AS VIAGENS DE ISTOÉ
Alberto Dines
Começa na capa: o título da matéria sobre a vitória eleitoral de Arnold Schwarzenegger anuncia que o austríaco naturalizado americano está a caminho da Casa Branca. Ainda na capa garante que o ator começa a pavimentar o caminho para a presidência dos EUA.
O leitor que acompanhou a vasta cobertura do plebiscito-eleição da Califórnia sabe que são remotas as possibilidades de que o Congresso americano emende uma Constituição aparentemente intocável para permitir estrangeiros naturalizados na chefia da Nação.
Mesmo o redator da matéria não se deixou seduzir pela apelação e sepultou a longínqua hipótese nas últimas dez linhas de uma matéria de sete páginas. O leitor que comprou o seu exemplar iludido pela chamada deve queixar-se ao bispo.
Pior é a continuação do "Tributo aos Governadores" que o semanário empreende há algumas edições. Nesta, homenageiam-se dois, ambos do centro-oeste. A partir da 44, quatro páginas em tocante homenagem a Joaquim Roriz. Em matéria intitulada "Noruega Candanga" pretende-se demonstrar que se o Lago Sul do DF fosse um país independente seria o de melhor qualidade de vida do mundo. A trucagem estatística é ilustrada por uma montagem fotográfica do irresistível governador tendo ao fundo a nova ponte do Lago Sul. Nenhuma indicação de matéria paga.
Mais adiante (pág. 88), a matéria de duas páginas com o retrato do governador Zeca do PT (Mato Grosso do Sul) foi identificada como "publi-editorial", portanto pago.
Tudo bem, tempos bicudos, vá lá. Não se compreende, porém, a injustiça com o Zeca do PT: pagou apenas duas páginas e ficou sozinho com a fama de beneficiar-se às custas do erário.