NOTAS DE UM LEITOR
Luiz Weis
Nas últimas semanas, a mídia jogou duro com o "aparelhamento" do Estado pelo PT e aliados. Levantou uma massa de fatos que há de ter convencido os leitores de que o governo Lula "partidarizou" a máquina administrativa, já não bastasse a divulgação das conseqüências mais escandalosas dessa alegada prática, a exemplo da crise no Instituto Nacional do Câncer, no Rio.
Aí vem o presidente do PT, José Genoíno, em artigo no Estado de 13/9, a negar taxativamente o que jornais e revistas deram como verdades comprovadas. "Aparentemente, as matérias acusatórias não tiveram o mínimo de cuidado de fazer um levantamento criterioso dos números", rebate o ex-deputado.
Para ele, "o que está ocorrendo sob o governo do PT, na verdade, é uma diminuição do número de cargos de livre provimento".
Os números de Genoíno:
"Dos 17 mil cargos com função gratificada (cargos de carreira) que podem ser trocados pelas novas administrações, o governo Lula procedeu ao remanejo de apenas 13,79%. Para o total de cargos sem vínculo direto passíveis de ser remanejados, o novo governo nomeou apenas 23,3%. O governo Fernando Henrique Cardoso havia nomeado 27,1% do total. Ou seja, o governo Lula manteve intactos 76,7% desses cargos ? no governo Fernando Henrique, foram mantidos 72,9%."
Como ficamos? A imprensa deixou de usar "critérios e procedimentos capazes de assegurar a informação correta", no caso do aparelhamento, como rebate Genoíno, ou a numeralha que ele exibe é um sofisma para jogar areia nos olhos do público pagante?
Dado que o assunto é sério e o desmentido, vigoroso, era de desejar que a mídia, mais do que depressa, voltasse à carga ? quando menos para submeter ao raio X os números do petista. Como não o fez, ele ficou com a última palavra e o leitor ficou livre para achar que a imprensa aparelhou aos seus interesses a verdade dos fatos sobre a montagem do governo Lula.