TERROR & HORROR
"Hollywood adia lançamentos de filmes sobre terrorismo", copyright O Estado de S. Paulo / Reuters, 13/09/01
"Estúdios de Hollywood adiaram o lançamento de duas produções, incluindo o filme cheio de explosões ?Collateral Damage?, de Arnold Schwarzenegger, e anúncios do ?Homem Aranha?, um dia após o pior ataque terrorista da história dos EUA.
Executivos das maiores redes de televisão do país também repensarão a programação do final do ano, que teria espaço para programas de espionagem e terrorismo.
A Touchstone Pictures, da Walt Disney Co.?s, adiou por tempo indeterminado a premiére de 21 de setembro da comédia ?Big Trouble,? com Tim Allen.
Baseado na novela de Dave Barry, ?Big Trouble? gira em torno de uma misteriosa mala-bomba coloca em um avião. O estúdio também cancelou a entrevista coletiva no final de semana para promover o filme. O filme tem direção de Barry Sonnenfeld, que também fez ?Get Shorty? e ?Homens de Preto?.
Em comunicado de duas frases, a Touchstone citou a ?tragédia nacional que ocorreu? como motivo do adiamento.
A Warner Bros., da AOL Time Warner Inc, adiou o lançamento de ?Collateral Damage?. Com lançamento previsto inicialmente para 5 de outubro, o filme traz Arnold Schwarzenegger como um sujeito cuja família é morta diante de seus olhos, quando um edifício no centro da cidade explode, atingido por uma bomba. O título do filme refere-se às pessoas inocentes que morrem por estar na hora e no lugar errados.
A Sony Pictures Entertainment, divisão do grupo japonês Sony Corp., retirou de cartaz os anúncios do filme ?Homem Aranha?, a ser lançado em maio, que mostra ladrões de banco sendo presos em uma teia tecida entre as torres do World Trade Center.
As duas torres foram atingidas por aviões na terça-feira e desabaram. A Sony também recolheu pôsteres em que as torres apareciam refletidas nos olhos do herói.
A ABC cancelou a exibição do filme ?The Peacemaker?, prevista para sábado. A trama envolve terrorismo nuclear.
?Não os vejo apropriados para o momento?, disse a porta-voz da rede de televisão. A ABC exibirá um filme romântico com Sandra Bullock e um episódio da série cômica ?America?s Funniest Home Videos.?
Já a Fox está trocando a exibição de domingo do filme ?Independence Day?, no qual alienígenas destroem a Casa Branca e o Empire State, em Nova York. Em seu lugar ser&atilatilde;o reprisadas comédias.
Na sexta-feira, a Fox substituirá o filme ?Arquivo X?, que traz uma cena da explosão de um prédio, pela comédia romântica ?Nine Months?, estrelada por Hugh Grant e Julianne Moore.
Enquanto isso, a produção de outros filmes menos problemáticos também foi temporariamente suspensa.
As filmagens de ?MiB — Homens de Preto 2?, de Barry Sonnenfeld, ambientado e parcialmente rodado em Nova York, estavam programadas para continuar na terça-feira, no estúdio da Sony em Culver City. A produção foi suspensa.
O filme animado ?The Ice Age?, da Fox, teve sua produção suspensa pela Blue Sky Studios, de White Plains, Nova York. Não se sabe quando ela será retomada.
As tragédias não interromperam os trabalhos de produção da DreamWorks, que tem só um projeto em fase de filmagens: ?The Tuxedo?, um filme de ação estrelado por Jackie Chan. As filmagens prosseguiram em Toronto."
"TVs dos EUA perdem milhões em publicidade por cobrir ataques", copyright O Estado de S. Paulo / Reuters, 15/09/01
"As redes de televisão dos Estados Unidos vão perder centenas de milhões de dólares, disseram hoje executivos da publicidade, porque decidiram colocar no ar a cobertura contínua, sem intervalos comerciais, das notícias relativas aos atentados ao World Trade Center e ao Pentágono.
O economista Jack Myers, da firma de pesquisas Myers Reports, estima que as seis redes de televisão aberta dos Estados Unidos _CBS, NBC, ABC, Fox, WB e UPN_ e os canais de notícias a cabo _CNN, MSNBC e CNBC_ podem perder US$ 40 milhões por dia pelo fato de abrir mão dos anúncios.
Embora digam que não se arrependem da decisão e falem de sua responsabilidade de manter o público informado, a iniciativa pode agravar a situação do mercado publicitário, que já estava em baixa e já causou prejuízos à maioria das empresas de mídia.
?A perda de receita publicitária é astronômica?, disse ele. ?Este é um golpe devastador desferido contra as empresas de mídia.?
As quatro maiores redes pretendem continuar hoje, pelo terceiro dia consecutivo, a transmitir notícias 24 horas por dia, sem interrupções.
