TELETIPO
A celebração do contrato do repórter Geraldo Rivera com a Fox News Channel não foi nada agradável: o jornalista viu-se metralhado com perguntas difíceis no talk show da rede, The O’Reilly Factor. Sem rodeios, Bill O?Reilly o informou de que o público da Fox (de grande apelo republicano) não estaria feliz com a chegada de um profissional que declaradamente apoiou Clinton, e que Rivera precisaria reabilitar sua imagem. De fato, sua contratação como correspondente de guerra causou polêmica na rede. Mas, como mostra Jim Rutenberg [The New York Times, 19/11/01], foi um ótimo negócio para Roger Ailes, executivo-chefe da Fox: de uma só vez, tirou um líder de audiência da CNBC, ganhou uma estrela para competir com a CNN e alvejou os críticos que acusam a rede de conservadorismo. "Se estivéssemos interessados em apenas um ponto de vista por aqui, seríamos a CNN", ironizou Ailes.
Após a terceira semana consecutiva liderando a audiência de noticiários da TV, o World News Tonight da ABC representa uma ameaça ao longo domínio do Nightly News, da NBC. Na primeira semana, a diferença foi de 60 mil telespectadores, pulando para 600 mil na seguinte e caindo para 300 mil na outra. Executivos da ABC News sugerem que a rede se tornou mais competitiva graças à mudança de formato do programa, apresentado por Peter Jennings, e maior ênfase em hard news, análise e compromisso com cobertura internacional. Mas, segundo Bill Carter [The New York Times, 21/11/01], o Nightly News – que já chegou a ficar 53 semanas consecutivas em primeiro lugar – continua a ter uma pequena margem de vantagem na categoria de telespectadores entre 25 e 54 anos, faixa etária mais procurada pelos anunciantes.
A profunda queda de anúncios em revistas piorou muito após o 11 de setembro. As edições de dezembro de 168 revistas mensais têm menos 17% de páginas de anúncio em relação ao ano passado, segundo pesquisa da Media Industry Newsletter. Paul D. Colford [New York Daily News, 21/11/01] revela que as publicações financeiras e de tecnologia foram as mais atingidas: Fast Company’s perdeu 54%, Wired, 45%, e Yahoo! Internet Life, 37%. Apesar do aumento de vendas em banca dos semanários, o declínio foi sentido por Newsweek (27%), U.S. News & World Report (25%) e Time (22%). Entre as poucas a aumentar páginas de anúncio estão as revistas jovens YM, que subiu 38%, e CosmoGIRL!, 6%, além de Men’s Fitness (aumento de 29%), Travel Holiday (22%) e Health (11%).
Para desespero dos tablóides britânicos, cujo mercado depende do arsenal de casos entre celebridades, novas regras foram divulgadas em novembro. O juiz responsável, Justice Jack, disse que os detalhes de uma relação sexual são "confidenciais". A liminar evita que um jornal publique "descrições libidinosas" dos affairs de um jogador de futebol ? principal combustível dos tablóides. As reações variaram. O Daily Mail dedicou duas páginas ao assunto. Stephen Glover, colunista político do jornal, afirmou que "travessuras sexuais entre personalidades públicas podem ser o primeiro estágio que leva a uma má conduta mais ampla", citando Bill Clinton, John F. Kennedy e o príncipe Charles. Nada mais natural quando uma grande indústria britânica está ameaçada. As informações são da revista Economist (10/11/01).