Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

BBC cria cargo de conselheiro editorial

ORIENTE MÉDIO

A BBC criou um novo cargo editorial sênior para aconselhar sua cobertura do Oriente Médio, provavlemente em decorrência das duras críticas que tem recebido por suposta tendenciosidade anti-Israel. Malcom Malen, ex-editor do programa Nine O?Clock News, da BBC, foi o indicado para a nova função. Ele estará em Londres, mas trabalhará ao lado das sucursais da corporação em Jerusalém.

Ciar Byrne [The Guardian, 11/11/03] conta que essa é a primeira vez que a BBC cria um cargo do gênero numa época em que questões do Oriente Médio são das mais sensíveis com as quais os meios de comunicação têm de lidar. A decisão de criar o posto foi de Richard Sambrook, chefe de reportagens da BBC, e de Mark Byford, à frente do setor árabe da corporação.

A cobertura que a BBC tem feito do Oriente Médio mostrou-se polêmica especialmente no começo do ano, quando o premiê israelense Ariel Sharon impediu que a corporação assistisse a uma coletiva de imprensa sua, durante visita a Londres, devido a acusações de que a BBC teria mentido em um documentário sobre armas de destruição em massa.

A intriga foi resolvida, mas este não está sendo um ano fácil para o jornalismo da corporação na região de conflito. A Downing Street, por exemplo, acusa-a de se posicionar próxima demais ao regime iraquiano de Saddam Hussein durante a Guerra do Golfo ? o que a BBC naturalmente nega.

Em entrevista à revista Hebrew, o chefe de comunicação do governo israelense disse que repórteres da BBC, CNN, Reuters, Associated Press, ABC e CBS estavam todos sob controle direto da Autoridade Palestina de Yasser Arafat.

Em 8/11, a Associated Press divulgou uma lista de "ataques terroristas recentes em todo o mundo". Segundo o HonestReporting.com [12/11/03], a lista aponta terrorismo islâmico em todo o mundo desde 1998, mas ignora completamente atos terroristas palestinos ocorridos em Israel.

Em 9/11, a Reuters publicou uma lista similar, dos "piores ataques de guerrilha desde o 11 de setembro", na qual também se omitiu totalmente o terror em Israel.

Para o HonestReporting, isso está se tornando um "incômodo padrão" de reportagens sobre terrorismo islâmico, para as quais, se houve um ataque do gênero em Israel, então "não conta".

Igualmente, o New York Times on-line dedica uma seção especial para o terrorismo mundial que deixa Israel de fora. Em resposta a reclamações, o Times não corrigiu o conteúdo da seção, e sim mudou seu título, eliminando a palavra "terror".

O protesto do HonestReporting se encerra em uma pergunta irônica: "Essas agências de notícias consideram ataques terroristas contra civis israelenses em Haifa, Tel Aviv e Jerusalém de alguma forma menos dignas de protesto que os realizados em outros lugares?"