A ABC pretende prolongar a cobertura sem intervalos até a noite de hoje. A NBC esta pensando em retomar hoje sua programação normal do horário nobre, mas disse que essa decisão pode mudar, dependendo dos acontecimentos. A Fox e a CBS ainda não decidiram o que fazer.
Representantes das quatro redes se negaram a discutir o impacto financeiro do noticiário ininterrupto, 24 horas por dia.
?Acho que ninguém está pensando nesses termos?, disse Kevin Brockman, da ABC. ?Estamos assumindo nossa responsabilidade com os telespectadores norte-americanos.?
Um representante de uma rede disse extra-oficialmente que os anunciantes que já pagaram para ter seus anúncios no ar talvez abram mão de ser compensados."
"?Oh, my god!?", copyright No (www.no.com.br), 13/09/01
"A internet paga o pão que me alimenta o corpo, mas a verdade me lava a alma e precisa ser dita: quem há de negar que a televisão lhe foi superior nos últimos dias? Enquanto os aviões explodiam ao vivo nos canais de todo o mundo, era impossível acessar qualquer site de notícia sem rezas ou mandingas. Teve gente que sacolejou, deu tapa no cangote do terminal, justo como se fazia antanho para que as válvulas do aparelho de TV tomassem vergonha e jogassem as imagens no ar. Nem assim, nem no tranco, a coisa funcionou. Congestionou o tráfego, me explicavam, como se o suprasumo da modernidade não passasse de uma miserável Linha Vermelha.
A saída foi a velha e boa televisão, se é que se pode chamar de velha uma senhora de estampa afinada pelo desenho do modelo digital, que agora está colocando no ar imagens retiradas de videofone. De tecnologia não entendo abacate, e morro de vergonha só em pensar que a Córa Ronai possa estar lendo isso, mas da próxima vez que lhe anunciarem o último horror, e ele chega no telefonema de um amigo ou no grito de uma vizinha, corra para a televisão que a reportagem da CNN já estará no local. O clichê de que nunca mais seremos os mesmos, serve não só para a geopolítica e aquela viagem anual a Manhattan. A televisão mudou. Já fomos à lua, já vimos os mísseis cruzando o céu do Iraque e o exu-caveira no momento em que incorporava dentro do 174. Mas em Nova Iorque foi demais. Dez.
A rapidez, a quase instantaneidade com que a televisão está chegando aos acontecimentos, é espantosa – e olha que eu me lembro muito bem do dia em que cheguei em casa da escola, devia ser no início dos anos 60, e a televisão na sala mostrava ao vivo o incêndio no edifício Astória no Centro do Rio. Gente passando de um edifício para o outro numa escada cruzada entre as janelas sobre o precipício. O sensacional já era a vivo em 60. Mas o incêndio precisava ser lento como o do Astória, que começou embaixo e isolou as vítimas nos últimos andares. Deu tempo da equipe chegar e armar sua tralha. Agora não. A CNN entrou no ar cinco minutos depois que o primeiro avião bateu na torre. No mesmo momento em que a internet dava o primeiro informe sobre o ataque. Foi um banho. O segundo avião foi ao vivo. E aquele mulher gritando ?oh my god? em off – ou foi você, ou fui eu? – é um dos sinais sonoros mais emblemáticos destes tempos.
Os equipamentos portáteis, mais leves e digitais, estão dando a sensação de que, breve, a reportagem vai chegar antes. Semana passada as televisões brasileiras tinham feito algo parecido com o seqüestrador dentro da casa do Silvio Santos. Uma repórter, embora sem câmera – logo todos os repórteres terão uma microcâmera nos óculos – , viu quando o cara entrou na casa. Ainda não havia a polícia. A jornalista, parece que agora será sempre assim, havia se antecipado aos fatos. Com jornalistas e câmeras espalhados por todos os cantos, o mundo só tem a lucrar. A informação chega da sua fonte primária, sem intermediário. E cada um que conclua. A violência ao vivo, por exemplo, perdeu todo seu glamour. O bandido Cara de Cavalo foi cultuado no final dos anos 60 pela vanguarda das artes plásticas. Hélio Oiticica criou um estandarte com a inscrição ?Seja marginal, seja herói?. Ninguém sabia direito de seus crimes, se era mesmo o diabo que a polícia informava. Na dúvida, criou-se a lenda. Hoje, matando ao vivo, Cara de Cavalo seria apenas um cavalo como outro qualquer.
O telejornalismo brasileiro tem se saído extremamente bem nesses últimos acontecimentos. Primeiro houve a sensibilidade de abrir o tempo que fosse necessário para todos acompanharem os dramas de Silvio e Nova Iorque. No caso brasileiro ainda pulsou um leve sensacionalismo na maneira como as mulheres-bandidas exploravam e se deixavam explorar pelo veículo. O caso de Nova Iorque está apenas começando, mas o saldo é bom. A chupada nas imagens da CNN é perfeita, afinal parece que o Big Brother do Orwell atende na intimidade pelas siglas.
