MUDANÇAS NA ABRIL
"Abril prepara sucessão e revê ativos", copyright Valor Econômico, 16/10/01
"Roberto Civita, 65 anos, começa a se preparar para passar adiante o bastão da presidência do Grupo Abril, herdado do patrono Victor Civita. E não necessariamente para um de seus filhos. Em 1? de novembro assume como presidente-executivo da grupo Maurizio Mauro, de 52 anos, substituindo Ophir Toledo. Mauro é ex-presidente da Booz-Allen no Brasil, consultoria que há um ano está imersa nos negócios da corporação.
?Ele não será apenas um sucessor, mas meu alter-ego?, diz Civita. Toledo, segundo ele, cumpriu bem a missão de reestruturar a empresa, mas seu papel estava mais ligado ao dia-a-dia. O próximo passo é, com o apoio de Mauro, preparar uma nova geração de líderes. ?Quero em cinco anos ter cinco opções de presidente e por isso vou dedicar pessoalmente até metade do meu tempo na formação de profissionais?, destaca.
O tema da sucessão aparece no momento em que o grupo tem como máxima prioridade o equilíbrio de contas. Segundo o balanço de 2000, a companhia tem um passivo de curto prazo de R$ 970,1 milhões e débitos de longo prazo de R$ 407 milhões, contra um patrimônio líquido de R$ 13,5 milhões.
O resultado é preocupante, uma vez que a empresa prevê uma perda entre 3% e 4% em sua receita com publicidade, uma de suas principais fontes de recursos. Com débitos elevados em dólares – dois terços do total, segundo Civita – a situação se complica ainda mais.
?Temos que acabar com esse alto endividamento de qualquer jeito, seja com corte de custos, venda de ativos ou abertura do capital?, diz Civita. Sobre o enxugamento, o presidente do Grupo Abril afirma que não está ?nem perto? do corte de 30% nos gastos operacionais anunciado em fevereiro. Mas os cortes devem continuar. ?Ainda temos muita duplicidade de processos na operação?, explica.
Sobre a possibilidade de fechamento de publicações como ?Placar?, ?Meu Dinheiro? e ?Tudo?, conforme publicado pelo Valor na edição do último dia 5, Civita afirmou que o desempenho dos títulos ?está em constante avaliação de resultados?. ?Todas as revistas têm um ciclo de vida, já fechamos algumas e podemos fechar outras, isso é normal?, resume. A ?Meu Dinheiro? continua entre as prioridades da companhia, mas a ?Placar? tem um desempenho reconhecidamente abaixo das expectativas. ?Há 30 anos tentamos fazer uma semanal para os apaixonados em futebol, mas ainda não conseguimos achar o caminho certo?, afirma o presidente da Abril.
Entre os ativos que podem ser vendidos para gerar caixa está na mira do grupo a gráfica de São Paulo. A empresa vem negociando a venda para a Quebecor, sua parceira para impressão no Nordeste, mas admite que a finalização do negócio deve demorar. Pesam duas questões: o preço do parque e as condições do contrato de prestação de serviços, uma vez que a Editora Abril seria praticamente a única cliente da Quebecor por um bom tempo ainda. ?E o preço de impressão precisa ficar, no mínimo, igual ao de hoje?, avisa Civita.
Focado em conteúdo, o grupo também pensa em se desfazer de outras áreas que não influenciem o produto final, como distribuição. ?Não vejo problema em terceirizar a parte logística, desde que o relacionamento com os canais continue sob nosso controle?, aponta Civita."
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"PT Telecom incorpora ações do UOL", editorial copyright Valor Econômico, 16/10/01
"Enquanto analisa a venda de ativos, o Grupo Abril começa a fazer acertos com seus sócios. O primeiro é na área de internet. A empresa decidiu incorporar a incubadora Idealyze à Abril.com. Com isso, precisa compensar a sócia PT Telecom, que tinha 33% do negócio, mediante um aporte de US$ 15 milhões em 2000.
A PT Telecom vai receber, em troca, cerca de 25% da participação do Grupo Abril no portal Universo Online. Atualmente, o grupo detém 35% no portal. Como a PT Telecom já possui 17% do UOL, capital adquirido com a incorporação do Zip.Net à operação, sua participação aumentará para cerca de 26% do total. ?Esse repasse deve ser finalizado nas próximas duas semanas, estamos nos detalhes jurídicos?, diz o presidente do Grupo Abril, Roberto Civita.
Ela nega, no entanto, que a empresa esteja, aos poucos, desistindo da internet. ?Assim como todo mundo, mas até em menor proporção, ficamos impressionados com um negócio que prometia dinheiro fácil e gastamos mais que devíamos?, diz Civita.
A meta agora é trabalhar a internet como uma extensão para oferta de conteúdo, e não um negócio em si. Embora o grupo olhe para todos os lados em busca de mais rentabilidade, seu maior ?encalhe? continua sendo a TVA.
Com baixas perspectivas de crescimento, o negócio da TV por assinatura ficou caro demais. Responsável por boa parte do endividamento em dólar da companhia, a TVA precisa de um sócio estratégico a toque de caixa. Mas o maior problema é encontrar comprador. Civita vem conversando com empresas de telefonia e de internet e até achar um sócio, busca novas formas de receita, principalmente com o aluguel da rede de cabos da TVA para serviços de telecomunicações."
JB & TERRA LYCOS
"?Jornal do Brasil? e Terra unem-se na internet", copyright Valor Econômico, 18/10/01
"O ?Jornal do Brasil? e o portal Terra Lycos anunciaram ontem, no Rio de Janeiro, uma parceria na área comercial e de conteúdo. Pelo acordo, a empresa de internet do grupo Telefônica de Espanha será responsável pela hospedagem do site de notícias JBOnline, que passará a ser um canal de notícias exclusivo do portal Terra.
Além da aliança no campo de conteúdo, as duas companhias também farão promoções conjuntas para venda de assinaturas (jornal e acesso à web). O objetivo do JB e do Terra Lycos é ampliar em mais de 60% suas respectivas bases de assinantes no Rio ao longo dos próximos 12 meses.
?Vamos criar um novo ?mix? de produtos para a área de publicidade?, explicou Antonio Camilo, diretor regional do Terra responsável pelos mercados do Rio e do Espírito Santo. Serão oferecidas aos anunciantes oportunidades casadas, mesclando as duas mídias (internet e jornal impresso).
?A parceria não passa apenas pela área de conteúdo?, frisou Camilo, lembrando que o Terra contribuirá ainda na área de tecnologia. Embora reconheça que a parceria resultará em investimentos, o presidente do ?Jornal do Brasil?, José Antônio do Nascimento Brito, não quis revelar os valores envolvidos no negócio.
Uma das primeiras iniciativas comerciais resultantes da aliança será a estratégia de oferecer descontos na assinatura do JB para clientes do Terra e vice-versa. De um modo geral, as iniciativas comerciais e de marketing estarão centradas no Rio, em São Paulo e em Brasília, mercados mais importantes para o jornal.
A campanha publicitária elaborada pela agência Olgivy incluirá inicialmente anúncios no próprio JB e na rádio FM do grupo. A veiculação dos anúncios deve começar ainda esta semana, ganhando mais força até o fim do mês e em novembro.
Presente em 43 países, o Terra Lycos tem 900 mil assinantes no Brasil, onde atua em 220 cidades. A empresa não divulga o total de assinantes por Estado.