Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

"As cartas esclarecedoras", copyright O Globo, 13/05/01

QUALIDADE NA TV

ASPAS

CULTURA E ARTE?

"Motivada pela coluna de quarta-feira passada em que se questionava a utilidade da TV Cultura e Arte, recém-lançada pelo Ministério da Cultura, a Comunicação Social do ministério enviou carta ao GLOBO em que pretende ?esclarecer? os leitores do jornal. Reproduzo aqui o primeiro item:

?A TV Cultura e Arte, de iniciativa do Ministério da Cultura compartilha, nos termos da lei n 8.977/95, ‘um canal educativo-cultural, reservado para utilização pelos órgãos que tratam de educação e cultura no governo federal e nos governos estadual e municipal com jurisdição sobre a área de prestação do serviço’. A decisão sobre o número do canal para sua veiculação é competência das operadoras de TV a cabo, ouvida a Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel?.

Resisti à tentação de mudar de lugar as vírgulas, apesar de a carta do ministério não ser assinada. Mas quem me garante que a colocação de vírgulas ao léu não seja um estilo imposto pelo ministro Francisco Weffort? Então, deixei as vírgulas do jeito que chegaram aqui. Cabe ao leitor que o ministério pretende esclarecer descobrir o que elas significam. No mais, fica claro que a lei prevê um canal de televisão que possa ser dividido pelos órgãos que cuidam de educação e cultura. Pois aqui vai minha humilde sugestão. Já existe a TV Escola, do Ministério da Educação, que sai do ar às 21h. Por que o Ministério da Cultura não ocupa esse canal das nove em diante? Precisava criar mais um?

Passemos ao segundo item: ?A TV Cultura e Arte é transmitida pelas operadoras da TVA (a cabo) e da NEO-TV. O Ministério da Cultura prossegue as conversações que permitirão (…) que a programação seja transmitida, também, pelas operadoras da NET, da TVA (microondas) (…) Até que isso ocorra, as transmissões da TV Cultura e Arte não alcançam o Rio de Janeiro.?

O que nos esclarece esse segundo item? Que o redator do Ministério da Cultura progrediu muito no emprego das vírgulas. Estão todas certinhas. Descobrimos também que a TV Cultura e Arte é muito mais clandestina do que a gente imaginava. Vamos ao terceiro item:

?Em conformidade com a legislação, o canal (…) poderá ser utilizado, também, pelo Ministério da Educação e pelas secretarias de Educação e de Cultura dos estados e municípios. Considerada essa possibilidade, o número de horas de transmissão será ampliado.?

Agora, me explica, para quê? A televisão pública no Brasil sempre foi uma chatice. Nunca soube ter uma função. Não sabe se deve educar ou se deve brigar por índices de audiência. Com a chegada da TV a cabo, a rede de TVs públicas se ampliou e a chatice aumentou. Mas chega de lero-lero. Reproduzo o último item:

?Nesse primeiro mês, a TV Cultura e Arte está veiculando sua programação, em caráter experimental, no horário noturno – duas horas nos dias úteis e três horas nos finais de semana. Em quatro meses chegará a três horas todos os dias da semana. A partir de junho, fazendo uso de reprise como nas emissoras a cabo, a TV Cultura e Arte deverá ocupar novos horários.?

Sinceramente, ministro Weffort, isso é uma ameaça?

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Quem também escreveu, motivado pela mesma coluna e ?em respeito à boa informação?, foram o cineasta Marco Altberg e a atriz Julia Lemmertz, diretor e apresentadora do programa ?Revista do cinema brasileiro?, uma das atrações da TV Cultura e Arte. A ?Revista…? também é uma das atrações da TV E. E do Canal Brasil. Reproduzo exausto:

?A série de programas de TV semanais ‘Revista do cinema brasileiro’ iniciou sua exibição em outubro de 95 na rede de TVs Educativas, liderada pela TVE do Rio de janeiro, com a duração de 30 minutos, apresentada pela atriz Julia Lemmertz, concebida para apoiar a atividade cinematográfica brasileira que retomava a sua produção – sem nunca ter sido exibido na TV Manchete, ao contrário do que informa o colunista (provavelmente ele se refere ao programa ‘Revista Banco Nacional de cinema’, exibido em 93 e 94 na Rede Manchete, que tratava do cinema nacional e internacional).

Por sua qualidade e pertinência, a TV Cultura de São Paulo logo incluiu a ‘Revista do cinema brasileiro’ em sua grade. Em setembro de 98, com a criação do Canal Brasil, a série passou a ter uma versão de 60 minutos, que é exibida exclusivamente no Canal Brasil antes da versão de 30 minutos exibida nas TVs abertas (TVE e TV Cultura). (…)

Quanto à TV Cultura e Arte, sua programação é composta, entre outros, por produtos audiovisuais apoiados pelo Ministério da Cultura, incluindo-se aí a ‘Revista do cinema brasileiro’.?