Carlos Nascimento esteve ótimo como narrador do fim do mundo. Frio, sem interjeições, sabe que em casa todo mundo pode estar gritando pelo god que quiser. Ele não. Descreve cada apocalipse em que se mede com frases curtas e informativas na medida em que a confusão permite. Dá a sensação de que se o Bush está perdidão, alguém precisa manter o barco equilibrado. Nascimento, bom timoneiro no caso Silvio Santos, repetiu a dose em Nova Iorque. Espera-se que a Globo já tenha lhe providenciado um estúdio-acampamento confortável e muito gengibre para a garganta. Pois a guerra, dei uma olhada agora na CNN e achei a movimentação atrás do locutor mais tensa do que o habitual, parece que a guerra não passa de hoje."
"CNN vira porta-voz dos EUA", copyright Folha de S. Paulo, 13/09/01
"O jornalista inglês Chris Cramer, 52, presidente da CNN Internacional, chegaria hoje ao Brasil para participar do 1? Encontro Internacional de TV, no Rio. Mas teve de cancelar a viagem para coordenar o trabalho dos cerca de 4.000 profissionais envolvidos na cobertura da tragédia nos EUA.
O sinal da CNN, na terça-feira, foi usado por TVs de vários países em um único dia mais do que em toda a cobertura da Guerra do Golfo, segundo Chris Cramer.
O canal, que garante ter sido o primeiro a exibir imagens dos ataques, não havia divulgado os números de audiência até ontem, mas esperava recorde histórico.
Depois de 25 anos na BBC, onde participou da cobertura dos conflitos no Golfo, e de ter tido ascendência impressionante desde que entrou na CNN, em 96, Cramer não demonstra se assustar com o peso de comandar a principal fonte de informação do drama americano. Acredita que outras ?grandes histórias? tenham dado à CNN experiência para lidar com os fatos de terça. Mas admite que a surpresa e dimensão dos ataques complicaram o planejamento e impediram análises profundas da cobertura. ?Não era um dia propício a discussões mais sofisticadas sobre jornalismo.?
Da sede da CNN em Atlanta, Cramer concedeu entrevista à Folha, por e-mail. Leia os trechos:
Folha – Quantos profissionais da CNN estão trabalhando na cobertura dos ataques aos EUA?
Chris Cramer – Todo o ?staff? da CNN, com 4.000 profissionais, tem trabalhado na história nas últimas 48 horas da CNN. Alguns viraram a noite, outros fizeram turnos. Nossa equipe internacional está sendo reorganizada.
Folha – Houve tempo para discutir o tipo de tratamento que dariam aos fatos? Que recomendações editorais foram dadas aos jornalistas?
Cramer – O treinamento e experiência de nossa equipe nos capacita a produzir o tipo de cobertura que temos. Mas é claro que tivemos de ir planejando tudo conforme os acontecimentos.
Folha – Você já tem os números de audiência da terça? É possível saber quantas pessoas assistiram à CNN em todo o mundo?
Cramer – Ainda estamos esperando os resultados. Mas sabemos que poucos minutos depois que a CNN transmitiu o choque do segundo avião ao World Trade Center, redes de TV no mundo todo interromperam a programação para transmitir o evento usando as imagens da CNN. Com a criação de mais canais de notícia 24 horas desde a Guerra do Golfo, só ontem [terça? o sinal da CNN foi mais usado do que em toda a cobertura do conflito de 1991.
Folha – Quanto a CNN gastou com a compra de vídeos de cinegrafistas amadores? Qual o preço, por exemplo, da imagem do primeiro avião se chocando à torre, que só foi ao ar por volta da meia-noite?
Cramer – Um grande número de vídeos nos foi oferecido e alguns foram levados ao ar. Nós não discutimos os termos contratuais do material que utilizamos.
Folha – Em que momento conseguiram as primeiras imagens dos bombardeios no Afeganistão?
Cramer – Estávamos transmitindo do Afeganistão já havia alguns dias a cobertura do julgamento de membros de ONGs pelo Taleban. Nosso correspondente ainda estava lá quando história estourou.
As imagens de lá vêm todas por internet?
Cramer – Usamos também satélite e câmeras leves comuns. Mas a tecnologia está melhorando, e os resultados são impressionantes.
Que paralelos traça entre esta cobertura e a da Guerra do Golfo?
Cramer – Eu trabalhei na BBC na Guerra do Golfo, mas é difícil comparar as duas coberturas, primeiro porque, naquela ocasião, foi possível programar as coisas, o que não aconteceu ontem [terça?. Depois, a Guerra do Golfo durou semanas e agora estamos apenas no segundo dia dessa história.
