Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Canal hebraico

EGITO

Pela primeira vez, uma nação árabe lançará um canal de TV totalmente em hebraico. A partir do começo do ano que vem, o Egito transmitirá quatro horas de programação diária, apresentando noticiários, shows e boletins culturais. A nova estação, dirigida pela estatal Nile TV ? que também exibe programas em inglês e francês ?, tem como público-alvo cidadãos de Israel.

Hasan Aly Hasan, subsecretário do ministro da Informação, que vai chefiar a rede, afirma que o objetivo é atingir telespectadores judeus "que podem só ter conhecimento dos problemas árabes com Israel do ponto de vista israelense". Apesar do tratado de paz assinado pelos dois países em 1979, as relações diplomáticas estão congeladas. Para Hasan, a TV pode mudar essa crescente divisão.

A nova estação parece ser uma resposta aos planos da TV israelense de lançar um canal 24 horas inteiramente em árabe ? até agora, programas neste idioma são exibidos por apenas algumas horas no país. A embaixada israelense no Cairo mostrou-se cética em relação à iniciativa: "Os egípcios estão assumindo a liderança no mundo árabe ao lançar a primeira transmissão em hebraico. O problema é: vai ter alguém em Israel assistindo?", perguntou um porta-voz.

Mas os analistas locais estão animados, afirma Nicole Veash [The Christian Science Monitor, 12/12/01]. O jornalista Mohamed Auda acredita que, com a crise vivida em Israel, "é possível que o público esteja à procura da opinião real do mundo árabe". Na opinião do colunista Abdel Azim Ramadan, "mesmo que haja propaganda" o canal pode ter o mérito de mostrar fatos históricos da perspectiva árabe e, "esperançosamente, unir nossos povos".

CHINA

Pequim está tomando medidas rígidas contra companhias de TV a cabo que fornecem canais estrangeiros ao público local, burlando à proibição do governo. Antenas parabólicas ilegais devem ser desmanteladas na capital até 20/12, ou os infratores pagarão multa de até US$ 6 mil. Para o governo, a venda de programação estrangeira a assinantes privados é prática que "perturba a segurança nacional, a ordem econômica e a dignidade da lei estatal", escreveu o jornal Beijing Morning Post.

A ação repressiva vem ao mesmo tempo em que outras áreas do país estão afrouxando restrições a empresas estrangeiras. Segundo a Associated Press (13/12/01), Phoenix, a emissora chinesa da qual participa a americana News Corp., recebeu em outubro permissão para transmitir para regiões da província de Guangdong; a AOL Time Warner fez um acordo semelhante para seu canal a cabo sediado em Hong Kong.

ANTRAZ

Dois meses após surgirem os primeiros casos de antraz cutâneo, causados por cartas contaminadas, as redações de jornais americanos encontraram maneiras distintas de proteger seus funcionários. No prédio do USA Today, a correspondência considerada suspeita vai para um forno especial, o Heat Chamber: "Quando chegam cartas que não podemos identificar e parecem ser um problema, nós as colocamos no forno e as assamos, em temperatura alta o suficiente para matar o antraz", conta a porta-voz Tara Connell. A medida pode não ser tão eficiente, revela Adam Pasick [Reuters, 11/12/01], já que o próprio fabricante admite não ter testado o equipamento com esta bactéria.

Nas sucursais do Chicago Tribune e do Los Angeles Times, as medidas são usar raio-X para ver o conteúdo de pacotes e cartas ou construir salas especiais para recebê-los, com sistema de ventilação próprio, distantes da redação. Já o New York Times, que viveu momentos de pânico quando uma repórter recebeu carta com pó branco (que afinal não era antraz), prefere por precaução esterilizar toda a correspondência recebida pelo escritório de Manhattan, pelo mesmo processo de vaporização utilizado em instrumentos médicos. A tinta escorre, mas "as cartas chegam inteiras e legíveis", diz a porta-voz Kathy Park.