THE WASHINGTON POST
No dia 2/11, mais de 100 mil pessoas fizeram em Washington uma manifestação contra a possível invasão do Iraque pelos Estados Unidos. Mesmo tendo sido maior do que se esperava, o evento não ganhou a primeira página do Washington Post, a não ser por uma foto sem texto explicativo. "Cem mil ou mais pessoas contra uma grande guerra ? junto com protestos similares em outras cidades ? não merecem a capa? Você pode imaginar alguma razão editorial ? além de tendência favorável à guerra ? para que o Post tenha colocado a manchete ?Protesto antiguerra é o maior desde os anos 1960? na seção Metro (reservada a assuntos da área metropolitana de Washington)", pergunta uma leitora, em meio a diversas reclamações no mesmo sentido, ao ombudsman do jornal, Michael Getler, conforme coluna publicada em 3/11.
O ouvidor responde que, naquele domingo, havia diversas notícias disputando espaço na primeira página do Post e que, pelo julgamento dos editores, a versão publicada teria sido a melhor solução. Na chamada principal saiu o encontro do presidente George W. Bush com líderes de Coréia do Sul e Japão, no México. A matéria relatava o insucesso americano em formar coalizão multilateral contra Coréia do Norte e Iraque. Acompanhando essa história estava a foto dos protestos em Washington. Além desse assunto, havia o dramático caso dos rebeldes chechenos no teatro de Moscou, a cobertura da captura do atirador que por um bom tempo espalhou medo pela capital americana, e as corridas eleitorais nos estados de Maryland e Minnesota. Em conversa com os editores, Getler ouviu que eles consideraram que a maioria das pessoas lê a seção Metro e que, deste modo, a manifestação não passaria em branco.
Apesar de achar que a argumentação dos jornalistas do Post faz sentido, o ombudsman concorda com os leitores que o protesto tinha que ter tido mais destaque. Em sua opinião, a o jornal foi tomado de surpresa pela dimensão do acontecimento e acabou optando por uma solução que incluísse as diversas notícias.