Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Bernardo Ajzenberg

CRÍTICA DIÁRIA

"Crítica interna", copyright Folha Online (www.folha.com.br)

07/12/2001 – Os dois principais diários paulistas dão manchete par aquilo que parece representar um ponto final na primeira etapa da ação norte-americana no Afeganistão. Folha: ?Taleban anuncia rendição definitiva?; ?Estado?: ?Em troca de anistia, Taleban entrega Kandahar?. O ?Globo? privilegia eventual acordo sobre novo salário mínimo para 2002 (?Congresso negocia com o governo mínimo de R$ 200?). No ?JB?, o tema é a crise do país vizinho: ?Argentina toca o último tango da moratória?. Só a Folha, corretamente, deu com destaque na capa a aprovação do ?fast track? pelos deputados dos EUA. Em compensação, subestimou a notícia do assassinato do velejador Peter Blake.

O óbvio perdido

A sensação da festinha de confraternização oferecida pelo presidente do Senado anteontem foi o uso de saia (inédito, ao menos publicamente) pela senadora petista Heloísa Helena. Mas ninguém , aparentemente, fez a foto. Na edição da Folha, quem se destaca, em imagem, é outra mulher (Eda Patrocínio), nem sequer mencionada no texto da reportagem. Este, alías, não informa onde ocorreu o jantar.

Confusas palavras

A frase atribuída ao presidente do Peru, Alejandro Toledo, em relação a Lula (?Peruano saúda Lula como futuro presidente?, Brasil, pág. A7) está esquisita: ?Espero que, antes que você [Lula] seja eleito presidente, eu possa vê-lo pessoalmente. Será um prazer saudá-lo como presidente de seu país?. Pela lógica, ele deve ter dito que espera ver o petista DEPOIS de ele ser (eventualmente) eleito. Seria o único modo de ?saudá-lo como presidente…?.

Não só Tasso

O título ?Aliados de Tasso têm parentes na ?Folha 8? (Brasil, pág. A8) omite que aliados ou no mínimo membros do partido de Ciro Gomes (PPS) também estão envolvidos em lista irregular de salários. A informação deveria constar, ao menos, na sobrelinha.

Nova guerra (detalhes)

1) O texto ?Futuro do mulá Omar permanece incerto? (Mundo, pág. A17) aborda declaração do chefe pashtu Karzai segundo a qual os membros ?normais? do Taleban poderão receber uma anistia após rendição. Parece-me mais adequada a tradução contida no texto de abre do caderno (?Taleban anuncia sua rendição em Candahar, mas quer Omar livre?), que traz a mesma informação, mas falando em membros ?comuns? do Taleban, não ?normais?;

2) O mesmo texto da pág. A17 menciona as universidades Duke e de Georgetown sem dizer de onde são (país, Estado etc);

3) A retranca ?Saiba mais? (pág. A16) registra como tendo sido em 1996 que o mulá Omar vestiu em público o manto que teria pertencido a Muhammad. Já o texto ?Taleban inspirou esperança e medo? (pág. A17), referindo-se, aparentemente, ao mesmo episódio, localiza-o em 1994. A verificar;

4) Faltou mapa mostrando onde fica a Somália, possível novo alvo dos EUA, conforme noticiário na página A16;

5) O nome do ministro do Interior da Aliança do Norte aparece com grafias diferentes em duas retrancas da pág. A17: Younis Qanuni e Yonis Qanouni. É preciso padronizar.

Números

Na capa de Dinheiro, a parcela que a Argentina deveria receber do FMI em dezembro aparece ora como US$ 1,26 bi ora como US$ 1,27 bi. A diferença é de ?apenas? US$ 10 mi, mas o dado precisa ser uniformizado.

A fraude

A Folha noticiou anteontem a fraude da teleconferência frustrada do ex-presidente da GE Jack Welch. Esqueceu, porém, o assunto. O ?Estado? traz hoje reportagem atualizada, a partir da chegada ontem ao Brasil do organizador do ?evento? e suposto fraudador, Ricardo Leon Repanas. O caso é curioso e pitoresco. Não merecia esquecimento.

A morte de Blake

Claro que os detalhes do crime podem ser diferentes entre um relato e outro, mas creio que o ?Globo? foi o que melhor noticiou o assassinato do velejador neozelanês Peter Blake. Trouxe mais detalhes do que a Folha, por exemplo o de que o crime teria sido presenciado pela mulher e pelos dois filhos do navegador. Talvez porque, diferentemente da Folha, tinha alguém em Macapá. Vale recuperar o caso, de repercussão internacional ampla.

