ARTIGO 222
"Investimento publicitário deverá cair", copyright Valor Econômico, 23/02/01
"A fusão do Zip.Net com a operação do UOL deverá provocar uma redução de investimento publicitário total. Mesmo mantendo-se como uma marca independente de UOL e BOL, a Zip.Net tende a perder importância estratégica e provavelmente terá sua verba de marketing reduzida. ‘Para o mercado publicitário, essa fusão é péssima a curto prazo’, disse ao Valor o publicitário que atende a um dos portais de maior audiência na internet brasileira. Para ele, a empresa dará prioridade total à marca UOL.
Segundo o Ibope Monitor, o UOL foi o 22º maior anunciante do país no ano passado, com gastos de R$ 82,6 milhões em mídia. Embora não esteja entre os 30 maiores, o Zip.Net injetou R$ 29,8 milhões, um volume alto.
Pegas de surpresa, as agências de publicidade envolvidas não comentaram o negócio. Ainda não há confirmação de campanhas de esclarecimento da fusão."
"Sócios terão de decidir se acompanham movimento de aumento de capital", copyright Valor Econômico, 23/02/01
"Os sócios do Universo Online estão em silêncio. O grupo Abril e a série de bancos de investimento que participam da empresa não se pronunciaram ontem sobre a união entre o UOL e a operadora Portugal Telecom.
A grande questão que essas empresas enfrentam agora é se vão ou não acompanhar o aumento de capital que está sendo feito para que a PT Multimedia entre como sócia do provedor.
A decisão de ter um novo sócio e fazer um aporte foi uma iniciativa do grupo Folha, que detém o controle do Universo Online. O acordo final com a PT MultimediaMultimídia foi fechado ainda na quarta-feira, mas os últimos preparativos entraram pela madrugada da quinta-feira.
Segundo uma fonte próxima das negociações, o presidente do UOL, Luís Frias, e o diretor Corporativos de Desenvolvimento de Negócios, Eduardo Alcalay, foram os responsáveis pelo desenho do negócio. Tudo foi tratado com muito sigilo.
Apenas um grupo restrito de executivos ficou sabendo que as conversações existiam, e a maioria deles não conhecia detalhes do que estava sendo tratado. Para a maioria dos funcionários, a notícia foi revelada já na empresa ou por telefone, na manhã de ontem – apenas alguns foram avisados na noite de quarta-feira.
Mesmo alguns sócios do UOL Inc. dizem que não sabiam o que estava ocorrendo. Pelo menos um dos bancos que investiu na empresa disse ao Valor que ficou conhecendo o teor do negócio apenas pela imprensa.
O presidente do UOL garante que todos os sócios foram comunicados sobre o acordo e que agora começam a ser detalhados o papel de cada um deles na transação . ‘Para nós, o melhor é que todos acompanhem o aumento de capital’, diz Frias. ‘É o que queremos.’
Antes do acordo com a PT Multimedia, a Folhapar, que representa o grupo Folha no UOL, detinha 70% das ações com direito a voto e 43,75% do total da empresa. A Abril tinha o mesmo número de ações sem direito a voto e os restantes 30% no controle.
Os outros 12,5% do total de ações está nas mãos do Morgan Stanley Dean Witter & Co. e de uma série de outros fundos, como o Blackstone Capital Partners III e o Providence Equity Partners Inc. .
No conselho da empresa, esses investidores minoritários tinham um assento, a Abril tinha dois lugares e a Folha, cinco.
De acordo do Eduardo Alcalay, caso nenhum desses sócios queira acompanhar o anunciado, a Folha continua como a grande controladora da companhia, com 60,1% da ações com direito a voto. A maior diluição seria da Abril, cuja participação cairia de 30% no capital votante para 21,9% – ligeiramente acima dos 17,9% da Portugal Telecom. No controle total, ela cairia de 43,7% para 31,5%. Esse é um nível que a própria Abril já definiu como interessante.
Seja qual for a postura dos sócios a partir de agora, os analistas acreditam que a jogada feita pelo Universo Online foi uma grande tacada para a empresa e deverá ser bem aceita por todos eles."
"Telefónica vira sócia indireta do provedor", copyright Valor Econômico, 23/02/01
"A Telefónica, que controla o portal Terra Lycos, o segundo maior do Brasil em número de assinantes, acaba de virar sócia, por tabela, do maior provedor do Brasil. A participação do grupo espanhol na Portugal Telecom, que passa a deter 17,793% do UOL, deverá crescer para 10% no dia 23 de abril.
Na assembléia marcada para abril, o conselho da Portugal Telecom vai avaliar a joint-venture entre a empresa e a Telefônica Celular no Brasil. Os dois grupos anunciaram, em janeiro, a união de suas operadoras de telefonia móvel no país, para formar uma empresa com 9,3 milhões de assinantes. Nesse acordo, as empresas decidiram aumentar suas participações cruzadas – e a Telefónica deverá passar a ter 10% do grupo português. Além disso, o acordo foi visto como o primeiro passo para que os grupos se unissem em outros negócios no mercado mundial.
Separadas, as empresas têm uma participação relevante no mercado: a Telefônica faturou cerca de R$ 9 bilhões no Brasil, em 2000, e conta com 12 subsidiárias no país. A Portugal Telecom, por sua vez, controla a Telesp Celular – maior operadora de telefonia móvel do país, que encerrou 2000 com 4,3 milhões de assinantes. Sua subsidiária PT Prime investiu R$ 560 milhões, em dezembro, para comprar as redes do Itaú e do Bradesco e entrar no mercado de dados."
"Tacada certeira traz tranqüilidade", copyright Valor Econômico, 23/02/01
"O UOL andou divulgando, nos últimos dias, um comunicado oficial com um apanhado de números e uma mensagem clara: sua liderança no mercado brasileiro não tem precedentes em nenhum outro lugar do mundo.
Os números de audiência e o cartel de assinantes davam força à tese. O conteúdo, disparado o mais completo no Brasil, também servia de argumento. A gama de serviços oferecidos pelo provedor e seus agregados ocupava todas as brechas do mercado (do e-mail gratuito à banda larga), outro fortificante para seu discurso auto-afirmativo.
Faltavam duas coisas para o comunicado do UOL poder ser encarado como um real manifesto de superioridade: um sócio estratégico e muito dinheiro para combater seus dois únicos concorrentes de verdade, a America Online e o Terra Networks – dois gigantes internacionais com orçamentos monumentais.
Não faltam mais. Com mais US$ 200 milhões em caixa e o suporte português, o UOL deixa no passado rumores sobre suas dificuldades financeiras e pode se concentrar unicamente na manutenção de seu confortável posicionamento no mercado.
Um movimento de captação do UOL era esperado (e articulado) há tempos. A derrocada das ações de tecnologia, iniciada há um ano, estragou os planos do provedor de abrir seu capital. Um sócio estratégico seria a saída óbvia. Mas a desvalorização das pontocom e a insistência dos controladores em manter o domínio acionário restringiam os planos.
A tacada com a Portugal Multimedia foi certeira. O bolo de audiência, que já é enorme, cresce com a fusão com o Zip.Net, um portal simpático à parcela mais jovem dos internautas, e o caixa está recheado. Agora só falta dar lucro."
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