Tuesday, 19 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Armando Antenore


FOLHA
, 80 ANOS

"Reportagens exclusivas marcam história", copyright Folha de S. Paulo, 18/02/01

"Há quem defenda, com razão, que jornais diários são mais perecíveis do que o leite matinal. No entanto mesmo os jornais às vezes superam o efêmero e oferecem reportagens que, por alterar o presente de maneira decisiva, acabam merecendo lembranças futuras.

Foi assim na manhã de 8 de agosto de 1986, uma sexta-feira. A Folha que chegava às bancas exibia manchete tão inusitada quanto preocupante: ‘Brasil prepara local de teste nuclear’. Inusitada porque revelava um segredo militar apenas 16 meses depois de os generais deixarem o poder. Preocupante porque as informações que trazia, embora contestadas pelas autoridades da época, mostraram-se verdadeiras.

O jornal contava que o governo brasileiro estava construindo instalações subterrâneas para provas nucleares e armazenamento de lixo atômico na Base Aérea da Serra do Cachimbo, sul do Pará. Um dos poços, com 320 metros de profundidade, já ficara pronto e custara cerca de US$ 5 milhões.

Como Janio de Freitas soube do caso Norte-Sul? ‘Mamãe deu a dica’, ironiza

Por ordem do Ministério da Aeronáutica, os profissionais que trabalhavam no ‘Projeto Pedra do Índio’, como o chamavam, deveriam guardar sigilo absoluto. Ocorre que a repórter mineira Elvira Lobato –ainda hoje contratada da Folha– conhecia muitos geólogos. Editara, no início dos anos 80, um periódico da categoria, batizado de ‘A Brecha’. ‘Certo dia, um daqueles geólogos, Arno Bertoldo, funcionário da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), me telefonou’, relembra a jornalista, que mora no Rio. Ele relatava a suspeita, expressa por dois engenheiros, de que a própria CPRM, uma estatal, fazia os poços com a Aeronáutica.

Elvira julgou que valia a pena investigar a história. Depois de duas semanas, localizou três técnicos que concordaram em lhe dar os detalhes do caso, sob a condição de se manterem anônimos. Não forneceram nenhum documento que comprovasse o que diziam. Alegavam que os militares costumavam queimar todos os papéis relativos à operação.

Num relatório de 25 páginas, Elvira passou para o jornal os dados que colhera. Outros repórteres receberam a incumbência de checar cada item com fontes das Forças Armadas em Brasília, São Paulo e São José dos Campos.

Mal saiu, a reportagem alcançou enorme repercussão, inclusive fora do país, e o governo tratou logo de refutá-la. Admitia que tocava obras na serra do Cachimbo, mas negava a intenção de realizar ali testes que objetivassem o desenvolvimento de armas nucleares (até porque o Brasil é signatário de acordo internacional que veta experimentos do gênero).

A confirmação oficial só veio em setembro de 1990, quando o então presidente Fernando Collor de Mello mandou lacrar o poço. ‘Considero aquela reportagem a mais importante de minha carreira’, avalia Elvira, 48, que exerce a profissão desde 1972. Ela, entretanto, não assinou os textos. Na ocasião, por razões de segurança, o jornal achou melhor não identificar as pessoas que participaram da apuração.

Se o nome de Elvira não apareceu, o do niteroiense Janio de Freitas, 68, ocupou o alto da primeira página em 13 de maio de 1987. O colunista da Folha começava assim a reportagem que azedou a quarta-feira de políticos e empreiteiros: ‘Foi fraudulenta e determinada por corrupção a concorrência pública, cujos resultados o governo divulgou ontem à noite, para construção da ferrovia Maranhão-Brasília (ou Norte-Sul)’.

A estrada em questão –menina-dos-olhos de José Sarney, o presidente da República na época– teria 1.570 km e despertava críticas de diversos setores da sociedade, que a julgavam excessivamente cara (o custo previsto beirava os US$ 2,4 bilhões).

