MERCADO EDITORIAL
“?Aurélio? pode deixar Nova Fronteira”, copyright O Estado de S. Paulo, 8/09/03
“A viúva do dicionarista Aurélio Buarque de Holanda, Marina Baird Ferreira, distribuiu nota esta semana explicando que não rompeu relações com a editora Nova Fronteira, que cuida do dicionário com o nome dele desde o lançamento, em 1975. No entanto, ela explica que só duas versões da obra, o Aurélio com a Turma da Mônica e o Mineaurélio Escolar, continuam a cargo da editora. O Miniaurélio Escolar está na lista dos livros didáticos a serem distribuídos pelo Ministério da Educação nos próximos três anos, a partir de 2004, o que lhe garante uma tiragem que pode alcançar 4 milhões de exemplares por ano, dependendo de acertos entre a Nova Fronteira e o MEC.
?Não houve rompimento ou litígio, apenas não renovei o contrato para as outras seis versões dos Dicionários Aurélios (o grande, o médio e o mini, o CD-ROM, o infantil e o multimídia). Esse contrato vem sendo automaticamente renovado há 28 anos e os tempos mudaram. É preciso rever as bases estabelecidas então?, explicou ela por telefone, confirmando que tem recebido propostas de outras editoras, mas prefere não comentá-las porque nada a impede de renovar com a própria Nova Fronteira. ?O último contrato venceu em julho do ano passado e eles podem ter novas tiragens até julho do ano que vem.?
A editora não comenta o assunto, mas Marina lembra a amizade que unia Aurélio Buarque de Holanda e o político Carlos Lacerda, fundador da Nova Fronteira e avô do atual presidente Carlos Augusto Lacerda. ?Por isso ele optou por esta casa, com a qual mantemos boas relações e que sempre trabalhou pelo sucesso do dicionário?, salientou. ?O Aurélio começou a ser escrito em 1968 e até hoje recebe acréscimos de uma equipe fixa de sete lingüistas. Quando fazemos uma revisão, esse número chega a 40 profissionais.?
Desde o lançamento, o Aurélio é o dicionário brasileiro mais popular, a ponto de o nome próprio ter virado substantivo comum e sinônimo de dicionário, embora seu autor, por modéstia, se recusasse a incluir-se como verbete e ter solicitado à mulher e à sócia dela, Margarida dos Anjos, que não o fizesse após sua morte.
É um dos maiores sucessos da indústria editorial do País, pois Marina calcula que tenha vendido, em todas as edições em quase três décadas, 20 milhões de exemplares. ?A revisão de 1999, a mais recente, já vendeu 180 mil cópias?, conta ela. ?Todas elas vendem muito bem, só o médio não foi tão bom. Talvez porque o brasileiro goste de dicionários pequenos e grandes, mas recusa os médios.?
Aurélio Buarque de Holanda coordenou as duas primeiras versões da obra, lançadas em 1975 e 1986. ?Mas ele estava muito doente na segunda e nos pediu para não deixar o trabalho ser interrompido por sua morte, que ocorreu em 1989?, lembra Marina. Desde então ela cuida do projeto, que tenta acompanhar a evolução da língua portuguesa. Para se ter uma idéia da rapidez com que acontece, basta citar que, da segunda para a terceira versão foram acrescentados 60 mil verbetes aos 375 mil da edição anterior. ?Por enquanto, não pensamos na quarta edição revista?, avisa Marina.”
CARTA CAPITAL PREMIADA
“Carta Capital, Finalmente”, copyright Carta Capial, 8/09/03
“Carta Capital faturou, no sábado 30, o Prêmio Colunistas Brasil. A revista foi escolhida como o veículo do ano, ao lado de empresas e empreendedores, tais como Luiz Lara (publicitário do ano) e a Publicis Salles Norton (agência do ano). Outras cinco categorias – fonograma, campanha, anúncio, mídia digital e mídia exterior – serão anunciadas na festa de entrega dos diplomas de ouro e Troféu Alex, ainda sem data.
O Prêmio Colunistas Brasil destaca há 36 anos os trabalhos de publicidade mais representativos. Criado pelos jornalistas Armando Ferrentini, Eloy Simões e Cícero Silva e organizado pela Associação Brasileira dos Colunistas de Marketing e Propaganda (Abracomp), o prêmio, na sua edição de 2003, teve a participação de dez jurados especializados de veículos de todo o País.
Segundo Sebastião Vitor de Souza, organizador da premiação, a eleição das peças publicitárias é regional e os ganhadores concorrem automaticamente à categoria nacional. ?Só participa dessa seleção final quem faturou ouro no regional, ou seja, la crème de la crème?, destaca Souza. Por causa da abrangência nacional, o Prêmio Colunistas é considerado o maior da publicidade brasileira.
Luiz Lara, sócio e presidente da agência Lew, Lara, faturou o título pela primeira vez em 1998, na categoria regional. O publicitário garante que ganhar novamente é uma chancela ao trabalho que tem sido realizado. ?É um reconhecimento muito grande ao trabalho e ao posicionamento da Lew, Lara?, comenta.