Denúncia x renúncia

No 13o parágrafo da reportagem ?Por unanimidade, CPI condena o país do futebol? (capa de Esporte), o correto seria ?três renúncias? e não ?duas denúncias?, como está escrito. O texto se refere, embora sem mencionar diretamente, às renúncias de ACM, Arruda e Barbalho, certo?

Cutucando

Na reportagem ?Prefeitura cria ?escolões? comunitários? (Cotidiano, pág. C5), soa gratuita e provocativa a formulação ?No ano que vem, quando serão realizadas as eleições presidenciais, a prefeitura pretende inaugurar 20 ?escolões?. O que o jornal quer? Que se pare de governar porque se está em ano eleitoral? Cutucões desse tipo só servem para reforçar a idéia, existente dentre muitos leitores, de que a Folha tem predisposição contra o governo de Marta Suplicy.

Sísifo

1) Faltou a idade do meia Leonardo na reportagem ?São-paulinos temem desmanche e recebem promessa de dirigente? (Esporte, pág. D3). A informação é relevante, pois o que se discute é a possível ?aposentadoria? do jogador.;

2) Faltou a idade do ator Billy Bob Thornton em pingue-pongue na capa da Ilustrada.

06/12/2001 – ?Estado? (?Câmara aprova a emenda que reduz imunidade?) e ?JB? (?Câmara acaba com a imunidade?) abrem com votação dos deputados que, de modo equivocado, nenhuma menção recebeu nas capas da Folha ou do ?Globo?. A Folha (?EUA erram ataque e matam 3 americanos?) é a única a abrir com o pequeno tropeço militar norte-americano. O ?Globo? dá como manchete ?FH recua e admite corrigir IR sem criar nova alíquota?. Inexplicável o destaque dado na capa da Folha à imagem das ?noivas? (ver nota).

Jornalismo ou propaganda?

A armação publicitária e de marketing do rapel para divulgação do Salão das Noivas, um evento comercial, não deveria ter tamanha acolhida no maior jornal do país. Por que o jornal se deixa levar e faz exatamente o que os promotores gostariam, senão mais? Um texto-legenda interno estaria à altura da curiosidade do acontecimento. Quanto à divulgação da feira (não falo de uma eventual cobertura interna sobre seus negócios e produtos, esta, sim, válida), pergunto: para que servem os espaços publicitários do jornal?

Enigma

Falta contextualização na reportagem ?FGV critica uso político de pesquisas? (Brasil, pág. A4). Não há nenhuma referência à reportagem publicada ontem, da qual esta é suíte. O assunto fica, assim, para os iniciados. Da mesma forma, a reportagem nada fala sobre a questão da licitação que supostamente seria obrigatória para que a FGV ou o instituto a ela vinculado fizessem estudos para o governo do Maranhão. O que diz a Fundação a respeito disso?

Casos de polícia

Não vi na Folha as notícias de que o ex-senador Jader Barbalho foi indiciado ontem pela PF no caso dos desvios da Sudam, tampouco a informação de que o Ministério Público já articula com o FBI cooperação para investigação de contas do ex-prefeito Paulo Maluf no exterior. Dois casos caros ao jornal.

Confusão

O noticiário sobre a crise argentina (Dinheiro, pág. B4) procura explicar as mudanças de critério feitas pelo JP Morgan no cálculo do já célebre risco-país. No gráfico, porém, mostra-se uma curva que unifica os dois critérios (o anterior e o novo). Faz mesmo sentido? Não é comparar coisas diferentes? Se o gráfico está certo, faltou, então, didatismo na retranca ?Cálculo do risco-país muda e traz confusão?, pois dela se depreende, salvo melhor leitura, o contrário, como se uma ?nova etapa? devesse ser aberta nessa curva histórica.

Novo presidente da AOL

Não vi na Folha a notícia da designação do novo presidente da AOL Time Warner, Richard Parsons. O assunto, pelas dimensões da empresa e, secundariamente, pelo fato de o executivo ser negro, merecia destaque. Ocupou toda a parte superior esquerda da capa do ?New York Times?. No campo doméstico, o ?JB? chamou na capa. O ?Valor? deu reportagem sobre o assunto, assim como o ?Estado? (nas páginas do ?WSJ?). É improvável que a omissão da Folha tenha tal origem, mas não seria absurdo, para um leitor, pensar que ela nada deu sobre o acontecimento por causa do UOL. Se for isso mesmo, estamos mal.