Antes de a estatal Valec e o Ministério dos Transportes abrirem os envelopes com as propostas das 21 empresas que pretendiam executar a ferrovia, Janio já sabia quais as 18 que venceriam a licitação. Sabia também qual o lote da estrada que cada ganhadora iria construir. Era um jogo de cartas marcadas.

Como soube? ‘Mamãe deu a dica’, gosta de ironizar, sem nunca entregar o caminho das pedras. Para provar que realmente conhecia o resultado da disputa, Janio lançou mão de um artifício engenhoso.

Elaborou um anúncio que antecipava, em código, o nome dos vencedores e o fez publicar no Classifolha do dia 8 de maio –mais especificamente, na sugestiva seção ‘Negócios. Oportunidades’. Perdido entre ofertas de prensas hidráulicas e de massagens ‘for men’, o enigmático classificado fornecia várias combinações de letras e números. Por exemplo: L2A – QG e L3A – MJ. No dia 13, Janio explicou o significado de tais combinações: a empreiteira Queiroz Galvão (QG) construiria o lote 2A da ferrovia, e a Mendes Jr. (MJ) ficaria com o 3A.

‘Pensei, primeiro, em divulgar os códigos na seção de turfe’, recorda-se o colunista. ‘Quando sugeri, me alertaram: ‘Ô, Janio, a Folha não tem seção de turfe’.’

Um dia depois de a reportagem vir à tona, a Valec anulou a licitação, mas reabriu-a no mês seguinte. Hoje, dos 1.570 km planejados, nem 15% estão concluídos. Nenhum dos responsáveis pelas irregularidades sofreu punição.

Até o começo da década de 90, o jornalista aplicou método semelhante para desmascarar novas concorrências e negócios públicos. ‘Estourei uns 30’, calcula. Curiosamente, não julga aquela a melhor fase de sua carreira. Prefere os anos 50 e 60 –tempo em que se dedicava, no Rio, à remodelação de publicações como o ‘Jornal do Brasil’, a ‘Última Hora’ e o ‘Correio da Manhã’.

Pelo menos duas peculiaridades marcaram o caso Norte-Sul. 1) A edição da Folha com a denúncia só circulou em Brasília à tarde. Durante a manhã, corriam boatos de que o governo impedira o jornal de chegar à capital. Na verdade, havia motivo bem mais prosaico: o vôo que levava os exemplares de São Paulo para o Distrito Federal atrasou. 2) Apesar de ganhar destaque na primeira página e cinco prêmios, a investigação de Janio não mereceu a manchete principal do dia. Ficou abaixo de uma notícia que os editores consideraram mais relevante: ‘Bresser define a política de preços’. Alguém lembra de que se tratava?

Um certo Senhor X conta bastidores da reeleição

Outro colunista da Folha, o repórter Fernando Rodrigues, 37, que nasceu em São João da Boa Vista (SP), não cultiva superstições ‘nem tipo algum de crença metafísica’. Mesmo assim, não deixa de notar que, ‘dez anos depois de o Janio emplacar um tremendo furo’, ele, Fernando, repetiu a proeza. No dia 13 de maio de 1997 – ‘dez anos redondos, não é estranho?’–, assinava a manchete do jornal: ‘Deputado conta que votou pela reeleição por R$ 200 mil’.

A reportagem reproduzia diálogos gravados entre Ronivon Santiago (PFL-AC) e um certo Senhor X. O parlamentar confessava que se vendera. Ou melhor, esclarecia por que resolvera votar, em janeiro, a favor da emenda que permitiu ao presidente FHC candidatar-se à reeleição: a oferta de R$ 200 mil azeitou-lhe o voto.

Senhor X –que desfrutava de bom trânsito no Congresso e jamais teve a verdadeira identidade confirmada– colheu a confissão em diferentes encontros privados. Orientado por Fernando, registrou tudo disfarçadamente, num microgravador japonês, cedido pelo repórter.

