"Grupo Abril prioriza conteúdo e corta títulos", copyright Valor Econômico, 5/10/01
"O Grupo Abril promete passar por um grande redirecionamento estratégico nos próximos meses. O Valor apurou que a consultoria Booz-Allen finalizou o trabalho de reestruturação da companhia, em curso há um ano, com o objetivo de reduzir 30% das despesas operacionais da corporação.
O relatório final da consultoria sugere que a editora se volte à sua vocação original de geradora de conteúdo, desfazendo-se de negócios em infra-estrutura. Mas não sem antes cortar publicações.
Oficialmente, a Abril já descontinuou os títulos ?Horóscopo? e ?Revista da Web?, que será transformada em suplemento de outras publicações da casa. Uma fonte ligada à cúpula da Abril garante, no entanto, que os cortes podem ser mais profundos. A Booz-Allen teria recomendado também o fechamento das revistas ?Tudo?, ?Placar? e da ?National Geographic?.
O corte incluiria ainda ?filhotes? da ?Manequim? e a recém-lançada ?Meu Dinheiro?, que se tornaria suplemento da ?Exame?. O grupo Abril não comenta a informação e declara que não há previsão de fechamento de títulos e tampouco demissão de funcionários.
Além do enxugamento editorial, a companhia iniciou negociações com a Quebecor para a venda de seu parque gráfico, em São Paulo. A empresa canadense já é parceira da Abril em Recife (PE), onde tem uma gráfica que imprime os títulos da editora que circulam no Nordeste. A distribuição não muda, ao menos por enquanto.
Outra área em aberto da companhia é a da internet. A PT Telecom manifesta interesse em vender sua participação de 33% da Idealyze. Ao associar-se ao UOL, por meio da PT Multimídia, ela não vê mais sentido em ter as duas parcerias.
Todas as decisões serão tomadas no momento em que a Abril procura um novo presidente executivo. Ophir Toledo, que nos últimos 18 meses liderou a reestruturação da companhia, deixou o posto na noite da quarta-feira. Ele fica no conselho da empresa, mas deve voltar aos Estados Unidos, onde atuou em empresas como Hewlett-Packard e Motorola.
O cargo foi ocupado interinamente pelo presidente Roberto Civita, o vice-presidente executivo José Augusto Moreira e o vice-presidente executivo e diretor editorial Thomaz Souto Corrêa."
"Abril: frustração com Idealyze motivaria saída do UOL", copyright Globonews / Reuters, 5/10/01
"Além de receber em dólar, algo importante frente à acentuada desvalorização do real, a Abril estaria motivada a se desfazer de parte do UOL também por estar frustrada com seus negócios de internet, já que ainda não conseguiu ganhar dinheiro com suas operações online, de acordo com fontes da empresa.
No ano passado, a Abril iniciou sua primeira incursão ponto.com independente de sua estrutura operacional e fora do UOL, ao criar a empresa de internet Idealyze, especializada na criação de portais verticais. A Portugal Telecom, por meio de sua subsidiária PT Multimédia adquiriu 33% da Idealyze em dezembro passado, ao preço de US$ 29,3 milhões, o equivalente a US$ 15 milhões na época.
Mas a Idealyze não cumpriu com as expectativas da empresa e seus dois portais, o TCINet (de tecnologia) e o Paralela (voltado ao público feminino), foram incorporados pela Abril.
Em visita ao Brasil nesta semana, o presidente da Portugal Telecom, Francisco Murteira Nabo, se reuniu com representantes do grupo Abril. Sem dar muitos detalhes, Nabo limitou-se a dizer em entrevista à imprensa que sua companhia busca ?uma situação de compatibilização com o UOL?."
"Venda de gráfica aliviaria dívidas da Abril", copyright Cidade Biz (www.cidadebiz.com.br), 5/10/01
"A Editora Abril retomou um antigo projeto para fazer caixa e enfrentar o pesado ônus de seu passivo em dólar, cada vez mais difícil de carregar devido aos ajustes cambiais: a venda de sua gráfica paulistana, situada na Marginal do Tietê.
No começo do ano, a Abril tinha 70% de sua dívida expressa em dólar – cerca de 450 milhões. De la para cá, o dólar já acumula uma valorização de 40,4%.
A Abril ainda não bateu o martelo, mas conta, desde já, com o alívio financeiro que a aventada venda de seu parque gráfico paulistano pode lhe propiciar. As negociações, segundo a área de divulgação da empresa, estão apenas no começo.
O provável interessado é o grupo canadense Quebecor, o segundo maior do ramo gráfico do mundo, que já é sócio da Abril numa gráfica satélite no Recife – onde a editora imprime todas suas publicações destinadas para o Norte e Nordeste.
A Donnelly, sócia no Brasil da Globo numa gráfica em Vinhedo, interior de São Paulo, e número 1 do setor no mundo, também já fez seu due diligence tempos atrás, mas achou o parque da Abril em São Paulo defasado.
Na verdade, o que menos interessa para estes gigantes é o estado dos equipamentos, mas a garantia por contrato de imprimir os quase 10 milhões de exemplares de revistas distribuídos pela Abril a cada mês.
As conversas, segundo o presidente da Abril, Roberto Civita, podem resultar numa associação ou a mesmo na venda da gráfica a algum grupo estrangeiro."
***
"Ophir se demite da Editora Abril", copyright Cidade Biz (www.cidadebiz.com.br), 4/10/01
"Como que um retorno às origens, a Editora Abril volta a ser dirigida pelo mesmo triunvirato que a levou à segunda posição no ranking das maiores empresas de comunicação do país. O último não ?abriliano? da cúpula, o até então presidente executivo da empresa, Ophir Toledo, demitiu-se ontem e não deverá ser substituído tão cedo.
Antes de Ophir, que ficou apenas 18 meses no cargo, já haviam saído o vice-presidente de Finanças e o vice-presidente de Publicações, Gabriel Rico. No processo, mas aparentemente sem ligações de causa e efeito, está o plano desenvolvido pela consultoria Bozz Allen para reformular a estrutura organizacional do grupo.
Com as mudanças, Roberto Civita, presidente do Conselho de Administração, volta à direção executiva da Abril. Que continuará partilhando com seus dois mais fiéis escudeiros, ambos com 36 anos de empresa e vice-presidentes executivos: Thomaz Souto Corrêa, gestor do editorial, e José Augusto Pinto Moreira, responsável pelas áreas de finanças e administração (e também pela supervisão da TVA).
Dois dos três filhos de Civita que estão na estrutura devem ganhar mais espaço: Giancarlo Civita e Victor Civita Neto.
Um curto comunicado assinado por Civita informa que ?Ophir foi responsável pela implantação de uma nova estrutura organizacional, que está resultando numa melhor integração das diversas operações do grupo?. O executivo deve continuar no conselho consultivo do grupo."