Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Bagdá expulsa 69 jornalistas

MÍDIA & GUERRA

Autoridades iraquianas decidiram expulsar 69 correspondentes estrangeiros do país. Segundo a Federação Internacional dos Jornalistas [IFJ, 12/2/03], os repórteres receberam prazo de 48 horas para deixar o Iraque, sem qualquer explicação, já que seus vistos estão em dia.

O governo limita o número de correspondentes no país e controla suas ações. Antes de permitir a entrada de novos jornalistas, outros são mandados embora. Aidan White, secretário-geral da IFJ, condenou a decisão. “A situação no Iraque requer um exame atento e as pessoas estão famintas por informação. As tentativas de limitar o direito dos jornalistas de reportar não vão criar um entendimento melhor da crise atual.”

Joe Strupp [Editor & Publisher, 4/2] conta que os correspondentes em Bagdá, além de só poder usar intérpretes autorizados pelo governo (que muitas vezes intimidam os entrevistados), só têm acesso a telefones via satélite no prédio do ministério da Informação, sendo que as linhas do hotel são grampeadas. Roger Cohen, editor de internacional do New York Times, alerta ainda que a população iraquiana pode estar mais hostil à imprensa internacional agora do que em 1991, já que desta vez o governo americano quer mudar o regime.

Manter-se no país não tem sido fácil. A guerra por vistos, que tem duração de apenas 10 dias, não permite o planejamento da cobertura, já que uma renovação pode levar semanas para ser aprovada. Ainda assim, quem está lá pretende permanecer o maior tempo possível. Ian Fisher, correspondente do NYT, acredita que a grande questão entre os jornalistas é continuar ou não na capital quando a invasão começar. E aposta: “Acho que a maioria é ambiciosa e está ansiando por isso”.