Monday, 04 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Carlos Chaparro

EDIÇÃO & APURAÇÃO

“Usos e abusos do poder de editar”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 17/07/03

“O XIS DA QUESTÃO – No jornalismo brasileiro, os editores têm um poder excessivo, e freqüentemente o usam de forma arbitrária, a ponto de se sentirem com autoridade e aptidões para fazer cortes, acréscimos e mudanças nos textos, como se tivessem sido eles, e não os repórteres, os observadores dos fatos e os entrevistadores dos protagonistas. Sem falar nos atropelos que tal comportamento provoca no direito à liberdade de expressão.

1.Caso indecoroso

A carta, com críticas ao jornal, foi apenas mais uma, entre tantas que a Folha de S. Paulo publica em seu Painel do Leitor. Nem comentários motivou por aí. Trata-se, porém, de uma carta preciosa, por nela estar embutido um conjunto de questões importantes do jornalismo – tanto no plano teórico e ético, quanto no das práticas.

Assinada pela jornalista Paula Schmitt, enviada de Beirute e publicada dia 16 de julho, a carta é um protesto, assim redigido, no que foi publicado:

A Folha excluiu da reportagem ?EUA e Israel dão novo fôlego ao Hizbollah? (Mundo, 22/6), assinada por mim, atrocidades cometidas por Israel – alterações que, segundo o editor, Sérgio Malbergier, ?vieram de cima?.

Nas dez linhas que me foram permitidas para a retificação, fica impossível mostrar como a Folha transformou a sua opinião em verdade irrefutável. Em sua ?novilíngua?, a Folha fez da invasão israelense ao Líbano uma ?intervenção?, e o Hizbollah virou um grupo que pratica ?terrorismo?. Tivesse eu arvorado-me em juíza, teria decretado que a violência oficial de Israel, baseada na crença de que os judeus foram ?escolhidos por deus? e têm a posse da Palestina assegurada pela Bíblia, é mais terrorista do que a luta do Hisbollah contra a ocupação israelense.? (segue-se a assinatura e a procedência)

Na ?Nota da Redação?, a Folha confirma a intervenção na reportagem assinada, ao dar a seguinte explicação: As alterações citadas pela missivista corrigiram o viés militante do texto, que tinha o propósito de ser uma reportagem, e não um artigo de opinião engajado em favor de um dos lados do conflito árabe-israelense.

Estava de férias, não li o texto mutilado de Paula Schmitt. Não tenho, portanto, condições de comentá-lo. Mas o fato de se tratar de um texto adulterado pela edição, mantendo-se a assinatura da autora, o que faz do episódio um caso indecoroso.

Aliás, o conteúdo e a forma da reportagem pouco ou nada interessam ao comentário quer irei fazer, voltado para duas questões: 1) A cultura de autoritarismo dos editores, na imprensa brasileira; 2) A fraude teórica que divide o jornalismo em informação e opinião, como se isso fosse possível.

2. Origens da mazela

Vamos, primeiro, à cultura de autoritarismo que marca as tarefas de editar, na imprensa brasileira. Claro que ao editor deve caber a responsabilidade pelas decisões editoriais e pela finalização do discurso jornalístico, nas respectivas publicações. Mas, no jornalismo brasileiro, eles têm um poder excessivo, e freqüentemente o usam de forma arbitrária, a ponto de se sentirem com autoridade e aptidões para fazer cortes, acréscimos e mudanças nos textos, como se tivessem sido eles, e não os repórteres, os observadores dos fatos e os entrevistadores dos protagonistas. Sem falar nos atropelos que tal comportamento provoca no direito à liberdade de expressão.

Creio que o autoritarismo dos que detêm o ?poder de publicar? possui duas origens preponderantes. A mais antiga, enraizada na história da imprensa brasileira, é a tradição de vínculos político-partidários gerados e mantidos por uma endêmica dependência financeira do poder político. São clássicas certas histórias de corrupção e controle da imprensa pelos financiamentos bancários e pelos incentivos fiscais, nos governos de Getúlio e JK. Samuel Wainer e Autran Dourado desvendaram essa realidade em livros que deviam ser mais lidos. Em outra fase, a da ditadura militar, a relação de trocas entre a imprensa e o regime foi também intensa, embora seja dessa fase a moralização profissional que pôs fim, por exemplo, à isenção de imposto de renda que fazia dos jornalistas cidadãos privilegiados. A coisa se amenizou com a reelaboração democrática, a partir dos anos 80 do século passado. Mas vários cacoetes ficaram, um deles a presença ostensiva dos donos do negócio à frente das redações e das políticas editoriais. Isso faz dos editores gerentes tão controlados quanto controladores.

