pagamento de suas dívidas por 90 dias enquanto tentará negociar condições mais favoráveis para retomar os pagamentos.

Quércia foi atingido pelo descompasso financeiro que abala a família Marinho. Quem lhe comprou, no ano passado, o seu Diário Popular, relançado como Diário de São Paulo, foi a Globopar.

Quércia vendeu o jornal por cerca de R$ 100 milhões, mais a assunção de outro tanto em dívidas, para receber em parcelas. Estava empregando parte desse capital na montagem de outro grupo de comunicação, encabeçado pelo relançamento do antigo jornal de negócios Diário Comércio & Indústria.”

“Desprotegida e com receita em reais, empresa sofre com a alta do dólar”, copyright Folha de S. Paulo, 29/10/02

“Da dívida de US$ 2,63 bilhões que a Globopar tinha em 31 de março, data do último balanço publicado, US$ 2,21 bilhões eram em moeda estrangeira, ou 84% da dívida. Neste ano, vencem US$ 562 milhões. No próximo dia 12 a empresa tem de quitar US$ 53,8 milhões em eurobônus.

Com esse perfil de endividamento, a Globopar vive um dilema comum a todas as empresas brasileiras endividadas em moeda estrangeira. Quitar débitos no momento em que o dólar está no pico das cotações, após subir 63% no ano, ou tentar esticar os prazos e voltar a fazer pagamentos dentro de alguns meses, quando o câmbio pode se acalmar após a posse do novo governo.

A disparada do dólar pegou a empresa desprotegida. Segundo analistas, a maior parte da receita da Globopar é em reais e haveria hedge (proteção cambial) apenas de uma pequena parte das dívidas de curto prazo. Além disso, a empresa passa por dificuldades de caixa, segundo analistas.

Em julho, a Standard & Poor?s rebaixou de ?B+? para ?B? os ratings de crédito corporativos da Globopar e da TV Globo. Segundo a agência de avaliação de riscos informou na época, ?o ambiente macroeconômico brasileiro hostil traz incertezas significativas sobre a possibilidade de as receitas com anunciantes se manterem nos níveis atuais, bem como a de o grupo levar adiante suas estratégias de negócios e financeira?.

Segundo analistas, o rating da Globopar deve ser rebaixado de novo após a decisão de ontem. Isso poderá dificultar mais as negociações de outras empresas brasileiras endividadas no exterior.

A Globopar informou que já está negociando com alguns dos seus credores e que contratou a Goldman Sachs para assessorá-la. ?Fomos contratados pela Globopar para ajudar na reavaliação do processo e na missão de atrair novos investidores no mercado externo?, limitou-se a dizer Andrea Rachman, porta-voz do Goldman Sachs em Nova York. (Colaborou Sérgio Dávila, de Nova York)”