Saturday, 28 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Bia Abramo

QUALIDADE NA TV

"A TV precisa melhorar desde sempre", copyright Folha de S. Paulo, 17/08/03

"?A televisão brasileira já está em condições de dosar melhor as suas mensagens sociais, equilibrando o entretenimento saudável com a função educativa que figura também, e principalmente, entre os seus atributos. De outra forma ela estaria desperdiçando seu extraordinário poder de influenciar a massa (…).? O trecho é de editorial publicado em dezembro de 1971, no ?Jornal do Brasil? com o título ?Qualidade na TV?.

O gancho, como se diz no jargão jornalístico, eram os apelos do então ministro das Comunicações, Higino Corsetti, pelo aprimoramento da programação de TV. O ministro reunira-se com representantes das emissoras para ?assegurar uma transmissão de alto nível? por ocasião da estréia da TV a cores no Brasil, marcada para 31 de março do ano seguinte. Não por acaso, data do oitavo aniversário do golpe de 64 -a expansão da rede de TV foi projeto caro aos governos militares.

Mais de 30 anos se passaram, a tecnologia avançou muitas léguas para além da transmissão em cores, mas as discussões sobre qualidade na TV moveram-se apenas alguns milímetros. As noções que norteiam o editorial continuam em voga. Em primeiro lugar, era e ainda parece ser um consenso a idéia de que a TV, de maneira geral, precisa melhorar. É como se à TV fosse concedido uma espécie de benefício da dúvida -aquilo que eu estou vendo é uma porcaria revoltante ou de uma repetição entediante, mas não é a verdadeira TV, é apenas o que fizeram com ela. A TV de verdade estaria num outro patamar, de ?nível? mais elevado.

Em segundo, vincula-se qualidade a objetivos educacionais. A TV boa, de qualidade, seria aquela que educa, que ensina alguma coisa para o espectador. É curioso que, dos produtos da indústria cultural, por alguma razão é à TV que cabe essa expectativa de ocupar o papel de educadora -o que equivale, na outra ponta, a atribuir uma importância demasiada à sua influência, boa ou má.

Por fim, tanto 30 anos atrás quanto hoje, há uma enorme dificuldade de estabelecer um ponto de vista: a TV é péssima, todos concordamos. Mas de que ponto de vista se está observando a qualidade? Estético? Cultural? Educativo? Formal? Tecnológico? Da responsabilidade social?

É preciso definir melhor o que queremos -ou não- da TV. Ela deve ser um meio de comunicação e entretenimento? Deve dividir a função de educador com a família e com a escola? Deve ser a vitrine da cultura nacional? Deve ser uma máquina de fazer lucros para empresas privadas que exploram uma concessão pública? Deve ser a nossa Hollywood, na falta de um cinema de massas?

PS: Devo a descoberta do editorial do ?Jornal do Brasil? ao excelente site TV Pesquisa (www.tv-pesquisa.com.puc-rio.br), um acervo de textos publicados na imprensa desde 1967 e atualizado diariamente."

 

SEX AND THE CITY

"Globo terá ?Sex and the City? masculino", copyright Folha de S. Paulo, 16/08/03

"O programa que substituirá o seriado ?Os Normais? na programação da Globo será uma espécie de versão masculina da série norte-americana ?Sex and the City?, exibida no Brasil pelo canal pago Multishow. A decisão foi tomada por Mário Lúcio Vaz, diretor da área artística da emissora.

A atração será uma ?sitcom? sobre questões sexuais masculinas. Foi testada no ?Fantástico?, em abril, com o nome de ?Homem-Objeto?. O quadro, no entanto, não agradou. O novo programa será uma evolução do quadro. Ainda não tem nome nem data para estrear.

A vaga de ?Os Normais?, que sai do ar em outubro, estava sendo disputada também por ?Como Educar Seus Pais? e ?Carol e Bernardo?. Em junho, o novo ?Homem-Objeto? chegou a ser descartado pela emissora, que priorizou ?Como Educar Seus Pais?.

Responsável por ?Homem-Objeto? e ?Os Normais?, o diretor de núcleo Guel Arraes conseguiu reverter a situação. Por uma questão de política interna, a Globo resolveu manter a vaga de ?Os Normais? com Arraes.

OUTRO CANAL

Economia

A Rede TV! está testando um novo software que permite a transmissão de imagens de uma praça a outra (link) pela internet de banda larga. Os primeiros testes agradaram. Com o sistema, a emissora quer evitar a dependência da Embratel, que faz links via satélite. A Embratel, segundo a emissora, cobra R$ 70 por minuto de transmissão e exige agendamento com antecedência.

Revista

O GNT planeja estrear em setembro ?Armazém 41?, uma revista eletrônica diária, produzida pelo departamento de jornalismo do canal pago, que está reformulando sua grade. Com diversos quadros e colunistas, o programa terá um tema diferente a cada dia. Marcelo Madureira (?Casseta & Planeta?) gravou pilotos de um quadro, mas ainda não está confirmado na atração.

Decolagem 1

Lançada há três semanas, a promoção comercial do SBT que dá descontos de até 80% sobre os preços da tabela de anúncios, idealizada por Silvio Santos, começa a dar os primeiros resultados, ainda tímidos. Nesta semana, foram vendidos os primeiros pacotes.

Decolagem 2

A promoção levou duas semanas para ser absorvida pelo mercado publicitário, que teve de fazer contas complexas. Em linhas gerais, quem compra um anúncio de 30 segundos em um programa tem direito a outro, grátis, em outra atração da casa."

 

TV BANDEIRANTES

"Band procura parceiro para telenovelas", copyright Folha de S. Paulo, 15/08/03

"A Band iniciou nesta semana um ?road show? em produtoras independentes em busca de possíveis parceiros para novos projetos. A emissora, que não exibe telenovelas desde ?Meu Pé de Laranja Lima? (1998/99), estuda agora voltar a investir em teledramaturgia e ampliar sua programação terceirizada.

?Uma emissora que pretende disputar audiência tem que ter dramaturgia. No futuro, será inevitável exibirmos seriados e novelas?, diz Marcelo Parada, vice-presidente da Band.

Parada esteve terça-feira no Rio de Janeiro, onde se encontrou com executivos dos Estúdios Mega, Pró-Digital, Giros Produções e Youle Corp. Na próxima semana, fará o mesmo em São Paulo. Nos encontros no Rio, Parada explicou qual é a estratégia da emissora, seu público-alvo e projetos.

Segundo Parada, a Band vê na relação com produtores independentes um ?futuro promissor?, porque essas empresas ?têm pessoal criativo e custo muito competitivo?. ?É um caminho que a gente vai aprofundar?, afirma.

A curto prazo, essas parcerias devem ser a solução para a programação de domingo, verão de 2004 e atrações pré-Olimpíadas de Atenas, ajudando a superar a falta de recursos para investimentos. O primeiro programa a entrar nesse pacote será ?G4?, de ?games?. Atualmente veiculado em horário locado, passará para as tardes de domingos."