MONITOR DA IMPRENSA
VATICANO
"Blecaute ameaça Rádio Vaticano", copyright Jornal do Brasil, 11/4/01
"O ministro do Ambiente da Itália, Willer Bordon, assinou ontem à noite um decreto que autoriza a suspensão do fornecimento de energia elétrica à Rádio Vaticano se até a próxima segunda-feira a emissora do papa não cumprir a promessa de adequar-se à legislação italiana que fixa em 6 volts por metro as emissões eletromagnéticas de suas potentes antenas. Há quase dois anos, para ser ouvida em todo o mundo, as emissões produzidas pelas antenas da emissora são de 42 volts por metro.
O prazo dado pelo ministro Bordon foi sugerido pelo próprio diretor da Radio Vaticano, padre Federico Lombardi, e pelo porta-voz da Santa Sé, Joaquin Navarro-Vals. Ponderando que com um razoável entendimento se poderia resolver satisfatoriamente o problema criado pela alta exposição a campos magnéticos – sobre os quais pesa a suspeita de que causem casos de leucemia aguda entre as crianças -, padre Lombardi prometeu diminuir em sete horas, a partir da próxima segunda-feira, as transmissões noturnas em ondas médias, as mais nocivas, segundo especialistas.
Nas primeiras horas da noite de ontem, Navarro-Vals divulgou um comunicado que praticamente transformava em empenho da Santa Sé a sugestão de Lombardi. ?A Radio Vaticano reduzirá as próprias emissões com o propósito de levar em conta os limites fixados pelo decreto ministerial 381/98?, assegurou.
Racha ? Para discutir a questão que nos últimos meses provocou uma comoção no país, o primeiro ministro Giuliano Amato presidiu uma longa reunião com seu gabinete. Tornou-se evidente, então, uma nítida divisão entre os ministros da Saúde (Umberto Veronesi) e do Exterior (Lamberto Dini), que desaconselhavam o blecaute, e os ministros do Ambiente (Willer Bordon) e da Agricultura (Alfonso Pecoraro Scanio), dois expoentes do partido dos Verdes, que insistiam em aplicar a lei do país sem deixar-se intimidar pela importância de quem as desrespeita.
Bordon – um militante do Partido Comunista Italiano na juventude – argumentou com firmeza e coerência em favor do corte, e reafirmou que não estava lançando um ultimato, mas fazendo apenas o que um ministro tem o dever de fazer num país sério. Ou seja: ?Fazer com que a Rádio Vaticano respeite uma lei da Itália?."
CLIPPING PRESIDENCIAL
"O que o mundo pensa", copyright no. (www.no.com.br), 11/4/01
"Que ninguém tenha dúvida. Lá na Casa Branca, George W. sabe muito bem o que andam falando dele pelo mundo. Todo dia o Departamento de Estado, comandado pelo general Collin Powell, deposita em sua mesa um relatório com sumários críticos da imprensa internacional, ressaltando como os EUA são vistos. Sobre a crise com a China, por exemplo, o primeiro parágrafo da edição de 10 de abril ressaltava que ?os jornais oficiais chineses permaneceram concentrados na recusa americana de desculpar-se?. Em negrito, o texto continuava, constatando que ?críticas à posição dos EUA, no entanto, não estavam confinadas apenas aos jornais de Beijing, já que comentaristas em todo o mundo, em graus variados, viram culpa no lado americano?.
O relatório, que sai cinco dias por semana, vai para a rede e é lido por quem quiser. A edição sobre a crise chinesa, claro, buscou mais o noticiário asiático, sem no entanto descuidar de Europa, África e cá da América Latina. O Brasil está lá, representado pelo ?Globo?. Ganha destaque através de um editorial que alerta para o perigo de um ataque militar americano. ?O Globo? leva para casa também um adjetivo ? é ?conservador?, num mundo onde o ?Financial Times? de Londres é ?independente?, o ?Corriere della Sera? italiano é ?centrista? e o ?El País? espanhol é de ?centro-esquerda?. O ?Le Figaro? francês ganha a alcunha de ?centro-direita?.
Quem assina o relatório, um time espalhado pelas embaixadas e consulados americanos em todo o mundo, não tem um pingo de medo de irritar o chefe. O país é livre a sério e o trabalho é profissional. Dá até inveja. Sobre o rompimento do Protocolo ecologista de Kyoto, por exemplo, ganhou destaque a imprensa européia dizendo em ?refrão que os EUA colocaram seus interesses nacionais à frente dos do mundo, demonstrando ‘atitude irresponsável’ e ‘negligência inaceitável’ de suas obrigações?.
O que o relatório não cobre é a reação interna. O site MagnetBox.com, misto de revista eletrônica e lista de links, colocou no ar uma página de pedido de desculpas. ?Não estamos promovendo política nenhuma. Não somos pró-comunistas. Não apoiamos a invasão chinesa do Tibet. Sim, estamos preocupados com os 24 oficiais mantidos sob custódia e esperamos que voltem para casa a salvo. Queremos [apenas] pedir desculpas a todo o mundo.? A página chama-se ?We’re sorry? e está no ar há uma semana. Sua opinião sobre Bush não é generosa. Para os signatários, ele é ?estúpido?.
Na última contagem, 6.000 americanos assinaram a carta. Agora, o link para a página está começando a pipocar em tudo quanto é canto, ganhando as caixas postais eletrônicas de meio país."
Coerência histórica
Boa parte dos jornalistas russos que haviam montado trincheira contra a entrega da NTV estão abandonando a frente de batalha. Considerada uma das mais independentes do país, a emissora havia sido invadida para que fosse impedir sua venda à estatal do gás Gazprom. Quer dizer, isso enquanto era vista como ?independente?.
Num ataque de pelanca, um dos fundadores da TV, Oleg Dobrodeyev, tomou dos motinados o microfone para acabar com a frescura. A cobertura jornalística da guerra da Chechênia foi, disse, aliviada como favor ao Kremlin. Em troca, a estatal do gás botou um dinheirinho para também aliviar as dívidas.
Tal como manda a boa tradição russa."
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