Campanha

Poucas vezes vi na Folha um material tão tendencioso, de campanha, quanto o publicado hoje na pág. D5 de Esporte sob o título ?CPI converte últimos aliados de Teixeira?. Não há uma única linha de ?outro lado?. Pessoalmente, não tenho a menor simpatia por nenhum dos dirigentes do futebol ali mencionados, mas, jornalisticamente, senti um soco no estômago. Eles são tratados como cachorros mortos. A Folha tem inúmeros méritos na investigação de toda essa limpeza no futebol, mas isso não lhe confere a liberdade de pisar sobre os seus próprios princípios de jornalismo, a começar pelo do respeito que deve ser dado, sempre, à versão dos acusados. Tudo isso sem mencionar as notas do Painel FC sobre o assunto. O esboço de ?outro lado? do Eurico Miranda contido numa delas é uma gotícula burocrática no oceano.

Sísifo

1) Faltou a idade do protagonista da notícia no texto ?Filho do vice de Tasso está em lista de salários denunciada pelo governador? (Brasil, pág. A6);

2) Faltou a idade do ex-rei afegão em ?Novo governo afegão toma posse dia 22? (Mundo, pág. A17). A informação era importante num texto que fala justamente sobre o fato de que os novos dirigentes são bem mais jovens, na ?faixa dos 40 anos?;

3) Faltou a idade de Francisco Gros, novo titular da Petrobras, em ?FHC convocou Gros a assumir a Petrobras? (Dinheiro, pág. B8).

05/12/2001 – A aprovação de projeto de mudanças na CLT pela Câmara é o tema das manchetes dos principais diários hoje (Folha: ?Câmara aprova flexibilização da CLT?; ?Estado?: ?Câmara muda CLT; batalha vai para o Senado?; ?JB?: ?Câmara enterra leis trabalhistas?). Note-se que apenas a da Folha se aproxima, de fato, do ocorrido. Ainda não houve ?enterro?, pois o assunto tem de passar pelo Senado, razão pela qual tampouco se pode dizer que os deputados tenham ?mudado? a legislação. Como é de hábito, o ?Globo? (?Nova meta permite maior consumo de luz no verão?) destaca notícia que interessa particularmente aos cariocas.

Primeira Página

A legenda da foto do alto afirma que são médicos algumas das pessoas que aparecem na imagem a correr. Serão mesmo? É difícil saber. Podem ser para-médicos… Mesmo que a ?France Presse? tenha eventualmente trazido tal informação, é temeroso bancá-la.

Vale tudo?

À cata de informações que deponham contra a imagem dos pré-candidatos, será que tudo vale? A reportagem ?Roseana contrata serviços da FGV sem fazer licitação? (Brasil, pág. A4) pode ser curiosa, mas o tom de denúncia que embute não parece condizer com a realidade, ou, pelo menos, não se sustenta. A tese do ?outro lado?, segundo a qual o tal contrato dispensaria licitação, é convincente. Nesse sentido, esvazia o impacto da revelação, a não ser que o jornal conseguisse demonstrar, nesta mesma edição, que, no caso, a licitação teria sido inequivocamente obrigatória – o que não ocorre. A governadora divulgou dados falsos? A FGV manipulou informações para favorecê-la? Pelo que se depreende, não. Então, qual é o problema?

Parcialidade no TJ

O texto ?TJ paulista realiza hoje eleição polarizada? (Brasil, pág. A6) vai bem até o meio de seu sétimo parágrafo. Nos trechos posteriores, embarca, ainda que indiretamente, numa inclinação contrária à candidatura de Álvaro Lazzarini, chegando a incluir uma declaração anônima de um desembargador contra ele. Faltou equilíbrio.

