Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Carlos Chaparro

FONTES & JORNALISMO

“Quarta revolução, a das fontes”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 16/01/04

“O XIS DA QUESTÃO ? As fontes adquiriram a capacidade de produzir conteúdos noticiosos, embutidos em ações e falas recheadas de ingredientes jornal&iaiacute;sticos. Incorporaram a notícia ao acontecimento que produzem. E pela notícia, de forma cada vez mais eficaz, os sujeitos institucionais exercem o sagrado direito de dizer. Será isso prejudicial à democracia? Seria preferível uma sociedade em que o poder de dizer pertencesse apenas aos jornalistas?

A discussão não está feita. Mas talvez possa começar por aí.

1. Samba do crioulo doido

Assim como é fácil, no jornalismo do dia-a-dia, encontrar notícias rigorosamente iguais em jornais diferentes, também encontramos, para um mesmo fato, relatos antagônicos, que se desmentem reciprocamente. E começo por um caso desses. No início da semana, em dias sucessivos, o ministro José Dirceu reuniu-se duas vezes com a cúpula do PMDB, em Brasília: a primeira na noite de domingo, 11 de janeiro, em jantar na casa do senador José Sarney; a segunda, dia 12, em almoço no restaurante Piantella. No menu das conversas, como prato único, a difícil negociação de espaços ministeriais para o PMDB.

Nas edições de terça-feira, dia 12, as editorias de política centraram foco nessa briga pelo poder. E informando, desinformaram. Os dois principais jornais de São Paulo, por exemplo, ofereceram relatos divergentes do acontecido. Para a Folha de S. Paulo, o PMDB acertou com José Dirceu ?e vai ganhar duas pastas verticalizadas?. Já o Estadão, garantia aos seus leitores que o ?PMDB quer mais espaço e negociação emperra?.

Em qual dos jornais acreditar? Qual deles oferecia a versão veraz?

Aproveito esse recorte para colocar uma questão que vale a pena discutir: se os fatos são os fatos, tal como se deram, e se a eles se deve ater a notícia, como explicar versões tão antagônicas em relatos de um mesmo acontecimento?

Para quem é do ramo, a resposta sempre terá carga maior ou menor de obviedade. Todos sabemos que isso pode acontecer ? e acontece com freqüência, em especial na informação da política – quando os jornalistas ficam impedidos da observação direta do que se passa. E jornalista não mete o bico em almoços e jantares onde se fazem acertos políticos em tramas de tal magnitude. No máximo, abre-se uma janela para a fotografia comprobatória, como aconteceu no almoço do Piantella. Assim, o relato jornalístico de fatos que o jornalista não pôde ver depende inteiramente do que as fontes revelam aos repórteres. Cada uma das partes diz ou deixa de dizer o que lhe convém, tendo em vista os desdobramentos desejados. E quanto mais complexo é o fato ou o conjunto de fatos, mais as fontes aumentam o poder de dizer.

No caso especifico aqui referido, a Folha optou, claramente, pelo ?off? da informação palaciana, para elaborar o cenário da nova divisão de espaços delineado na perspectiva petista. O Estadão, ao contrário, decidiu valorizar o ?ainda não decidido?, preferindo fontes pelas quais o PMDB fala ou silencia – também em ?off?, naturalmente. Só que nenhum dos dois jornais explicou aos leitores as escolhas feitas, menos, ainda, as razões por que tais escolhas foram feitas.

Quem apenas leu um dos dois jornais, viajou no embalo da respectiva versão oferecida. E ficou desinformado. Quem pôde ler os dois jornais, e fez comparações, talvez se tenha divertido com o samba do crioulo doido em que resulta a soma das duas coberturas.

2. O poder das fontes

O que temos aí é apenas um exemplo corriqueiro do enorme poder de interferência que as fontes detêm e exercem, nos processos jornalísticos. Um poder que se manifesta de forma assombrosa no espaço e no tempo das áreas jornalísticas responsáveis pela pauta, em todos os meios. Quem duvidar que arranje jeito de acompanhar de perto um dia de trabalho de qualquer pauteiro. Já fiz isso, algumas vezes e em redações diferentes.

Ao contrário do que alguns pensam, a força das fontes não está na quantidade de press-releases distribuídos nem na freqüência de entrevistas coletivas que organizam. O poder das fontes está na capacidade adquirida de produzir conteúdos noticiosos, embutidos em acontecimentos recheados de ingredientes jornalísticos. Se preferirem, é o poder de gerar e alimentar conflitos cujo sucesso interessa ao relato jornalístico e só no relato jornalístico se realiza.

Uma das variáveis que explicam essa capacidade é a estimativa, que levantamentos recentes autorizam a fazer, de que pelo menos 40% dos jornalistas profissionais trabalham em assessorias de imprensa ou de comunicação, dentro de instituições ou a serviço delas. Não precisamos ir longe para sentir o peso dessa realidade: entre os que freqüentam os espaços do Comunique-se, a proporção deve estar reproduzida.