Apesar de recente, a união da Publicis Norton e da Salles D?Arcy, que resultou na Publicis Salles Norton, foi bem avaliada pelos jurados. ?Para nós, a escolha tem uma importância extraordinária, particularmente porque premia uma fusão bem-feita e todos nós sabemos quão delicado é esse momento?, comentou Geraldo Alonso Filho, presidente da empresa. ?É uma premiação absolutamente consagrada no mercado brasileiro, não é uma coisa que nasceu ontem, não é oportunista. Ter como companheiros de prêmio a Brasil Telecom, que é nossa cliente, o publicitário Luiz Lara e a CartaCapital nos mostra que estamos, efetivamente, em extraordinária companhia.?
Para CartaCapital, fica o orgulho e a enorme satisfação de saber que uma revista semanal independente, com 65 mil exemplares de tiragem, recebe um prêmio desse nível. Sinal dos tempos. Até agora, o que tem funcionado com freqüência na avaliação da mídia brasileira é a tiragem e o ibope. A escolha dos jornalistas e publicitários indica uma mudança importante no tratamento dado aos veículos de comunicação e ao seu público.
CartaCapital, sem ousar comparações, lembra que publicações como The Economist tem tiragem de 700 mil exemplares e apenas 200 mil revistas ficam na Inglaterra – país com um elevadíssimo índice de leitura. Nem por isso The Economist deixa de ser a revista mais respeitada do mundo – nas mesas dos mais importantes políticos e empresários todas as segundas-feiras.”
FOLHA PREMIADA
“Série da Folha ganha prêmio de García Márquez”, copyright Folha de S. Paulo, 7/09/03
“O presidente da FNPI (Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano), o Nobel de Literatura Gabriel García Márquez, entregou na última terça-feira, dia 2, na cidade mexicana de Monterrey, um prêmio para a série de reportagens ?Controle Público?, publicada em 2002 pela Folha.
Com sede na Colômbia e criada em 1994 pelo escritor García Márquez, 76, a fundação premiou os ?melhores trabalhos de jornalistas da América Latina em internet, rádio e TV em 2001 e 2002?.
A série ?Controle Público? consistiu em coletar declarações de bens de políticos que se candidataram em 1998, 2000 e 2002. Pela primeira vez foi possível saber o valor dos bens declarados pela elite política brasileira. O jornalista Fernando Rodrigues, da Sucursal de Brasília, é o autor das reportagens e o coordenador do processamento dos dados. As reportagens e os dados dos políticos estão disponíveis na internet no site www.controlepublico.com.br.
Esse é o quarto prêmio recebido pela série ?Controle Público? (os outros foram o Prêmio Esso de Melhor Contribuição à Imprensa, o Prêmio Líbero Badaró de Webjornalismo e o Prêmio Folha de 2002 na categoria especial).
A FNPI recebeu 397 reportagens de 21 países. Foram 30 trabalhos brasileiros inscritos. Apesar de não ter sido propriamente uma reportagem feita para a internet, a série ganhou o prêmio na categoria por se tratar de ?uma extraordinária investigação jornalística? na qual ?o meio internet foi utilizado para oferecer ao público um acesso de maneira dinâmica e individual como nunca se havia visto antes?, disse o júri.
Outros brasileiros premiados foram a jornalista Filomena Salemme, da rádio Eldorado, e Marcelo Canellas, da TV Globo.”
FOLHA CONTESTADA
“1964”, copyright Folha de S. Paulo, 3/09/03
“?A reportagem ?Gordon critica pressão do Judiciário? (Brasil, 6/8), de Fernando Canzian, sobre sua entrevista comigo, é um resumo dos pontos principais da conversa telefônica longa e um tanto quanto desconexa que tivemos. No segundo parágrafo, entretanto, o texto repete um erro histórico amplamente reproduzido quando afirma que eu acompanhei ?de perto a decisão americana de dar o sinal verde para o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart (1961-64)?. Quando meu livro ?Brazil?s Second Chance? foi traduzido para o português, no ano passado, incluí nas páginas 315-400 um capítulo suplementar, intitulado ?Os Estados Unidos e o governo de João Goulart?, que foi baseado no registro oficial pleno e incluiu materiais sigilosos até então inéditos e que recentemente foram tornados públicos. Esse registro mostra que nossa política tinha por objetivo apoiar a Constituição de 1946 e chegar à eleição presidencial marcada para 1965 sem nenhuma quebra na ordem constitucional. Após o 13/3/1964 (o chamado ?comício da Central?), isso foi parecendo cada vez mais improvável, e passamos a nos preocupar com a possibilidade de uma guerra civil. Eu recomendei um planejamento de emergência para o caso de guerra civil para ?mostrar a bandeira? (o que virou a força-tarefa naval ?Irmão Sam?), para fortalecer o moral do lado amigável e para auxiliar na retirada de civis americanos. A força-tarefa partiu do Caribe apenas em 31 de março, voltou atrás dois dias depois e nunca sequer