THE WASHINGTON POST
No mês passado, o Washington Post publicou matéria sobre a fuga de moradores da capital americana, por medo de ataques terroristas. Ao lado da reportagem, uma foto mostrava o adesivo "Apóie nossas tropas" na vitrine de uma loja, e a legenda dizia: "Apoio ao presidente Bush em alta na cidade [Madison, Va., para onde muitos se mudaram] que já foi tradicionalmente democrata". Na coluna de 4/5, Michael Getler conta que uma leitora reclamou da combinação da foto e da legenda; para ela, texto e imagem reforçavam a noção falsa de que a oposição contra a guerra e contra as políticas do governo implicava falta de apoio às tropas.
Para o ombudsman, apesar de atentar para um detalhe, a observação da leitora reflete uma questão maior: como as críticas e a dissidência ? "duas liberdades americanas essenciais" ? foram atacadas em nome do patriotismo, e como a imprensa cobriu esses eventos (as ameaças contra o grupo musical Dixie Chicks, que criticou Bush, são um exemplo). Agora que a guerra acabou, estão surgindo análises do desempenho da imprensa durante o conflito. Na opinião de Getler, a maioria das empresas jornalísticas se saiu muito bem, e a inserção de repórteres nas tropas ? só o Post contava com nove correspondentes em diferentes unidades militares ? foi um sucesso. A única parte um tanto falha, acredita ele, foi o registro fotográfico do combate.
Mas uma análise mais útil e interessante, defende o ombudsman, seria do desempenho da imprensa antes do começo da guerra. Ao concluir o texto, Getler lança algumas perguntas: a imprensa teria registrado com rapidez a oposição crescente contra a guerra? Ela "comprou" a linguagem oficial, de "forças de coalizão" a "armas de destruição em massa"? E pressionou o governo suficientemente para obter as supostas ligações entre 11 de setembro e Saddam Hussein?