Nova guerra

1) O abre ?Israel ataca a 500 metros de Arafat? (Mundo, pág. A8) parece conter um erro logo no título. Segundo todos os outros jornais, inclusive o ?New York Times?, o bombardeio atingiu alvos que ficam a menos de 100 metros de onde o líder palestino estaria no momento. É uma diferença grande que, se confirmada, merecia correção no jornal;

2) Os últimos acontecimentos indicam uma mudança de rumos na ?nova guerra?. O sinal verde dos EUA para a retaliação comandada por Sharon não é qualquer coisa, assim como a antecipação do congelamento de bens de instituições ligadas ao Hamas. Falta uma análise, no jornal, que dê conta deste novo momento, que ameaça a coalizão internacional antiterror. O ?Estado?, a esse propósito, publica interessante texto do ?Times? britânico sobre a relação Sharon-Bush. O premiê israelense teria feito ao colega norte-americano uma conta simples mas contundente: em relação ao total da população, os 25 mortos pelos atentados do fim de semana equivalem a 2 mil norte-americanos.

Melhor complicar

A reportagem ?Sindicatos aderem à greve contra Chávez? (Mundo, pág. A11) noticia a adesão da CTV (Confederação dos Trabalhadores da Venezuela) ao protesto preparado pelos empresários para a próxima segunda. O que essa central é em termos políticos? Qual é o seu grau de representatividade num movimento sindical sabidamente dividido? Quem, por outro lado, apóia o presidente no meio sindical? Nesse caso tão particular na atual conjuntura latino-americana, vale a pena não simplificar as coisas. Detalhe: paralisação de empresários não é greve, como diz o título, mas locaute, certo?

Petrobras

Diferentemente do que afirma o texto ?Gros deve substituir Reichstul na Petrobras? (Dinheiro, pág. B3), o afundamento da plataforma P-36 ocorreu em março deste ano (2001), não em março do ano passado.

Didatismo

Até o momento, o jornal tem mencionado o índice Embi +, do JP Morgan, como sendo a mesma coisa que o risco-país. Hoje, porém, aparece no noticiário (?Banco diz que US$ 1 bi fugirá da Argentina?, Dinheiro, pág. B4) a informação de que o banco diminuiu o peso da Argentina no Embi + em relação ao peso de outros países. Sinaliza, portanto, que se trata de algum outro indicador. Não deu para entender.

Acabamento

1) A retranca ?Funcionários protestam por atraso de salário? (Dinheiro, pág. B5) traz entre aspas uma citação de um presidente de entidade sem dizer de qual entidade se trata;

2) Faltou remissão para a coluna de Gilberto Dimenstein na reportagem ?Petrobras faz acordo para limpar o Pinheiros? (Cotidiano, pág. C6).

Murphy

Ao mesmo tempo em que o jornal publica um Erramos dizendo que o caso da Enron é de concordata (não de falência) e uma retranca sob o título ?Empresa entrou com um pedido de concordata? (Dinheiro, pág. B7), o texto de abre sobre o assunto (mesma página) começa com ?A falência da Enron levou Washington a discutir…?. Pura desatenção?

Sísifo

1) Faltou a idade do governador Tasso Jereissati no texto ?Vitória de Lula não afasta o capital, diz Tasso nos EUA? (Brasil, pág. A6), que aborda, ao pé, a questão da saúde do pré-candidato tucano;

2) Faltou o outro lado dos dirigentes relacionados por irregularidades no relatório da CPI do Futebol no material encabeçado por ?CPI pede ação contra acordo CBF-AmBev? (Esporte, pág. D5). Ao pé da retranca ?Relatório final faz devassa…? há um ?outro lado? burocrático, mínimo, que não condiz, nem de longe, com o que o assunto exigia: ?A CBF não se pronunciou sobre o relatório. Anteontem, no Rio, advogados da entidade rebateram parte das acusações?. Ora, o recurso ao ?outro lado? não deve ser encarado como uma mera obrigação. É para que o leitor seja informado dos argumentos da parte acusada. Se não obtém novos elementos, o mínimo que o jornal deve fazer é trazer um resumo do que ela já utilizou em sua defesa.

04/12/2001 – Só o ?Jornal do Brasil? (?Brasileiro viverá 2,6 anos a mais?) deixa de trazer hoje em manchete o acirramento do conflito no Oriente Médio. Tendo como segundo destaque a crise econômica argentina, Folha (?Israel se diz em guerra e ataca Arafat?), ?Globo? (?Israel usa mísseis contra QG de Arafat e EUA apóiam?) e ?Estado? (?Israel reage e faz declaração de guerra à Palestina?) priorizam o assunto efetivamente mais importante do dia.

