MONITOR DA IMPRENSA
REVISTAS
Muitas revistas famosas estão ficando mais baratas. Em esforço para atrair mais anúncios por preços mais altos, diversas revistas diminuíram consideravelmente seus preços de assinatura para impulsionar a circulação.
De acordo com a Audit Bureau of Circulations, entre junho de 1998 e junho de 2000, várias revistas apresentaram redução de preço para assinantes. A Woman’s Day, a George e a Seventeen reduziram seus preços em 28%, 22% e 13%, respectivamente, segundo matéria de Keith L. Alexander [USA Today, 24/10/00].
São muitas as pressões a que revistas norte-americanas vêm sendo submetidas – a taxa de envio postal deverá subir 15% no ano que vem, haverá maior competição por anúncios, à medida que a economia desacelera e anunciantes recuam, entre outras questões preocupantes.
Com a disputa por publicidade contrasta-se a cada vez maior seletividade de anunciantes, que, por querer pisar em terra firme em épocas de "mangues econômicos", asseguram preços inabalados apenas em títulos mais vendidos, como People, Time e Men’s Health, que subiram de 1998 para cá.
LOBBY
Peter McFarren, correspondente veterano da Associated Press na Bolívia, demitiu-se no dia 23 de outubro para assumir o lobby do governo, após se apresentar ao Senado.
De acordo com matéria de Howard Kurtz [The Washington Post, 24/10/00], os esforços extracurriculares de McFarren foram postos à mostra pelo jornalista Al Giordano, ex-redator do Boston Phoenix. "Imagine se um correspodente político para um diário importante de Washington for encontrado fazendo lobby em favor do projeto de uma indústria privada no Congresso norte-americano", disse Giordano. "O problema é que correspondentes americanos na América Latina são pouco ‘vigiados’."
Jack Stokes, porta-voz da AP, disse que McFarren pediu demissão voluntariamente. Stokes recusou-se a responder a questões sobre um aparente conflito de interesses.
McFarren nasceu na Bolívia e tem dupla cidadania, boliviana e americana. Pela segunda vez, foi eleito presidente da Fundação Quispus, que construiu museus pelo país. Em entrevista ao NarcoNews.com, jornal online de Giordano, McFarren afirmou não haver conflitos por não estar sendo pago por seu lobbying. Reconheceu, no entanto, que seus projetos poderiam "levantar fundos para cultura e Quispus receberia os lucros."
O código de ética da AP diz que uma organização noticiosa deve "relatar assuntos que dizem respeito a assuntos pessoais com o mesmo vigor com que devem relatar assuntos de outras instituições ou indivíduos".
LEGISLAÇÃO
Organizações midiáticas e civis defensores do livre arbítrio estão preocupados com o fato de a nova legislação criminalizar vazamentos de todas as informações governamentais "apropriadamente secretas" norte-americanas. Para os temerários, a novidade terá efeito prejudicial ao livre discurso e ao debate público.
A providência antivazamento, criada para estancar o que oficiais decretam torrente de vazamentos danosos à mídia, tramitou no Congresso em outubro sem audiência do público. O projeto foi encaminhado à Casa Branca, onde a advogada Janet Reno e outros oficiais-sênior declararam apoio.
A medida, elaborada pelo senador e presidente do Comitê do Senado de Inteligência Richard C. Shelby, do Alabama, representa a primeira vez que o Congresso coloca a lei criminal atrás do sistema secreto dos governos, fazendo com que a desconfortável e não autorizada disposição de material secreto seja crime digno de, no mínimo, três anos de prisão.
Segundo matéria de Vernon Loeb [The Washington Post, 24/10/00], anteriormente o Congresso resistiu à tentação de ampliar tais proibições criminais a todas as informações secretas, temendo ameaçar a Primeira Emenda e exagerar, aos olhos dos civis, na classificação de documentos como secretos, em um país que já torna confidenciais cerca de 8 milhões de documentos ao ano.
A legislação antivazamento não pune jornalistas que publiquem ou transmitam informação secreta, mas apenas os que, dentro do governo, espalharam informações dessa natureza sem autorização. O Departamento de Justiça raramente procura um jornalista para esclarecer casos de vazamento. Mas a reclamação de civis e organizações midiáticas reside no fato de que, inevitavelmente, quem processa por vazamento levará promotores a intimar jornalistas para identificar suas fontes, o que jornalistas se recusarão a fazer.
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