As conversas renderam três fitas. Nas gravações, Santiago afirmava que os deputados acreanos João Maia, Zila Bezerra, Osmir Lima e Chicão Brígido também se tinham vendido. Apontava, ainda, os governadores Orleir Cameli, do Acre, e Amazonino Mendes, do Amazonas, como compradores dos votos.

No dia 14, Fernando retornou às manchetes com mais gravações realizadas pelo Senhor X. Dessa vez, era João Maia (PFL-AC) quem relatava a negociata na Câmara e envolvia o ministro Sérgio Motta, das Comunicações: ‘Aquele dinheiro (…) o Amazonino mandou trazer por ordem do… do… menino aqui, do Serjão’.

Todos os citados negaram participar do esquema. Santiago e Maia, porém, acabaram expulsos do PFL e renunciaram a seus mandatos. Deputados oposicionistas tentaram instaurar uma CPI para apurar o episódio, sem sucesso. Dezessete meses após a denúncia, FHC se reelegeu.

‘Reportagens investigativas desgastam demais’, diz Fernando, um especialista no gênero. E o autor das gravações, por que virou Senhor X? ‘Por razões estéticas’, explica o repórter. ‘A princípio, chamei-o simplesmente de X. Mas quando Josias de Souza (à época, secretário de Redação) viu as transcrições dos diálogos nas páginas ainda não impressas do jornal, achou que aquele X solitário ficava feio. Não caía bem graficamente. Propôs então: ‘Use Senhor X’.’

A altura da namorada de Paulo César Farias

No finalzinho de 1998, o mesmo Josias telefonou de São Paulo para a sucursal do Rio. Queria falar com o repórter Mário Magalhães, 36, carioca que se criou em Copacabana e está na Folha há quase dez anos: ‘Que tal se retomássemos o caso PC?’.

Paulo César Farias, o PC, tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor, morrera na madrugada de 23 de junho de 1996, em companhia da namorada, Suzana Marcolino da Silva. Cada um levou um tiro. Com base em laudo coordenado pelo médico-legista Fortunato Badan Palhares, a polícia de Alagoas (onde aconteceram as mortes) concluiu que Suzana assassinara PC e, depois, suicidara-se.

Havia, contudo, mais um laudo. Confeccionado por determinação da Justiça alagoana, colocava em xeque os argumentos de Badan, embora não conseguisse motivar a reabertura do inquérito policial.

Ao escutar a proposta de Josias, Mário se animou: o caso ainda possuía muitos nós a desatar. Em janeiro de 1999, viajou para Maceió à procura da documentação sobre as mortes. Permaneceu 11 dias na cidade. Deu prioridade à análise dos dois laudos divergentes. Uma pergunta o norteava: ‘Como um jornalista, sem conhecer balística, medicina legal e outros pormenores técnicos, poderá saber qual dos dois traz a versão correta?’.

Um artigo do próprio Badan, publicado na Folha em 1997, dava a pista. O médico explicava por que defendia a tese de assassinato seguido de suicídio. ‘A altura de Suzana é fundamental’, escreveu. ‘Estando errada, estará errado todo o resto –a começar pela trajetória do tiro.’

Badan sustentava que Suzana e o tesoureiro mediam, respectivamente, 1,67 m e 1,63 m. O laudo alternativo –que o legista procurava rebater com o artigo– aceitava os dados sobre PC, mas questionava as medidas da moça.

Mário resolveu checá-las. Em fins de fevereiro, voou novamente para Alagoas e ficou quase um mês por lá. Os frutos da garimpagem aterrissaram na primeira página de 24 de março: ‘Fotos derrubam laudo da morte de PC’.

Recolhidas com informantes que o repórter preserva incógnitos, as fotografias mostravam que Suzana era bem mais baixa do que o namorado. Tinha menos de 1,60 m.