Anvisa

A reportagem publicada no sábado sobre irregularidades na agência de vigilância sanitária continua a gerar cartas no Painel do Leitor. O diferente, no caso, é que não se trata de cartas opinativas de leitores ?comuns?, mas sim de personagens envolvidos no assunto e com contestações relativas a dados trazidos na reportagem ou a partir dela. Nesse sentido, é incompreensível o silêncio do jornal. Afinal: estava certa a reportagem? Estava apenas em parte errada? Os leitores têm direito a um esclarecimento.

Edição anti-PT

Certamente não foi proposital, mas um balanço de conjunto do jornal aponta para uma edição claramente inclinada para ataques ao partido de Lula. Em Brasil, na pág. A5, ?PFL usa TV para atacar PT e contrapor Roseana a Lula?; na pág. A6, ?Petistas são ?sectários?, diz Alckmin?. Se isso se somar à reportagem ?Político paga R$ 5,3 mil a líder sem-teto? (Cotidiano, pág. C8), o ?engajamento? fica ainda mais nítido. Trata-se de um problema de coordenação da edição como um todo.

Acabamento

?Israel disparou mísseis contra alvos da Autoridade Nacional Palestina (ANP) na faixa de Gaza…?. Assim começa o texto ?Após atentados, Israel ataca Arafat? (Mundo, pág. A12). Está invertido, não? Edifícios da ANP é que foram alvos de Israel, certo?

O balanço do antraz

A redução do número de casos, o texto de hoje na pág. A15 de Mundo (?Antraz é igual ao feito em programa militar?) e reportagem do ?New York Times? de hoje sobre contaminação de correspondências a partir de umas poucas cartas que traziam a bactéria começam a mostrar que talvez a onda feita pela imprensa global diante do assunto tenha sido claramenre exagerada, senão estimulada pelos EUA para reforçar sua ?nova guerra?. Não estaria na hora de revisitar o assunto e verificar o que de mais provável terá mesmo acontecido? Mesmo que ainda seja cedo para um balanço definitivo, creio que não se deve esperar que o caso morra para simplesmente sepultá-lo.

Clone

Ciência informa na pág. A16 que ?Cientista de renome deixa revista que publicou trabalho sobre clonagem?. John Geahart teria se sentido ?embaraçado? diante da ausência de informações importantes no trabalho divulgado. Diante da importância do assunto e de seu impacto, valeria a pena entrevistar esse consultor, ver o que ele teria a revelar de novo sobre o polêmico trabalho de clonagem humana.

Sem sal

Ficaria bem mais interessante a reportagem ?Governo distribuirá 47,5 milhões de livros gratuitos para a rede pública? (Cotidiano, pág. C3) se trouxesse alguns exemplos das obras que farão parte dos pacotes a serem distribuídos.

Sísifo

1) Faltaram as idades dos técnicos de futebol mencionados em ?Campinas é escola das finais do Brasileiro? (Esporte, pág. D3). É o típico caso em que tal informação ganha interesse, por se tratar do perfil desses profissionais;

2) ?O Merval subiu 6,07%?, diz a certa altura o texto de abre de Dinheiro. O que é o Merval? Faltou didatismo;

3) Da mesma forma, fala-se em ?valor agregado? na retranca ?Novembro tem o 1o superávit em oito anos? (Dinheiro, pág. B5) sem que haja esclarecimento sobre esse termo técnico.

Exportações

O texto ?Exportações para os argentinos desabam 41%? (Dinheiro, pág. B5) afirma que ?a maior parte das vendas externas dos produtos brasileiros continua sendo para os EUA?. Segundo explica texto da mesma página, o mercado norte-americano é responsável por 26% das exportações brasileiras. Trata-se do maior importador individual, mas ele não consome a maior parte das vendas externas brasileiras, certo?

Inútil

O texto ?Rio pode ter nova meta de consumo? (Dinheiro, pág. B2), além de possuir esse título anódino (afinal, tudo pode), não traz nenhuma novidade sobre o que prepara o governo nessa área (abrandamento do racionamento de energia).

Falência x concordata

Só a Folha continua a dizer que a Enron pediu falência (e não concordata). Parece-me improvável que esteja certa. De todo modo, seria um serviço útil ao leitor mostrar, então, qual seria a diferença entre uma coisa e outra nesse caso, até para deixá-lo seguro de que seu jornal (e não os outros) é que está utilizando o termo adequado."