MÍDIA GAÚCHA
Angelo de Souza (*)
Enquanto morei ? e trabalhei como jornalista ? no Rio Grande do Sul, duas coisas impressionaram-me lá: a competitividade do meio, apesar do oligopólio do grupo RBS; e o papel desempenhado pelos múltiplos comentaristas da imprensa.
Aliás, também decepcionou-me constatar o escasso interesse da academia em analisar esse papel. Certamente existe uma demanda por um certo tipo de opinião defendida com ardor e espuma, sem meios termos (ou se é gremista ou colorado); uma sede de debate, ou de briga, enraizada no inconsciente coletivo do povo gaúcho, fronteiriço, belicoso, em que historicamente se mesclam, contraditórios, o arrojo e a reação.
Creio que essa demanda merece ser investigada. Isto porque comentaristas, não só no Rio Grande, mas especialmente lá, são celebridades destinadas a fazer carreira política ? vide um ex-governador e o atual presidente da Assembléia "emplacados" pela mesma RBS. Antes e além desse ponto moram muitos perigos.
Já o caso de personagens lamentáveis citado neste Observatório por Gilmar Antonio Crestani, no artigo "Almoço do espanto" [veja remissão abaixo], apenas um numa vasta galeria, é mesmo para a atenção de psiquiatras. Não se trata de profissional diplomado (isso não importa), talvez nem regulamentado seja (isso também não), e nem profissional pode ser considerado, visto que leva para o cardápio do telespectador até vinganças pessoais, entre outras idiossincrasias.
Concordo com o articulista: antes do diploma (portanto, antes do registro, e sempre no cumprimento da legislação profissional), deve-se comprovar a sanidade ? mental e moral ? dos candidatos à vitrine dos meios de comunicação, particularmente desses ventríloquos do patronato, que devem ser, antes de mais nada, responsáveis e responsabilizáveis por seus atos de opinião.
(*) Jornalista em Belém (PA)
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