A reportagem provocou o reinício das investigações. Ao longo do ano, em parceria com dois colegas da Agência Folha (Ari Cipola e Paulo Peixoto), Mário produziu outros textos que fomentaram as dúvidas sobre as proposições de Badan. O inquérito reaberto acabou indiciando nove pessoas sob a acusação de duplo homicídio: oito ex-funcionários de PC e o deputado Augusto Farias (PPB-AL), irmão do tesoureiro.

Hoje, os oito ex-funcionários respondem a processo na Justiça de Alagoas. Como tem imunidade parlamentar, Augusto dispõe de fórum privilegiado –daí estar sob investigação da Procuradoria Geral da República. O Ministério Público Federal apura, ainda, se houve má-fé no laudo de Badan.

Foto exclusiva registra violência

No dia 30 de janeiro de 1997, o fotógrafo Moacyr Lopes Junior resolveu ir trabalhar uma hora mais cedo e mudou seu caminho habitual. Quando passava pela rua Amaral Gurgel, viu um policial armado correndo atrás de um garoto. Começou a fotografar enquanto o PM arrastava o menino e o agredia. Uma sequência de seis fotos foi publicada na Folha, e o trabalho lhe rendeu três prêmios.

Uma entrevista sem papel nem gravador

Tino de detetive, enredos intrincados e uma rede de testemunhas anônimas. Pelo que se viu, parecem ser esses os elementos de que um jornalista precisa para dar um furo histórico. Às vezes, no entanto, uma única entrevista alcança o mesmo efeito. Getulio Bittencourt e Haroldo Cerqueira Lima –os repórteres da Folha que assinavam juntos as manchetes dos dias 5 e 6 de abril de 1978– deflagraram considerável rebuliço político por causa de um encontro de 95 minutos, em Brasília, com o general João Baptista Figueiredo.

Ministro-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), o militar se preparava para suceder ao presidente Ernesto Geisel. Recebeu os jornalistas às 16h40 do dia 4, em seu gabinete no Palácio do Planalto. Logo de cara, avisou: ‘O que nós vamos ter aqui é uma conversa, não uma entrevista’. Os repórteres, se quisessem, poderiam relatar o diálogo no jornal. Só que não podiam anotá-lo nem gravá-lo.

Na manhã seguinte, a primeira manchete – ‘Exclusivo: fala Figueiredo’. No dia 6, a segunda: ‘Privatizar é tarefa difícil’. Dividida em duas partes, a ‘conversa’ com o general se estendeu por um total de quatro páginas. E saiu na forma de ‘pingue-pongue’ (perguntas e respostas completas).

Quem leu tudo experimentou, sim, a sensação de uma entrevista –informativa, dura e franca, em que Getulio e Haroldo não raro discordavam de Figueiredo. Num dos trechos, por exemplo, travava-se um debate sobre o modelo político francês. Os jornalistas chamavam-no de democrático. O general contrapunha: ‘Há gente que não acha que isso é democracia’. E os repórteres: ‘O resto da humanidade reconhece que o sistema francês é democrático’. ‘Pois eu não acho’, insistia o futuro presidente.

Em outros momentos, Figueiredo empregava termos pouco elegantes e passava uma imagem demasiadamente tosca de si próprio. ‘Durante muito tempo, o gaúcho foi gigolô de vaca’, disparou, enquanto discorria sobre reforma agrária e criticava o fato de o Rio Grande do Sul ter reservado os pampas quase exclusivamente à pecuária.

Assessores do militar não gostaram nada de ver o general retratado de maneira tão crua. Telefonaram de imediato para a direção da Folha. ‘Não questionavam o conteúdo da conversa, que expressava exatamente o que ocorrera no encontro, mas diziam que os repórteres haviam enganado Figueiredo, que o gravaram às escondidas’, lembra Boris Casoy, 60, o então editor responsável do jornal. ‘Acontece que Getulio –um jovem promissor de 26 anos– transcreveu as frases de memória, com uma precisão assombrosa.’ Batia os trechos à máquina, e Haroldo ia conferindo.