O que aprendi ?em respeito à boa informação?? Bem, que Julia Lemmertz foi ?concebida para apoiar a atividade cinematográfica? (!!!??!), que o Ministério da Cultura ?apóia? a ?Revista do cinema brasileiro? (!!!??!) e, enfim, que o programa também é exibido pela TV Cultura (!!!??!). Resta a pergunta que não quer calar: afinal, quantas emissoras de TV brasileiras não exibem a ?Revista do cinema brasileiro??"

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"De como a cantora Elba Ramalho encontrou seres de luz e se transformou em replicante esotérica

Como é que eu faço para assistir à TV Cultura e Arte? Uma colega aqui da redação, especializada em TV por assinatura, tenta me ajudar:

– É só botar no canal da NBR na NET.

– Mas o que é isso?

– Ah, põe no canal 14.

– Ué, tem um sujeito lendo umas notícias. Isso é a TV Cultura e Arte?

– Não, isso é a NBR. O canal novo só funciona entre 22h e 24h.

Bem, não consigo me entusiasmar muito com um canal que só funciona duas horas por dia. Mas vamos em frente. E na TV A?

– Aí é no canal 16.

Ponho no canal 16 e não acontece nada. Uma tela em branco.

– É aquela coisa, só entre 22h e 24h. Mas nos fins de semana, o canal funciona entre 21h e 24h.

Domingo eu fui lá. Liguei cedinho, às 21h. Você consegue imaginar uma audiência ansiosa o dia inteiro para chegar logo as nove da noite e, enfim, conhecer a TV Cultura e Arte? Pois é. Mas eu fui lá. Domingo, nove da noite, qual seria o primeiro programa da TV Cultura e Arte? ?Revista do cinema brasileiro?! Agora, uma outra questão se levanta. Não quero mais saber como é que eu faço para assistir à TV Cultura e Arte. Quero saber como é que eu faço para não assistir à ?Revista do cinema brasileiro?. Vira e mexe, tem sempre um canal passando a ?Revista do cinema brasileiro?.

O programa apresentado por Julia Lemmertz é um prodígio da televisão mundial. Começou, alguns anos atrás, modestamente transmitido pela TV Manchete. A Manchete acabou. Mas a ?Revista? encontrou guarida na sempre acolhedora TV E. Aí entrou em cena o Canal Brasil. Ora, uma TV por assinatura especializada em filmes brasileiros é o melhor lugar para ser exibido um programa sobre cinema brasileiro. A ?Revista? foi para lá. Mas não saiu da TV E. Acumulou. Quem não consegue ver o programa na TV aberta tem a chance de vê-lo na TV fechada. Não faz sentido? Aí o Ministério da Cultura cria uma nova televisão. Para passar o quê? A ?Revista do cinema brasileiro?, é lógico. A ?Revista? está sempre à disposição para preencher a grade de qualquer estação de TV. Até mesmo de uma emissora aparentemente tão inútil quanto esta TV Cultura e Arte.

Agora, me explica, por que o Ministério da Cultura precisa gastar o dinheiro do contribuinte para inventar uma nova TV? Já não tem a rede de TVs educativas? Já não tem a TV Senado, que costuma cobrir as horas de descanso de nossos queridos senadores com programação cultural? Duas horas por dia? Aposto que o ministro Weffort conseguiria que a TV Senado emprestasse esse tempo para ele. A TV E, então, nem se fala. Era um jeito de ela variar os programas de entrevistas com que tenta economizar no orçamento. Paga o cachê de um entrevistador e tem de graça meia dúzia de entrevistados. Tem fórmula melhor? Não tem. Para disfarçar, de vez em quando passa a ?Revista do cinema brasileiro?. Não sei não, mas acho que o governo está com canal demais e programação de menos.

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Bomba! Bomba! Parem as rotativas. Elba Ramalho não é Elba Ramalho. Não sei se vocês leram a ?Veja?. Está tudo lá. Elba, de uns tempos para cá, só pensa em ufologia esotérica. Diz que foi abduzida, que seres alienígenas puseram um chip em seu corpo e segue os preceitos de um guru intergalático chamado Ashtar Sheran. ?Os ETs fazem experiências genéticas porque querem dominar a Terra com sua raça horrorosa?, denuncia ela. Tudo teria começado, há 13 anos, quando Elba se deparou com um disco voador na Avenida Brasil. Saltou do carro e saiu gritando em direção à nave espacial:

– Seres de luz, olha eu aqui!