chegou perto do território brasileiro. Por meio dos esforços do coronel Vernon Walters, tomamos conhecimento dos avisos dados pelo general Castello Branco aos oficiais sobre possíveis iniciativas de autogolpe do próprio Goulart, mas em nenhum momento nos foi pedida uma ?luz verde? para um golpe contra Goulart e em nenhum momento nós a oferecemos. Como escrevi no capítulo suplementar (na página 369), ?rejeitamos explicitamente o conselho de alguns líderes empresariais, brasileiros e americanos, de apoiarmos ativamente um golpe da direita. Da forma como os eventos se de- senrolaram em 1964, não acredito que pudéssemos ter impedido o golpe se nos tivéssemos oposto a ele ativamente?. A ausência da ?luz verde? dos Estados Unidos é confirmada na revisão exaustiva que Elio Gaspari fez das origens do golpe de 1964 -ver ?A Ditadura Envergonhada? (Companhia das Letras, São Paulo, 2002), parte 1, ?A Queda?. A ação foi bem-vista em Washington, mas não teve origem lá. Ela teve sucesso em tão pouco tempo que a questão do possível apoio norte-americano não chegou a precisar ser cogitada.? Lincoln Gordon, acadêmico convidado da Brookings Institution, ex-embaixador dos EUA no Brasil (Washington, EUA)
Resposta do jornalista Fernando Canzian – Transcrição de um diálogo de 28 minutos ocorrido no Salão Oval da Casa Branca, em 30 de junho de 1962, prova que os EUA deram o sinal verde para o golpe militar de 64. Na conversa, estão presentes o presidente John Kennedy, o ex-embaixador Lincoln Gordon e Richard Goodwin, assessor de Kennedy. Na gravação, os três falam da situação política no Brasil e dos primeiros passos do movimento militar que, um ano e nove meses depois, derrubaria João Goulart. De acordo com a transcrição, fica claro que Kennedy apoiou o golpe com a justificativa de evitar que o Brasil se tornasse um país comunista.
Saúde
Em relação à reportagem ?Governo loteia cargos de direção da Saúde? (Brasil, pág. A6, 31/8), cabe-me informar o seguinte: 1) se tivesse havido o cuidado de ser consultada a estrutura organizacional do Ministério da Saúde, ter-se-ia verificado que o Instituto Nacional de Câncer é um departamento da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, colocado no mesmo nível do departamento de atenção especializada que dirijo; 2) no dia 28/8, o ministro Humberto Costa designou-me para coordenar a Comissão Gestora do Inca, missão que aceitei e que estou exercendo com dedicação. Em poucos dias, obtivemos a regularização do seu funcionamento e a pacificação interna da instituição. Quanto à empresa da qual fui sócio antes de iniciar meu trabalho no Ministério da Saúde, devo esclarecer o seguinte: 1) vendi minha participação acionária na empresa em 1? de fevereiro de 2003 e assumi o cargo que ocupo no ministério no dia 14 de fevereiro de 2003; 2) a empresa manteve contrato com o Ministério da Saúde, entre 2001 e 2002, para prestação de serviços de consultoria no âmbito do Projeto Reforsus, subprojeto: ?Fortalecimento e Desenvolvimento Institucional das Secretarias Estaduais de Saúde?; 3) fomos contratados como consultores vencedores da concorrência internacional do lote 3, conforme publicação no ?Diário Oficial? da União de 12/3/2001 e extrato de contrato publicado no ?DOU? em 22/8/2001, com o objetivo de prestar consultoria para os governos de Mato Grosso e de Goiás (ambos administradas pelo PSDB); 4) o trabalho de consultoria, encerrado em 31/12/2002, foi reconhecido pelo Ministério da Saúde e pelos secretários estaduais de saúde de GO e de MT. Sou médico sanitarista, especialista em planejamento e administração em saúde pela Unesp (Botucatu), mestre em saúde coletiva pela Unicamp e chefe do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina de Santos desde 1989. Fui assessor do doutor David Capistrano na Secretaria Municipal de Saúde de Santos e secretário de Saúde de São Vicente. Presidi o Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo e fui membro do Conselho Estadual de Saúde e da Comissão Intergestores Bipartite de São Paulo. Fui também representante dos secretários municipais de saúde na Comissão Intergestores Tripartite e da Comissão de Orçamento e Finanças do Conselho Nacional de Saúde. Foi por essas experiências que assumi o cargo no ministério a convite do secretário de Atenção à Saúde, Jorge Solla.?
Arthur Chioro, diretor do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde (Brasília, DF)
Reposta da jornalista Gabriela Athias – O Inca não aparece na estrutura organizacional do Ministério da Saúde no mesmo nível do Departamento de Atenção Especializada. O organograma do ministério foi obtido na internet (www.saude.gov.br). A informação de que o órgão era vinculado ao Departamento de Atenção Especializada foi passada pela assessoria de imprensa do ministério.”