As áreas de comunicação detêm hoje um poder próprio, e crescente, dentro das organizações ? da mais poderosa multinacional à mais atrevida ou criativa Ong. Que papel lhes cabe? São muitas as respostas possíveis. Mas se olharmos a dinâmica democrática dos nossos dias, não é difícil perceber que vivemos em sociedades cada vez mais falantes, nas quais pela notícia as instituições agem e interagem no mundo.

3. Uma revolução

Os que conservam no imaginário e nas crenças, ainda que em forma de saudade, a idéia do jornalismo romântico, aventureiro e libertário, assentado no poder mítico das redações, não escondem a perplexidade diante do novo cenário. É a perplexidade manifestada por Ana Maria Bahiana. Em sua coluna da semana passada, escrevia ela: ?A frase do ano, que me perseguiria como o fantasma do conto natalino de Charles Dickens, foi dita primeiro como piada, mas (…) virou a mais pura constatação: existem hoje, no Brasil, mais jornalistas empregados por assessorias de imprensa do que por veículos de comunicação. (…) Não há o que avaliar em termos de ?bom? e ?mau?. É um fato da vida ? a profissão de jornalista, como eu e minha geração conhecemos, está em extinção?.

Na mesma semana, também aqui no Comunique-se, Eduardo Ribeiro anunciava ?notícias alvissareiras? no mercado de trabalho. E mais da metade do seu texto referia-se à ampliação ou ocupação de espaços profissionais nas áreas da hoje chamada ?comunicação institucional?.

O que aconteceu?

Aconteceu que as fontes fizeram uma revolução nos processos jornalísticos. Estudo o assunto há duas décadas, e estou convencido que o jornalismo vive agora a sua quarta grande revolução, cada uma delas vinculada a um determinado momento tecnológico ou político-cultural da civilização moderna: a revolução da notícia, que o telégrafo viabilizou; a revolução das tiragens, na fase da industrialização, com a rotativa, a linotipo e a zincogravura; a revolução da reportagem literária, nos ventos democráticos do pós-guerra; e, agora, a revolução das fontes, sob o impulso das tecnologias de difusão (as tais que criaram a possibilidade da notícia em tempo real, com instantaneidade universal) e da acelerada institucionalização das sociedades.

Apesar de desprezadas pela cultura arrogante dos manuais de redação, as fontes se organizaram, adquiriram competência, poder e querer, transformando o jornalismo no espaço público das suas ações discursivas. Ou seja: incorporaram a notícia ao acontecimento que produzem.

Até sob o ponto de vista teórico, esta é uma enorme perturbação. Não podemos mais ignorar que a revolução das fontes alterou a fisionomia e a lógica do jornalismo. Há problemas novos, que ainda não compreendemos, como o do esvaziamento das antigas funções e dos antigos poderes das redações. Por tudo isso, estamos perplexos.

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Os novos formatos e papéis do jornalismo, quaisquer que sejam, terão de fazer parte do mundo novo em mutação. Um mundo no qual, pela notícia, os sujeitos da atualidade ? do mais poderoso pai da pátria à tribo indígena mais distante – exercem, de forma cada vez mais eficaz, o sagrado direito de dizer. Será isso prejudicial à democracia? Seria preferível uma sociedade em que o poder de dizer pertencesse apenas aos jornalistas?

A discussão não está feita. Mas talvez possa começar por aí.

NOTA DE RODAPÉ

?Aprendi a respeitar as idéias alheias, a deter-me diante do segredo de cada consciência, a compreender antes de discutir, a discutir antes de condenar?.

Norberto Bobbio”

 

CONDIÇÕES DE TRABALHO

“Projeto de Lei quer aumentar jornada de trabalho de jornalista”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 14/01/04

“Um Projeto de Lei (PL) 805/03, de autoria do deputado Carlos Nader (PFL-RJ), propõe que a jornada normal de trabalho dos jornalistas seja fixada em seis horas diárias. Atualmente, a lei prevê cinco horas diárias de trabalho contínuo, podendo ter uma extensão de mais duas horas extras de trabalho, via contrato. O PL também prevê que a cada duas horas de trabalho contínuo seja concecido um intervalo de 15 minutos para repouso. Além disso, os contratantes deverão custear exames oftalmológicos uma vez a cada seis meses aos jornalistas contratados.

Carlos Nader disse à Agência Câmara que ?com a evolução tecnológica em nosso País, as empresas de publicidade e mídia empregam um número crescente de profissionais em suas mais diversas áreas de informática, principalmente a jornalística?. Isso, segundo o deputado, faz com que os profissionais sejam obrigados a executar suas atividades em frente a terminais de vídeo, o que provoca enorme desgaste físico e mental. Por isso, é preciso que a jornada normal dos profissionais em questão seja fixada.

