IACS ? UFF
Carta divulgada pelo Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (Instituto de Artes e Comunicação Social ? Curso de Comunicação Social)
Diante da precariedade das instalações e condições de funcionamento dos laboratórios de ensino do IACS, essenciais a uma formação profissional de qualidade, nós, professores de Jornalismo, decidimos suspender, temporariamente, as aulas das disciplinas específicas (obrigatórias e optativas) que exigem o uso contínuo de equipamentos.
Alertamos que não tivemos outra alternativa diante do quadro de abandono dos laboratórios de computação ? que vêm se deteriorando nos últimos anos, sem qualquer reposição ou atualização ? das dificuldades para utilização dos laboratórios audiovisuais (sobretudo com a indisponibilidade de funcionários de apoio técnico) e da escassez de material de consumo para as aulas de fotografia.
Lamentamos esta decisão, mas é a única forma que nos resta de tentar sensibilizar as autoridades do IACS e da UFF para a precariedade dos nossos laboratórios, sobretudo o sucateamento dos computadores, situação que se agravou nos últimos três anos, com a política de descaso do atual diretor. Esclarecemos que esse quadro deplorável já foi devidamente levado ao conhecimento das instâncias superiores, incluindo o Reitor.
Embora seja o único "curso" do IACS atualmente sob o crivo da "avaliação do MEC", o ensino de Jornalismo vem sofrendo um processo de segregação dentro do Instituto, que se consubstancia no desinteresse da direção em atender às mínimas condições de trabalho dos seus professores. Os principais prejudicados são os estudantes, que se vêem privados de um ensino de qualidade. Em contrapartida, os maiores beneficiados são os detratores da universidade pública e as empresas que comercializam a educação. Estas podem alugar equipamentos e oferecê-los como chamariz para conquistar alunos que pagarão caro pelo diploma.
A maioria dos nossos atuais professores de Jornalismo graduou-se em universidade pública (no próprio IACS ou na ECO/UFRJ) e orgulha-se de integrar o corpo docente da UFF. Não podemos aceitar conformados a tentativa de desmoralizar um curso que, nos últimos 10 anos, sustenta a posição de segunda ou terceira maior relação candidato/vaga no vestibular, e que mantém a tradição de formar profissionais que se destacam nos diversos veículos de comunicação do país.
Sabemos distinguir entre a precariedade que é fruto da falta de verbas federais e a precariedade derivada do desleixo do administrador universitário de segundo escalão. Hoje somos vítimas das duas. No laboratório de informática número 2 (destinado a sala de redação), por exemplo, havia 20 computadores em funcionamento quatro anos atrás. Hoje só restam 13 e, destes, apenas três estavam em condições de uso até o final do semestre passado. Neste cenário, vocês, estudantes, são convidados a voltar ao jornalismo pré-industrial, redigindo textos e títulos a mão.
O curso de Jornalismo não é uma ficção e nós, professores de Jornalismo, não brincamos com a realidade. Ao contrário, fazemos dela nosso instrumento de trabalho, interpretando-a e criticando-a junto com os alunos. Por isso não podemos adotar um comportamento passivo. Devemos estar unidos para mostrar às autoridades que nosso curso não será destruído pela irresponsabilidade e falta de compostura de quem acredita que o jornalismo só serve para incensar estrelas e massagear o ego das vaidades.