Monday, 04 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Bia Abramo

CASO SILVIO SANTOS

“Silvio Santos na fila da eternidade”, copyright Folha de S. Paulo, 20/07/03

“Quem precisa de ficção quando se tem Silvio Santos? Ou melhor, para que Silvio Santos vai gastar dinheiro com jornalismo e teledramaturgia, quando ele mesmo é capaz de produzir versões particularíssimas de ambos, com apenas um telefonema?

Há dez dias a imprensa não pára de falar em Silvio Santos, ora para investigar o grau de veracidade de suas afirmações, ora querendo descobrir a história por trás da história. Seria um factóide? Uma pegadinha? O trailer de um ?reality show? bizarro? Uma estratégia consciente de marketing? Nenhuma dessas hipóteses parece dar conta do ocorrido.

Onde falham as ferramentas da análise e da investigação, talvez as da ficção sejam mais eficazes. O título da obra, uma peça para ser encenada no circo da mídia, poderia ser ?Ninguém Fura a Fila da Eternidade?. Soa pomposo à primeira vista, mas, num segundo exame, não esconde seu ar de filosofia barata.

O cenário é Celebration, Flórida, uma cidade planejada, construída e mantida por um megaconglomerado de empresas especializadas em parques de diversão. Concebida como uma espécie de síntese do ideal norte-americano de cidade pequena, Celebration parece ser a Terra do Nunca levada a sério.

O protagonista é um ?self-made man? que, dizem, em algumas décadas passou de camelô a dono da segunda maior emissora de televisão do Brasil. Depois de anos como apresentador de programas de auditório e dono de um negócio chamado Baú da Felicidade, ele se dedica ao hobby de criar histórias em que o personagem principal é ele mesmo. A melhor foi uma tentativa de candidatura à Presidência da República na primeira eleição direta feita depois de 25 anos de regime militar.

O telefone toca. A repórter de uma tradicionalíssima revista de TV liga para Silvio Santos. Ela tenta apurar informações sobre uma doença terminal. O homem desanda a falar. Confirma a doença, diz que vai morrer -em seis anos. Anuncia a venda do SBT a ninguém menos que uma rede mexicana de TV, a Televisa, e a José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, outrora o ?homem forte? da sua principal concorrente. Diz que não volta mais ao Brasil. Como nos roteiros mais vagabundos, para qualquer questionamento da jornalista, ele tem uma resposta, ainda que capenga.

As informações são falsas, mas a capa da revista é verdadeira e começa a gerar desdobramentos -estes, por sua vez, também reais. Repórteres procuram saber o que diretores da empresa e outras personalidades televisivas acharam disso tudo. Agências internacionais ecoam. Anunciantes ficam temerosos. As ações da emissora despencam. O público não acredita -mas ainda assim acorre à TV aos montes. Os jornais e revistas comentam.

E o pior é que o pano nunca cai.”

 

“A história mal contada de Silvio Santos”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 14/07/03

“O porta-voz do grupo mexicano Televisa, Manuel Compaens, não pode ser maluco. Por isso, há algo estranho no fato de ele ter anunciado um processo de compra do SBT pela sua empresa e, no dia seguinte, ser desmentido por ?fontes? da direção. E é muito mais estranho ainda que Silvio Santos faça ?pegadinha? com o seu grupo (33 empresas, divididas en quatro unidades) que tem boa saúde financeira e pretende chegar a um faturamento anual de R$ 5 bilhões em 2005.

A Televisa tem uma opção de compra do SBT e uma fonte próxima à sua direção assegura que existe forte interesse dos mexicanos em entrar no Brasil agora, quando enfrentaria a Globo meio sem fôlego para uma grande batalha.

A questão é que todo o grupo Silvio Santos está amarrado ao SBT. A área de comunicações inclui seis emissoras (São Paulo, Rio, Porto Alegre, Belém, Brasília, Ribeirão Preto, Nova Friburgo e Jaú). A Central SBT de Produções, o Sistema Brasileiro de Comunicações, três empresas no exterior (SBT Brazil Network, SBT Internacional Ltda. e SBT International Corporation) e a Promolider Promotora de Vendas. Mas Baú da Felicidade, Liderança Capitalização e toda a Divisão Financeira (banco, consórcio, seguros, leasing, concessionária de automóveis, cartões de crédito etc.) apóiam o seu marketing no poderio da comunicação.

Segundo a fonte, o problema não é dinheiro (a Televisa é fortíssima), mas o que entra e o que não entra no pacote. A estrutura do grupo está toda profissionalizada e, por isso, seria fácil resolver a questão das herdeiras de Sílvio. A fonte só não deu qualquer pista sobre o papel do Boni na história.

A coluna do ombudsman da Folha, no Domingo (13/07), é um modelo de seriedade jornalística e também de como é fácil um editor dar uma grande mancada. Bernardo Aizenberg correu atrás da observação feita por uma leitora e contou toda a história de como a foto da sala de imprensa do Banco Central sem nenhum jornalista presente saiu na primeira página do jornal para ilustrar a adesão à greve no BC. Vale a pena ler as explicações de todos os ?culpados?, inclusive o veterano Lula Marques, que realmente é um dos fotógrafos mais respeitados em Brasília.

A Globopar está encontrando dificuldades para renegociar sua dívida, pois, como declarou a analista Milena Zaniboni, da Standard & Poor?s, o grupo ?precisa de um alongamento e uma negociação do total dos débitos, pois não está gerando recursos suficientes para honrar os pagamentos? e, no ano passado, a geração de caixa – R$ 250 milhões – ?não dá nem para pagar os juros? (Folha de São Paulo, caderno Dinheiro, 13/7).