O deputado afirma, ainda, que as doenças ocupacionais atualmente afetam a vida de muitos profissionais de classes sociais variadas. E, na maioria dos casos, o comprometimento físico é levado para a vida pessoal e familiar, afetando, muitas vezes de forma irreversível, a vida dessas pessoas?, afirmou em entrevista concedida à repórter Ana Felicia.

Contudo, a mesma matéria afirmou que ?a Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público aguarda o parecer do relator, deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ)?. O Comunique-se entrou em contato com o parlamentar, que disse desconhecer o assunto e perguntou: ?Eu sou o relator desse projeto? Não estava sabendo?.

Rodrigo Maia, que está de recesso, ainda no Rio, também explicou que as Comissões só voltarão a se reunir em fevereiro. Entretando, defendeu que assuntos sobre jornadas de trabalho são muito complexos e que preferia não emitir nenhuma opinião a respeito antes de discutir com seus colegas parlamentares.

Comunique-se também tentou falar com deputado Carlos Nader. Segundo um de seus assessores, ele está visitando suas bases eleitorais no interior no estado do Rio de Janeiro e só estará disponível para qualquer pronunciamento sobre o assunto a partir da próxima semana.”

 

PRÊMIOS DE JORNALISMO

“Prêmio pra que te quero – II”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 12/01/04

“Bom, semana passada vimos o que os jornalistas ganham com a proliferação dos prêmios de jornalismo, que deram de aparecer a três por dois de uns anos para cá: a grana do prêmio e o prestígio que também pode se transformar mais ?plata? se houver interesse de outro veículo de levá-lo – o que, no entanto, não é garantido. E o que ganham as empresas, tanto as de comunicação como as que financiam os prêmios?

Vamos começar pelo mais fácil, as financiadoras. Estas ganham por dois lados: a propaganda gratuita e uma certa blindagem. O primeiro ganho é quase direto, é só ver o espaço obtido pela empresa ao ter seu nome trombeteado em manchetes pelos veículos cujos profissionais foram laureados (ahá! Eu sabia que um dia ia conseguir botar essa palavra num texto em homenagem ao Orlando Batista, ?o mais laureado locutor esportivo?). Repercussão essa que se multiplica no caso dos prêmios que apresentam categorias regionais, também efusivamente comemoradas pelos veículos que têm profissionais vencedores nelas.

O segundo ganho da empresa patrocinadora do prêmio é mais sutil, mas não muito. Me diga lá: há alguma chance de um jornalista ganhar um concurso patrocinado por uma telefônica com uma reportagem sobre como o custo absurdo das tarifas de telefonia fixa no Brasil impede a universalização do serviço, provoca uma inadimplência enorme e é a causa de o país ter 10 milhões de linhas sobrando? É mais fácil você sair à rua agora e achar uma galinha estraçalhando um cachorro a dentadas, né?

Vamos ser claros: os prêmios andam direcionando parte das coberturas. Mais em umas editorias do que em outras, mas andam. Nenhum veículo que esteja a fim de conquistar um galardão em um determinado prêmio na editoria de economia, por exemplo, irá fundo nos meandros do mercado de distribuição de derivados do petróleo, positivo? Pode até fazer boas matérias sobre aspectos desta indústria e elas saírem até vencedoras num prêmio patrocinado por uma petroleira – mas desde que os aspectos não sejam estratégicos para o setor como um todo e que, se uma petroleira for atingida na apuração, não seja a que patrocina o prêmio.

E é por este caminho que chegamos aos ganhos das empresas de comunicação. Como se sabe, durante a década de 90, os marqueteiros não ganharam prestígio apenas entre os políticos. Nas sedes das empresas de mídia eles também passaram a dar as cartas, primeiro com aqueles atlas, dicionários e coleções diversas (lembra?), que doparam as tiragens de alguns jornais em alguns milhares de exemplares. Hoje, eles já mandam tanto que decidem até sobre o que as redações devem escrever – em pelo menos dois jornais aqui do Rio os marqueteiros sentam à mesa na hora de decidir se um caderno especial ou um novo produto (é assim que eles chamam as publicações) será editado. E o que falam tende a ser levado mais em consideração pelos executivos das empresas – normalmente bons em contas, mas que entendem quase nada de jornalismo – do que o dito pelos jornalistas.

Ora, depois do fracasso de manter as tiragens dos jornais em alta com anabolizantes de cultura ?show do milhão?, os marqueteiros descobriram que o ?produto? que os jornais entregam todo o dia nas bancas (e os telejornais e radiojornais em casa) chama-se notícia, envolta num papel no qual se lê em letras bonitas a palavra credibilidade. ?Bem?, raciocinaram os marqueteiros com aquela profundidade que é apanágio da profissão, ?temos que arranjar um tipo de credibilidade que facilmente possa ser reconhecida pelo público e que possa ser sempre renovada?.