Deu pra entender? Elba poderia ter gritado qualquer coisa, além de ?seres de luz, olha eu aqui?. Por exemplo, poderia ter gritado ?celacanto provoca maremoto? ou ?bum, bum, bate coração?. Não importa. Como acontece com dez entre dez pessoas que saem correndo pela Avenida Brasil – e a partir daqui a versão do que ocorreu é do colunista – Elba foi atropelada! Os seres de luz aproveitaram e tornaram-se invasores de corpo, chupando o cérebro da cantora. Fizeram uma nova Elba, que ganhou a missão de dominar a Terra. Não se deixe enganar. Repare só nas diferenças. A Elba, depois do atropelamento na Avenida Brasil, ficou com o cabelo escorrido, a pele lisa e pernas de uma garota de 20 anos. Não duvide: Elba Ramalho é uma replicante.

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Desde ontem não me sai da cabeça a imagem de Marisa Mell – meu Deus, que fim levou a Marisa Mell? – com uma camisola transparente, bancando a sonâmbula pelos terraços de Roma. Isso foi lá pelo início dos anos 60 e o Art Copacabana – na época Art Palácio – era o único cinema das redondezas que exibia essas comédias européias. Tinha também as chanchadas, não as da Atlântida, que passavam no Rian, mas as do segundo time com Ronaldo Lupo, Violeta Ferraz… Depois, foi a época do cinema de arte – era assim que a gente falava – italiano. Foi o tempo de ?O belo Antônio?, ?Seduzida e abandonada?… Ontem, deu no GLOBO que o Art Copacabana vai virar sapataria. Triste fim para um pedaço da história de Copacabana."

MERCADO / AUDIÊNCIA

"Giovana Antonelli, que ganhou fama como a Capitu de ‘Laços de Família’, pode encabeçar próxima novela das 8 da Globo

O diretor Jayme Monjardim continua à procura de uma protagonista para a próxima novela das 8 da Globo, O Clone. Ele já ?reservou? duas atrizes para o elenco da novela que estréia em novembro:

Giovana Antonelli e Letícia Spiller. Elas são as mais cotadas para o papel de protagonista na trama de Glória Perez, que substitui Porto dos Milagres.

Ana Paula Arósio está definitivamente fora do projeto.

Fábio Assunção só será confirmado como o galã da história quando a protagonista for escolhida pela direção. Jayme Monjardim quer ter certeza que existirá química entre o casal principal. Ele ainda sonda uma possível participação da atriz brasileira Cristiane Reali, radicada na França.

O Clone terá como personagem principal uma mulçumana. O diretor Jayme Monjardim gravará imagens no Egito e no Marrocos para o início da novela.

Convenção – Outros cotados para o elenco, Thiago Lacerda e Claudio Heinrich apresentam a convenção da Telemundo, que ocorre esta semana, em Nova York. O evento é voltado para o mercado publicitário americano.

Os atores brasileiros foram convidados por conta do acordo entre a Telemundo e a Globo pelo qual a emissora brasileira fornecerá novelas para a emissora americana pelos próximos cinco anos. O Telemundo já exibe Terra Nostra, de Monjardim, e está para exibir Uga Uga. Apesar de viajar com todas as mordomias, os atores não receberam cachê pelo trabalho."

"A derrota histórica sofrida anteontem pelo ?Domingão do Faustão? -que perdeu no Ibope em São Paulo por 20 pontos a 37 do ?Domingo Legal?, do SBT- levou a TV Globo a cancelar a transferência do programa para São Paulo no próximo domingo.

A idéia da emissora era ?emendar? o ?Domingão? com as transmissões das semifinais e da final do Campeonato Paulista de futebol, nos quatro domingos de maio. O primeiro programa em São Paulo seria anteontem, mas foi adiado devido à viagem do apresentador Fausto Silva à Itália.

Em reunião no domingo à noite, a Central Globo de Jornalismo resolveu suspender o projeto. Isso porque o ?Domingão do Faustão? não conseguiu ?segurar? a audiência que recebeu do futebol, que derrotou o SBT por 35 pontos a 18. Fausto Silva começou o programa com o placar favorável de 35 a 18. Em apenas dez minutos, o SBT inverteu os números.

Além disso, o SBT emplacou uma diferença de 29 pontos (às 19h01) e um pico de 44 pontos, às 20h22, horário em que normalmente a Globo vence no Ibope, com as ?Videocassetadas?. Foi o maior pico do ?Domingo Legal? desde 1996 (Mamonas).

Para vencer a Globo, no entanto, Gugu Liberato jogou pesado. Colocou o ator Jean-Claude van Damme para se esfregar em ?popozudas?. Quando dançou com Gretchen, o astro americano não conseguiu disfarçar uma ereção."

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