Colegas das redações de Época e do Diário de São Paulo já temem que tanto a revista como o jornal sejam fechados se não aparecerem compradores nos próximos três meses.”

 

REDE MURO

“Uma TV em cima do muro”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 18/07/03

“Costumo sempre dizer que o mundo está dividido entre aqueles que assistem TV, os que adoram criticar ou reclamar de tudo que assistem no meio televisivo e aqueles que ?realmente? produzem TV. Francisco Dario dos Santos, o Chiquinho da TV Muro, apesar de pobre, morador de uma favela em Sabará, Minas Gerais, resolveu desafiar os poderosos e as suas próprias limitações para criar a Rede Muro, a sua própria rede alternativa de TV.

O ex-professor de artes plásticas decidiu ir à luta e realizar o seu sonho de ficar famoso na TV. Ele acredita que aparecer na telinha não deveria ser privilégio de alguns poucos ?iluminados?. Montou a sua própria rede de TV com um equipamento simples de VHS e um link que encontrou sucateado no lixão próximo de casa. Um exemplo de criatividade e empreendedorismo que desafia o marasmo das nossas TVs públicas e educativas.

Hoje, Chiquinho do Muro, como é conhecido pelos seus vizinhos e telespectadores é tema de diversas reportagens nacionais (ver matéria do JB no link) e até mesmo internacionais em documentário produzido pela TV alemã ZDF. Seu projeto de televisão comunitária desafia as antiquadas leis de teledifusão brasileiras que privilegiam os nossos cidadãos Kanes. Eles estão muito mais interessados em ganhar fortunas e poder com TV ao promover uma programação de baixarias com audiência garantida. A Rede Muro, como bem explica o nome, é feita de um simples televisor ?em cima do muro? da casa de Chiquinho. A audiência ao passar pela rua tem a oportunidade de ver diversos programas produzidos – Deus sabe como, pelo apresentador, produtor, realizador dessa TV de um homem só. Chiquinho não parece satisfeito com a condição imposta pela nossa legislação que impede e dificulta a produção de televisão pelas comunidades brasileiras.

Hoje, Nilson Lage, professor titular da UFSC e recém empossado diretor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia do Ministério de Ciência e Tecnologia, tem como principal objetivo da sua gestão a implantação de um projeto de TVs comunitárias de baixo custo pela Internet 2. Um grande desafio para o atual cenário de marasmo e decadência das nossas próprias TVs públicas e para as baixarias da nossa TV aberta.

TV na Internet já é uma realidade. A allTV do empresário e produtor de TV Alberto Luchetti faz grande sucesso na rede, emprega diversos jovens com muita criatividade e desafia os monopólios.

Agora, você pode sempre continuar assistindo televisão, reclamando de tudo e dizer que televisão no Brasil, é privilégio somente reservado para ricos, poderosos ou apadrinhados das nossas TVs públicas.”

 

NOVELA OU SÉRIE

“Autora da Globo faz novela com formato de série”, copyright Folha de S. Paulo, 21/07/03

“Ana Maria Moretzsohn (?Sabor da Paixão?, ?Estrela-Guia? e ?Esplendor?) irá propor à Globo um novo formato de novela.

A proposta da autora _que retorna à emissora nesta semana depois de tirar férias_ é seguir o esquema dos roteiros de seriados.

A mudança seria testada em ?Até que Enfim? (título provisório), cuja sinopse ela entregará embreve, para o horário das sete.

Sua idéia é criar um romance central e incluir vários personagens que entram na novela, resolvem sua breve história e saem, dando lugar a outros. ?Nós, autores, sempre falamos muito em mudar as novelas. Então pensei na moda das séries?, diz.

Em ?Até que Enfim?, uma mulher romântica, dona de uma agência de casamentos tradicional, apaixona-se por um pragmático empresário do ramo. Os encontros e desencontros dos dois seriam o eixo da narração.

As curtas histórias seriam vividas pelos casais que se conhecem por meio do agenciamento.

Moretzsohn foi uma das criadoras da série ?Malhação? e também escreveu um seriado para uma TV portuguesa, exibido aos sábados e domingos, com boa audiência. ?Havia uma história central e outra que sempre começava num capítulo e terminava no outro.?

O projeto depende de uma resposta que a autora terá nesta semana da Globo. Ela pode ser escalada para uma parceria autoral de uma nova novela das oito.

OUTRO CANAL

Só? A direção da Globo cogitou esticar ?Mulheres Apaixonadas?, que acaba em outubro, até janeiro. Queria aproveitar o ibope alto e evitar a estréia da nova novela no fim do ano. Manoel Carlos teria demonstrado ser impossível. Mais: entre amanhã e depois, Rodrigo Santoro ficou de dizer ao autor quando terá de sair da trama.

2004 Paulo Betti deve finalizar nesta sexta seu filme, ?Cafundó?, e já foi sondado para atuar na minissérie ?Um Só Coração?, de Maria Adelaide Amaral, em homenagem a São Paulo. Ele participou de ?Os Maias?, da autora, e está inclinado a aceitar. Leandra Leal, que na semana passada confirmou participação, fará o papel da irmã caçula de Ana, personagem de Maria Fernanda Cândido.

Terceirizado O programa de Marília Gabriela para o SBT começa a ser gravado no próximo dia 28. Tudo fora da emissora. A produção é da Sardinha Filmes e o estúdio e a edição, da TV 7.

Batente Maria Cristina Poli, que estava de licença-materninade, retorna hoje ao trabalho e terá uma reunião com Marcelo Parada, vice-presidente da Bandeirantes, a fim de definir o que fará na emissora a partir de agosto. Antes, ela apresentava o ?Jornal da Noite?, que passou para o comando de Roberto Cabrini.”