A descrição lembra-o/a alguma coisa?

Assim, criou-se mais um tipo de matéria nas redações, sejam de jornais, rádio ou tevês: a reportagem para prêmio. Normalmente são trabalhos grandes – até mesmo séries de matérias – sobre assuntos importantes – um ganho inegável por este ângulo – mas que tendem a ser sensacionalistas, pegando o aspecto mais espetaculoso do assunto, a fim de se obterem manchetes ou chamadas mais impactantes. Este, porém, é apenas um dos problemas que as reportagens para prêmios – que acabam por contaminar outras, pois, afinal, qualquer matéria hoje pode ter veleidade de abiscoitar um premiozinho amanhã, desde que seja escrita e editada de maneira bem palpitante. Outros aspectos negativos existem e falarei deles na semana que vem, quando pretendo encerrar essa série.

Sem razão

A reação do JB ao fato de ter recebido apenas R$ 86 mil da campanha pelos 50 anos da Petrobras não se justifica, em minha opinião. Afinal, infelizmente, o jornal é cada dia mais relegado a segundo plano até no Rio, tendo perdido leitores aos borbotões na última década. Se ganhasse verbas na mesma proporção de jornais muito mais lidos como Folha, O Globo e Estado de São Paulo, aí sim seria um escândalo, não é?”

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“Prêmios para que te quero – III”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 19/01/04

“Esta é a terceira – e espero a última por longo tempo – coluna sobre os prêmios de jornalismo que de uns tempos para cá surgiram de todos os lados. Nos dois primeiros textos, falei sobre o que ganham os jornalistas e as empresas, sejam patrocinadoras, sejam as de comunicação. Agora, vamos ver o que perdemos nosotros e os leitores, telespectadores e ouvintes.

A primeira perda é uma decorrência da tendência marquetização das conquistas dos prêmios por partes das empresas. Como ganhar prêmio de jornalismo tornou-se parte da estratégia de valoração do ?produto? veículo de comunicação, as pautas passaram a ser orientadas de maneira a não ferir os interesses das empresas patrocinadoras, direta ou indiretamente.

Assim, a primeira perda por parte dos jornalistas é a da própria idéia de independência da profissão. Você e eu não somos bobos e sabemos muito bem que a independência jornalística é, na melhor das hipóteses, uma utopia e, no dia-a-dia das redações, ?palavreado flácido para bovídeo dormitar?. Ainda assim, o fim de uma idéia bonita como essa, mesmo que sem muita valia no mundo real, é uma perda que nós, jornalistas, não poderíamos nos dar ao luxo de deixar ocorrer.

Mas tem mais. Algumas instituições deram um passo à frente e não só direcionam as pautas como praticamente as escrevem. O exemplo é um instituto dedicado à infância e à adolescência que, no regulamento do prêmio que distribui anualmente, exige que a matéria concorrente não só descreva um problema ou faça uma denúncia, mas também apresente soluções, ouça crianças, adolescentes e outros membros das famílias; organizações governamentais e não-governamentais; empresas, comunidade (empresa não faz parte da comunidade?); meio acadêmico (Academia também não faz parte da comunidade?); escola (escola etc…?) e por aí vai.

Em outras palavras: o instituto, certamente na melhor das boas intenções, cabresteia o jornalista na hora de ele fazer a matéria, acabando com sua independência em dirigi-la da melhor lhe aprouver. Claro que o coleguinha não é obrigado a concorrer ao prêmio, mas e se ele fizer uma tremenda matéria, mas não ouvir nenhum membro da Academia por não ter achado necessário? Ou levantar uma denúncia fundamental para os adolescentes brasileiros, mas não apontar soluções, até por serem complexas demais para o escopo de uma reportagem? E se a matéria cumprir todo monte de exigências, mas, na hora de editar, não tiver um grande destaque por qualquer motivo (um dos quesitos é a ?qualidade da edição e do texto?)? Nas três hipóteses, o colega será injustiçado e o prêmio perde a razão de ser por não ter julgado os melhores, pois sua matéria será desconsiderada, apesar da boa qualidade jornalística.

As perdas do público são conseqüência do dito até aqui. O direcionamento das pautas, a marquetização dos conteúdos e a perda de independência dos jornalistas estão fazendo com que a sociedade brasileira, que já não é lá muito bem servida de liberdade de imprensa, a veja ainda mais cerceada e diminuída. O público pode nem perceber, mas, aos poucos, vai aumentar as dúvidas em relação à imprensa de modo geral – que hoje já atinge sete em cada dez pessoas, segundo pesquisas dos próprios órgãos representativos das empresas. Nesse momento, o que hoje é uma confraria de contentes se tornará um clube de lamentações.”