Monday, 16 de September de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1305

Apartheid na mídia

MONITOR DA IMPRENSA


ÁFRICA DO SUL

A mídia sul-africana, amplamente dominada por proprietários brancos, foi acusada no dia 6 de maio por um grupo de proeminentes jornalistas negros de montar uma campanha de direita para ofender o presidente Mbeki. Um anúncio de página inteira pago por um grupo de acadêmicos, profissionais e advogados, no Sunday Times de Joanesburgo, afirmou que a mídia estava conduzindo uma campanha de desinformação contra Mbeki no estilo do apartheid, de acordo com reportagem de Michael Dynes [The London Times, 7/5/01].

"Há esforços constantes por parte da mídia para retratar da pior forma possível o país e seus líderes", disse o anúncio. O grupo acusou a mídia de criar uma plataforma para uma coalizão de direita, incluindo remanescentes da era apartheid. "Tão depravados, tão encobertos e tão aceitos têm sidos os ataques que até brancos de mente justa e patriótica começaram a se questionar sobre os motivos por trás das agressões."

Os jornais alegam que a crítica ao governo está no sangue de uma democracia saudável. Os ataques a Mbeki seguem-se às investigações policiais contra três políticos do Congresso Nacional Africano (ANC) que supostamente conspiravam pela renúncia do presidente.

THE WASHINGTON POST CO.

Donald E. Graham, diretor e executivo-chefe da americana Washington Post Co. alertou os investidores no dia 10 de maio sobre a queda brusca de anúncios na companhia nos primeiros meses do ano, com poucos sinais de melhora à frente.

O Washington Post, carro-chefe da empresa e maior gerador de renda, foi duramente atingido, segundo Christopher Stern [The Washington Post, 11/5/01]. "Continuamos procurando formas de economizar dinheiro, mas não podemos prometer uma reviravolta completa em termos financeiros", disse Graham. O Post declarou queda de 26% nos anúncios, e o declínio ficou mais severo nas últimas semanas. "Para abril e a primeira semana de maio, espera-se uma queda de 38% em comparação ao mesmo período no ano passado", afirmou o diretor.

O Post não está sozinho. A New York Times Co., a Knight Ridder Inc. e a Dow Jones & Co. anunciaram demissões para amenizar a recessão que a indústria enfrenta. Boisfeuillet Jones Jr., publisher e executivo-chefe do Post, disse que não há planos de demissões no jornal.

ASSOCIATED PRESS

Editores de jornais desde sempre temeram que seus recursos fossem utilizados por concorrentes. Foi assim nas décadas de 1830 e 1840, quando alguns deles se juntaram para formar a Associated Press e dividir custos dos barcos mais rápidos e dos pombos-correio. E foi assim também na semana passada, disse Felicity Barringer [New York Times, 7/5/01], depois de reunião da agência em Toronto, Canadá.

A velocidade hoje depende da largura da banda (nas conexões de internet), e a informação é carregada em forma de bits e pixels. O medo, no entanto, continua o mesmo. Qual a extensão e em que termos uma agência deve dividir com estranhos as notícias recolhidas por seus profissionais? Quantas notícias não alimentarão os concorrentes, roubando audiência e publicidade? Há outra questão: chegar primeiro continua essencial, e a Reuters está ganhando muito dinheiro vendendo notícias online. Ainda assim, a direção da AP hesita antes de concordar em vender notícias nacionais e internacionais na web.

A história da AP ensina que exclusividade exige respeito. Notícias locais e regionais exclusivas precisam, dizem eles, continuar intocáveis. No Canadá, no entanto, abriu-se o debate sobre a possível venda de uma pequena categoria de informações locais a um pequeno grupo de sites. O presidente da AP, Louis D. Boccardi, afirmou em entrevista na sexta-feira, dia 4, que jamais entrou em discussão a possibilidade de venda das notícias de propriedade exclusiva da AP, que passou a ser ainda mais requisitada após as demissões em jornais devido à crise. Ele explica: embora isso possa trazer mais lucros à empresa, a concorrência também sairia ganhando.


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