A façanha –que rendeu à dupla o Esso de Jornalismo, o principal prêmio da categoria– soa mesmo inverossímil. A entrevista somava 111 intervenções dos repórteres, contando perguntas e contra-argumentos. Extensas, algumas respostas de Figueiredo incluíam vários números.

‘Acredite: realmente reproduzi a conversa de cabeça’, sustenta Getulio, 49, mineiro de Tarumirim, que hoje edita o site ‘Panorama Brasil’. ‘Desde menino, treino muito a memória. Já cheguei a decorar a filmografia inteira do diretor John Ford, com mais de cem títulos. Sabia o nome dos atores, dos roteiristas e dos músicos de cada produção.’"

"Folha premia série sobre eleição de FHC e foto", copyright Folha de S. paulo, 17/02/01

"As reportagens sobre a omissão de doações na declaração de gastos eleitorais do presidente Fernando Henrique Cardoso e a foto do conflito nas comemorações dos 500 Anos do Descobrimento dividiram o Grande Prêmio Folha de Jornalismo do ano 2000.

É a primeira vez que uma fotografia recebe o Grande Prêmio, concedido desde 1993 aos melhores trabalhos produzidos por profissionais da Empresa Folha da Manhãatilde; S/A, que edita a Folha e o ‘Agora São Paulo’. No ano 2000, concorreram 314 trabalhos.

Os repórteres Andréa Michael, 31, e Wladimir Gramacho, 29, passaram 73 dias investigando a prestação de contas de FHC na campanha de 1998, e obtiveram provas de que o comitê do presidente foi abastecido por um caixa-dois. Essa movimentação estava identificada em uma planilha eletrônica sigilosa preparada pela tesouraria da campanha, revelada pela Folha no mês de novembro.

‘Começamos a apuração sem saber da existência da planilha eletrônica’, disse Gramacho. Segundo Andréa, a coligação governista arrecadou e não declarou pelo menos R$ 10,12 milhões.

Descobrimento

A foto premiada foi publicada em 23 de abril e mostra o índio terena Gildo Jorge Roberto deitado entre policiais da tropa de choque da PM da Bahia durante os protestos nas comemorações dos 500 anos do Descobrimento, em Porto Seguro. ‘Foi a terceira tentativa do índio de ficar entre os policiais. Nas duas primeiras, ele foi retirado. Na terceira, o comandante deu ordem para os policiais marcharem e eles passaram por cima dele’, disse Lula Marques, 39, autor da foto. Embora mais de 50 fotógrafos acompanhassem o protesto, só Marques registrou o fato.

Além do Grande Prêmio, foram distribuídos outros seis. Antonio Góis e Paulo Daniel Farah venceram na categoria Reportagem.

Góis, 25, relatou a vida de crianças com talentos especiais, algumas com características de superdotados, mas que por serem de famílias pobres não recebem apoio. As histórias dos pequenos gênios foram publicadas em 26 de março. ‘Um amigo me contou a história de um garoto que sabia fazer de cabeça cálculos matemáticos complicados e que trabalhava vendendo picolés em um posto de gasolina no interior de Goiás. Fui para lá sem ter falado com o garoto. Um mês depois tinha a matéria publicada’, contou Góis.

Farah foi ao Oriente Médio cobrir os confrontos entre israelenses e palestinos. Mostrou como os conflitos nas ruas acabaram ameaçando o processo de paz e fragilizando tanto o primeiro-ministro de Israel Ehud Barak como o líder da OLP, Iasser Arafat.

Brincadeiras

Na categoria Edição, a vencedora foi Sylvia Colombo, com o caderno especial ‘Brincadeiras’, de 16 de abril. O caderno, que mostrou a sobrevivência de jogos tradicionais, também recebeu o prêmio na categoria Especial. Foram premiados Guilherme Werneck, Mônica Costa e Marilene Felinto.

