QUALIDADE NA TV
carnaval
"Mulheres que duram 3 dias", copyright O Globo, 7/02/01
"Tem gente que acha que o carnaval começa lá pela metade do ano, quando as escolas de samba começam a escolher seus enredos. Pode ser. Mas o clima é outro. A escolha dos sambas-enredos mistura-se com o 7 de Setembro, com Finados, com o Natal. Assim não vale. Tem também quem considera o início do carnaval a época em que a Riotur ou a Liga das Escolas de Samba – atualmente, a gente não sabe direito quem manda no Sambódromo – dá a partida na venda de ingressos para o desfile. Todo ano é a mesma coisa. As bilheterias se abrem e já estão esgotados os camarotes, as frisas, as cadeiras de pista. A Liga – ou a Riotur, sei lá – explica que já havia reservas, que são compradores fiéis, etc. etc… A verdade é que, uma semana depois, os mesmos ingressos aparecem nos anúncios classificados com preços absurdamente mais altos que os oficiais. É 171 mesmo. Não dá para começar o carnaval com um 171. Para mim, o carnaval só dá as caras quando aquelas mulheres, que só existem na Passarela do Samba, surgem na … como é que elas dizem mesmo? – ah, na mídia.
Acho que essas mulheres ficam o ano inteiro trancadas numa gaveta e, quinze dias antes do sábado de carnaval, saem já fantasiadas com um biquíni, algumas lantejoulas e uma pluma. Parece que, para elas, o carnaval é uma vitrina. Da Sapucaí, elas alcançariam outras postos. Será? É verdade que uma ou outra apareceu como madrinha de bateria e virou socialite. Uma ou outra? Não. Só uma. Tem ainda outra que conseguiu um personagem na ‘Escolinha do professor Raimundo’. E acabou. Vamos falar a verdade: nenhuma mulher saiu do Sambódromo direto para a novela das oito, para um filme de Cacá Diegues ou para uma peça do Moacyr Góes. Bem, para uma peça do Moacyr Góes é bem capaz de ter saído. Ele adora revelar o talento que se esconde por trás de uma popozuda. Mas, enfim, nada que tenha transformado a Sapucaí em trampolim para o Oscar. Na maior parte das vezes, as mulheres que só aparecem no carnaval usam a Passarela do Samba como vitrina para ficarem famosas como mulheres que só aparecem no carnaval.
Na semana passada, vi duas ou três fotos de Magda Cotrofe nas revistas que se dedicam à vida das celebridades. Magda Cotrofe na mídia? Não tenho mais dúvidas: é carnaval.
A anunciada volta de ‘A grande família’, com elenco renovado, vem injustiçando uma sitcom – em bom português, é assim que se chama agora a velha comédia de costumes – dos anos 60 que merece todos os créditos de pioneira do gênero. ‘A grande família’, de Vianninha, sucesso dos anos 70, foi uma encomenda da Globo que buscava um similar de ‘All in the family’’, atração bem-sucedida da TV americana. Em ‘All in the family’ havia um pai reacionário, uma mãe abilolada, uma filha certinha e um genro encostado. Na versão brasileira, à família foram acrescentados um filho hippie e outro, subversivo. Assim, o programa ganhou a cara do Brasil daqueles tempos. Mas perdeu o principal atrativo do modelo americano: o humor politicamente incorreto. O chefe da família estrangeira era racista, preconceituoso e homófobo e grande parte das situações e das piadas do seriado era calcada nessas características da personagem.
