Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Bruno Yutaka Saito

BEHIND THE MUSIC

“Série vê o artista e seu lugar na história”, copyright Folha de S. Paulo, 8/09/03

“Um dos maiores problemas de documentários musicais na TV é o fato de simplesmente acumularem dados biográficos da personalidade em questão, sem levar em conta o momento histórico.

A série ?Behind the Music?, que é exibida no canal Multishow na faixa ?Por Trás da Fama?, lembra que um artista pop é também reflexo de um momento específico.

Neste mês, o canal exibe episódios dedicados a anos que marcaram (sob a ótica americana) o fim ou o início de algumas ?revoluções?. Hoje vai ao ar o especial sobre 1972; amanhã, o de 1981.

No caso de ?1972?, por exemplo, é quase impossível falar da música sem levar em conta os percalços do governo de Richard Nixon e a luta contra a Guerra do Vietnã.

Segundo o documentário (que traz o relato de políticos e jornalistas), 1972 foi o ano em que ?o idealismo deu lugar ao cinismo?.

O cinema seguia o espírito de ?fim da inocência? com filmes como ?O Poderoso Chefão? e ?Laranja Mecânica?.

Na música, John Lennon iniciava um movimento antiguerra e era deportado; Alice Cooper servia de refúgio para os jovens que não estavam muito ligados em política; mas foi David Bowie, como Ziggy Stardust, quem sinalizou a ênfase na artificialidade.

Ali, as mensagens políticas deixariam a música para atingir audiências cada vez maiores, transformando o rock em um ?quase espetáculo da Broadway?.

Nove anos depois, a chegada da MTV marcaria outra mudança. ?1981? retrata como as rádios americanas perderam seu caráter experimental para se submeter aos ?consultores de programação?, que usavam pesquisas de opinião para aumentar os lucros.

Em agosto daquele ano, o videoclipe de ?Video Killed the Radio Star?, do Buggles, marca a estréia da MTV nos EUA. Foi um ?olé? nas rádios, que facilitaria o sucesso de artistas como Duran Duran, Madonna e Men at Work.

POR TRÁS DA FAMA 1972. Quando: hoje, às 15h, no Multishow.

POR TRÁS DA FAMA 1981. Quando: amanhã, às 21h45, no Multishow.”

 

NO MUNDO DOS MACHOS

“Homens sensíveis e ?brucutus? ganham séries”, copyright Folha de S. Paulo, 7/09/03

“O homem moderno vive uma crise de identidade. Pelo menos na TV paga, ele é o próprio dr. Jekyll e sr. Hyde. ?Manchild? (Eurochannel) e ?No Mundo dos Machos? (Multishow), séries que serão exibidas nesta semana, expõem (e riem) dos extremos e das contradições dessa figura outrora onipotente.

?Manchild? é a mais interessante. Saudado como uma espécie de versão masculina da sitcom ?Sex & the City? (Multishow), a série produzida pela BBC inglesa estreou no exterior no ano passado com grande sucesso.

Enquanto ?Sex? vasculha os relacionamentos e o sexo sob a ótica feminina -através das desventuras de quatro mulheres independentes beirando os 30, em Nova York-, ?Manchild? tem como protagonistas quatro amigos na faixa dos 50, em Londres. Portanto, supõe a série, homens sofrendo as crises da meia-idade.

?Manchild? segue uma linha que começou a ser mais visível com filmes como ?Ou Tudo ou Nada? (1997) e livros de Nick Hornby como ?Alta Fidelidade? (1996). Estamos na seara dos homens ?sensíveis?, que admitem e bradam suas fraquezas, ?losers? (perdedores) em alguns casos.

Fragilidade masculina

E como agiriam tais ?losers? se eles tivessem (muito) dinheiro no bolso? Quem conecta a trama é Terry (Nigel Havers, 53), um pai divorciado. Tem uma namorada adolescente e é um rebelde sem causa tardio: adora motos potentes. Anthony Stewart Head, 49, faz James, sedutor barato e dentista de classe média alta. Completam o quarteto Patrick (Don Warrington), um excêntrico colecionador de arte, solteiro convicto, e Gary (Ray Burdis, 45), o mais ?estável?, casado e supostamente feliz.

Na série, o grupo frequenta bares caros e gasta dinheiro com vinhos para impressionar garotas mais jovens. Mas nunca de uma forma machista.

?A comparação com ?Sex? é meio óbvia. ?Manchild? é mais indulgente na questão do sexo?, diz Ray Burdis, em entrevista à Folha. Já no primeiro episódio, James passa pelo pesadelo da maioria dos homens: a impotência. No tratamento médico, aproveita para dar uma ?esticada? no pênis.

Para Burdis, a intenção não é retratar o homem moderno. ?Não existem muitas pessoas na vida real como eles?, diz. ?Na maior parte do tempo, você nunca vive sua vida. Precisamos pensar sobre isso, ter fantasias e aproveitar a vida. Esse é o verdadeiro assunto.?

Como é comum nas comédias britânicas, a ironia chega a massacrar os personagens. São eles simples idiotas ou caras que se deram bem na vida? ?À primeira vista, eles parecem ser muito espertos. Mas eles são acidentalmente idiotas, agem como crianças. É um tipo de charme, a graça da série.?

Clichês sobre o homem

Já ?No Mundo dos Machos? joga anos de correção política pela janela ao mostrar homens assumindo e brincando com seus mais caros estereótipos.

Produzido para a TV norte-americana, o programa é um show apresentado por dois sujeitos, Adam Corola e Jimmy Kimmel, que investem em piadinhas sexistas. Chega a lembrar as ?aulas? do guru machista interpretado por Tom Cruise em ?Magnólia? (1999). No auditório, formado quase que totalmente por homens com canecas de cerveja na mão, os apresentadores vão mostrando quadros sobre sexo -do tipo ?Como se comportar em um clube de striptease?- e pegadinhas à ?Jackass? -com rapazes obesos mostrando as nádegas. Detalhe: as poucas mulheres presentes são animadoras que, quando não exibem decotes, vestem fantasias de colegiais, enfermeiras etc.

MANCHILD. Quando: amanhã, às 21h30, no Eurochannel.

NO MUNDO DOS MACHOS. Quando: sábado, às 22h30, no Multishow.”

 

TV / CLASSIFICAÇÃO

“Governo negocia mudança na classificação”, copyright Folha de S. Paulo, 7/09/03

“Discretamente, o Ministério da Justiça vem se reunindo com as emissoras de TV para discutir mudanças nas regras de classificação indicativa dos programas. A secretária nacional de Justiça, Cláudia Chagas, já teve encontros com Globo, SBT, Record e Band. Nesta quarta, será a vez da Rede TV!.

O ministério deve anunciar na próxima semana a criação de comissão para detalhar as mudanças, que devem ser editadas, em portaria, até o final do ano.

Os programas são classificados por horários, a partir das 20h, conforme seus conteúdos. São usados como critérios os graus de violência, sexo e desvirtuamento de valores éticos, entre outros.”