Na categoria Serviço, venceu a série de cadernos ‘Folha Praia’, editados por Luiz Caversan, Célia Almudena, Camila Tosllo e Alessandro Tarso de janeiro a março.

A colaboradora Renata Buono ganhou o prêmio na categoria Arte pela capa do caderno ‘Mais!’ de 16 de janeiro, com montagem de fotos de Macau e China.

Duas fotos dividiram o prêmio na sua categoria. Luiz Bittencourt foi premiado com a imagem do sequestrador Sandro do Nascimento, detido após manter como reféns passageiros de um ônibus no Rio. A foto do sequestrador sendo jogado no camburão é a última dele com vida: Nascimento foi asfixiado dentro do carro.

Ana Carolina Fernandes foi premiada na categoria Fotografia com a foto de alunas da última turma do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, as normalistas que foram personagens de crônicas de Nelson Rodrigues.

A Comissão Julgadora foi formada por Carlos Eduardo Lins da Silva, diretor-adjunto do jornal ‘Valor’; os colunistas da Folha Moacyr Scliar e Barbara Gancia; a ombudsman Renata Lo Prete; e Ana Estela de Souza Pinto, editora de treinamento."

"A jovem octogenária", copyright Época, Edição 144, 19/02/01

"De vespertino produzido artesanalmente por uma equipe de dez pessoas a sócia do clube dos grandes jornais da América Latina – essa foi a trajetória percorrida pela Folha de S.Paulo nos últimos 80 anos. A primeira edição do diário criado por Olival Costa circulou em 19 de fevereiro de 1921. Batizada de Folha da Noite, era leitura habitual de comerciários e funcionários públicos no percurso de bonde do trabalho para casa.

Passadas oito décadas, Octavio Frias de Oliveira, atual proprietário do jornal, que desde 1960 adotou o título Folha de S.Paulo, orgulha-se do que define como características principais do veículo. ‘São a independência e o apartidarismo’, diz. ‘Crescemos por obedecer a esses princípios.’ Envaidecido, informa que a tiragem atual chega a 450 mil exemplares nas edições de segunda a sábado e a 600 mil aos domingos.

A Folha da Noite nasceu com tendências liberais. Alinhavou-se com o Partido Democrático, de oposição ao governo Epitácio Pessoa (1919-1922). Sete anos depois, aderiu ao presidente Washington Luís. Em 1931, Octaviano Alves de Lima, crítico do Estado Novo implantado por Getúlio Vargas, comprou as ações do grupo. Vendeu-as, 14 anos mais tarde, a José Nabantino Ramos.

Em 1962, quando Frias, associado ao amigo Carlos Caldeira Filho, adquiriu a empresa, decidiu investir em infra-estrutura industrial. A Folha foi pioneira na impressão em ofsete (1967) e na composição a frio (1971). ‘Era um caminho sem volta’, avalia Frias. A independência política cobrou seu preço. O governo militar ameaçou fechar o jornal em 1977 e, em 1990, o então presidente Fernando Collor determinou uma devassa fiscal na empresa em represália às críticas. ‘Naquele momento, provou-se que Collor não correspondeu aos votos confiados a ele, mas a Folha estava à altura do momento histórico’, avalia o jornalista Mario Sergio Conti, autor de uma das reportagens da edição especial dos 80 anos, que circula no domingo 18. O cientista político André Singer, que escreve parte da história do jornal, acrescenta: ‘A Folha, hoje, tem peso político’.

A sagacidade que levou o ex-contínuo da Companhia de Gás de São Paulo a se tornar empresário de comunicação permite a Frias, agora, preparar a Folha para uma nova onda de transformações. ‘O jornal impresso terá de se adaptar para enfrentar a concorrência da notícia on-line’, afirma. Afastado da direção do jornal depois de cuidar da sucessão – um dos filhos, Otavio Frias Filho, assumiu o controle editorial, e outro, Luís Frias, o comando financeiro -, Frias encara o futuro de olho nos negócios de comunicação do mundo virtual."

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