No Brasil, o programa sempre foi muito engraçado. Mas não tinha nada a ver com a graça perversa do similar estrangeiro. É por isso que acho ‘A grande família’ muito mais parecido com ‘Gente como a gente’ do que com ‘All in the family’. ‘Gente como a gente’ era exibido pela TV Record. Escrito pelo psicanalista Roberto Freire, contava o dia-a-dia de uma família da classe média baixa em São Paulo. O pai, conservador, era Felipe Carone. A mãe, sempre compreensiva, era Lélia Abramo. Os filhos eram Irina Grecco (a certinha), João José Pompeo (um jogador de futebol) e Silnei Siqueira (o estudante universitário). Era uma família com muitas semelhanças com a de Vianninha. E não é absurdo imaginar que ‘Gente como a gente’ tenha influenciado ‘A grande família’. Quase todo o elenco do programa da Record fazia parte do Teatro de Arena paulista. Vianninha também."
TV paga
"Crescimento à vista para a TV por assinatura", copyright Valor Econômico, 6/02/01
"O ano 2000 vai ficar na memória das empresas de TV por assinatura. O número total de clientes chegou a 3,3 milhões no final de 2000, com crescimento de 11%, segundo dados da Associação Brasileira de Telecomunicações por Assinatura (ABTA). Mas, o desempenho varia de acordo com cada empresa.
A Globo Cabo, TV por assinatura da Organizações Globo, fechou o ano com 1,505 milhão de assinantes, mais da metade do total do país. Esse número significa 12,9% de aumento em relação à base de assinantes de 1999. Augusto Rocha, diretor de mercado de capitais da Globo Cabo, afirma que dois fatores contribuíram para o desempenho.
Em princípio, ele cita a segmentação que a empresa realizou no ano passado, criando pacotes de assinaturas com diversos preços. ‘Levamos nosso produto para diversas classes de renda.’ Rocha atribui o desempenho, também, à boa performance da economia em 2000.
‘Temos uma perspectiva de crescimento para os próximos quatro a seis anos de 8% a 10% ao ano’, estima o diretor da Globo Cabo. Contribuiu para o crescimento da base de assinantes da TV também a queda na taxa de desconexão de clientes, de 22,1% em 1999, para 16,1%.
A Directv, que faz transmissão por meio de satélite, teve desempenho ainda melhor. Philippe Boutaud, gerente-geral da companhia, diz que o número de assinantes chegou a 470 mil no final do ano. ‘É um número muito favorável, com crescimento de 50% sobre o ano anterior.’
Boutaud afirma que o comportamento das empresas de TV paga que transmitem por satélite tem sido melhor do que outros sistemas devido, principalmente, a fatores tecnológicos. ‘Como a transmissão é por satélite, você consegue cobrir 100% do território imediatamente, dispensando todo o trabalho de infra-estrutura necessárias para a transmissão por meio de cabo’, afirma.
Outro fator, enumera, é a qualidade de transmissão. Boutaud diz que as transmissões da Directv são digitais, proporcionando ao cliente som e imagens conseguidos com o DVD. O outro fator seria o volume de canais disponíveis. No sistema a cabo, ele chega a cerca de 60. Na transmissão por satélite, 150 canais.
‘Nosso mercado está muito atrelado à economia do país. Como não é um produto de primeira necessidade, se o emprego e a renda vão bem, ele cresce’, diz Boutaud. Pelos seus cálculos, o setor cresceu 18% no ano passado. ‘Nossa perspectiva é de que a economia vá bem pelos anos a frente. O setor deve crescer nesse mesmo nível nos próximos anos’, estima o executivo.
A Sky, que também atua por satélite, não divulga os dados de 2000. Até setembro, a TV tinha 600 mil assinantes, 47% acima do acumulado no ano anterior. ‘O quatro trimestre é sempre o melhor para a empresa’, diz Robert Steijntjes, diretor de planejamento estratégico da Sky.
José Francisco de Araújo Lima, diretor jurídico da ABTA, diz que a entidade espera um crescimento acelerado entre as empresas para os próximos anos. ‘São cerca de 200 novas outorgas da Anatel, quase todas com respaldo de capital estrangeiro’, lembra.
Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações, a TV por assinatura já atende 84,3 milhões de pessoas. Estão em instalação 119 serviços por cabo e outros 44 por meio de satélite."
Qualidade na TV – texto
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