Como lida com a responsabilidade de mostrar ao mundo esse episódio histórico?
Cramer – Enfrento isso fazendo a cobertura mais didática e competente de que somos capazes."
"Edição de ontem é uma das mais bem avaliadas da Folha", copyright Folha de S. Paulo, 13/09/01
"A edição de ontem da Folha, que trouxe os primeiros relatos dos atentados terroristas nos EUA, obteve uma das melhores avaliações dos leitores paulistanos desde o início das medições feitas pelo Datafolha, em 1996.
Levantamento parcial do instituto mostra que 47% dos leitores da edição São Paulo consideraram a edição ótima; a média da semana terminada ontem foi de 18%.
A pesquisa é feita diariamente pelo Datafolha. A escala de avaliação das edições compreende os quesitos ?ótimo?, ?bom?, ?regular?, ?ruim? e ?péssimo?.
Somando os conceitos ?ótimo? e ?bom?, sempre de acordo com o Datafolha, a aprovação da edição de ontem chegou a 95%. Esse índice é um dos mais altos desde o início dos levantamentos feitos pelo instituto; perde apenas para as edições que trataram da queda do Concorde na França (26/4/2000, com 98% de ótimo/bom), da morte de Luís Eduardo Magalhães (22/4/98, com 97%), da morte da princesa Diana (1?/9/97, com 96%) e do início do processo de impeachment do então prefeito de São Paulo, Celso Pitta (19/4/ 2000, com 96%).
A Folha também dobrou sua circulação em bancas, tanto em São Paulo quanto nos outros Estados. Informações preliminares indicam que, ontem à tarde, os exemplares do jornal vendidos em banca já estavam esgotados. A circulação total do jornal, ontem, foi de 447 mil exemplares."
"Multimídia – Editoriais", copyright Folha de S. Paulo, 13/09/01
"The New York Times – de Nova York
EUA – ?Este não pode ser apenas um momento em que o presidente diz que os EUA são invulneráveis (…). Deve ser a ocasião para reavaliar as atividades de defesa e inteligência. É preciso examinar como o país pode reagir (…) sem sacrificar suas liberdades.?
USA Today – de Arlington
EUA – ?O objetivo deve ser identificar a ameaça e removê-la. (…) O ideal seria que a reação fosse mais do que militar: unir aliados e outros grandes países em uma aliança global para declarar guerra ao terrorismo. (…) Viver com medo não é uma opção em absoluto.?
The Times – de Londres
REINO UNIDO – ?O sonho americano foi o alvo dos ataques terroristas coordenados e mortais de ontem aos símbolos mais potentes do poder político, comercial e militar do Ocidente. (…) Mas foi mais do que isso: foi um ataque à sociedade civilizada liberal.?
Le Monde – de Paris
FRANÇA – ?É um novo mundo que se anuncia, no qual a hiperpotência acaba de mostrar sua vulnerabilidade ao hiperterrorismo. (…) Mas, passado o luto, virá o tempo das perguntas. Elas questionarão a pertinência das escolhas de Bush.?
Corriere della Sera – de Milão
ITÁLIA – ?Somos todos americanos. (…) Kennedy pronunciou em 1963 (…): sou berlinense. (…) Na época, se pensava que o mundo era frágil e inseguro. Não era assim. (…) Agora estamos verdadeiramente em guerra. E o que é pior, o inimigo é invisível.?
El País – de Madri
ESPANHA – ?O que ocorreu nos EUA pode repetir-se na Europa, já que o fator de emulação do terrorismo, como demonstrou a história recente, é muito grande em um mundo midiatizado (…). É preciso evitar a histeria entre os dirigentes políticos.?
Haaretz – de Tel Aviv
ISRAEL – ?Sem informações que determinem com segurança quem planejou e executou esses atos de terrorismo (…) é possível culpar todos os que estão dispostos a aceitar uma solução feita de violência e assassinatos como um caminho para a justiça.?
Clarín – de Buenos Aires
ARGENTINA – ?É indispensável organizar uma estratégia de resposta ao terrorismo para que os povos não se transformem em seus reféns, mas sem promover uma escalada de enfrentamentos e represálias que encaminhem o mundo para a barbárie.?
The Wall Street Journal – de Nova York
EUA – ?Nossa sociedade da informação deve, supostamente, nos fornecer notícias instantâneas e críveis. (…) Mas esse era um cenário pré-moderno, com rumores de guerra, multidões observando TVs ligadas através de vitrines de lojas de eletrodomésticos.?
The Washington Post – de Washington
EUA – ?Os americanos terão de fazer os sacrifícios que um estado de guerra exige. (…) Um estado de guerra também significa um compromisso nacional, alimentado pela cooperação bipartidária em Washington, para atacar e derrotar os inimigos do país.?"