Outra origem do autoritarismo das áreas e das pessoas da edição está na força que o copidesque teve na definição do modelo que o jornalismo brasileiro assumiu no pós-guerra. Antes da informatização das redações, o copidesque podia fazer o que quisesse dos textos alheios. E tornou-se uma fronteira de poder que ampliava extraordinariamente o campo de ação e intervenção dos editores. Tornou-se, também, uma espécie de matriz cultural que gerou, no Brasil, deformações como a que de se aceitar e propor que repórter não precisava saber escrever; bastava que tivesse boas fontes e faro jornalístico apurado, porque o copidesque daria jeito ao texto.

Hoje, é dos editores, mais diretamente, o poder que, antes da informatização das redações, se concentrava no copidesque.

3. Censura disfarçada

Curiosamente, o enquadramento da mutilação imposta ao texto de Paula Schmitt, no Manual da Folha, está no verbete ?Copidesque?. Está escrito: ?(…) Na Folha, o texto é copidescado de preferência pelo próprio autor. Quando for inevitável que outro jornalista o faça, a assinatura do autor deve ser suprimida se as alterações foram profundas e não puderem ser comunicadas a ele?.

Prudentemente, em outro verbete (?Censura?), o Manual define que ?não se considera censura a tarefa de editar exercida pelos responsáveis por meios de comunicação?.

Mas será que o que aconteceu não foi mesmo censura? – e do pior modelo, porque, ao se impor ao texto cortes que alteram o sentido pretendido pelo autora, pelo que se pode deduzir sem a avisar, e mantendo-se a assinatura, não apenas se cortam pedaços do texto, mas se lhe agregam sentidos que obrigam a autora a subscrever coisas com as quais não concorda.

Enfim, está aí um bom caso párea discussões e reflexões sobre as coisas do ofício. E porque já vai longa a conversa, fica para a próxima semana a discussão sobre a fraude teórica que divide o jornalismo em opinião e informação. Abro apenas uma janelinha, em forma de pergunta: ao alterar o texto, para lhe tirar o viés de ?artigo de opinião?, o que a Folha fez não foi exatamente uma intervenção opinativa?

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RECADO DE RODAPÉ – Mesmo com eventuais dores de cabeça, devido à repercussão negativa alcançada pela brincadeira a que a Contigo deu forma de entrevista, Silvio Santos deve estar ainda gargalhando com o sucesso de mais essa demonstração daquilo que tão bem sabe fazer: divertir-se e enriquecer à custa dos outros. A história virou escândalo e todos os dedos acusadores se viram para o dono do Baú. A verdade, porém, é que não lhe cabe a mínima responsabilidade pela publicação da entrevista. A decisão de publicar não pertenceu ao entrevistado, mas à revista e aos jornalistas que nela têm esse poder. Ora, se a Contigo sabia (assim se diz por aí) que tudo aquilo era mentira, então, tanto a revista quanto os jornalistas envolvidos deram uma de Silvio Santos: divertiram-se e ganharam dinheiro fazendo-nos de bobos.”

 

CRÍTICA CULTURAL

“Nada será como antes – de novo”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 15/07/03

“Abelardo Barbosa veio para confundir, não para explicar – ou pelo menos assim ele dizia. Eu, que não sou Chacrinha nem nada, sempre imaginei este espaço aqui do Comunique-se como um fórum para fazer perguntas, e não para ditar respostas. Até porque essa é a função primeira do jornalista, não é?

Nesta condição, agradeço do fundo d?alma as muitas e boas contribuições dos leitores feitas ao longo de comentários aos meus dois últimos textos. A questão do abalo sísmico que fraciona todo o panorama musical de alto a baixo é complexa, contraditória e fluida. E nos interessa profundamente, não apenas porque, como jornalistas, temos a música como parte do nosso cardápio, ou porque, como consumidores, baixamos ou não baixamos. Interessa-nos porque as perguntas que o tema levanta são perguntas que, em grande parte, se aplicam à nossa própria profissão, ela mesma, hoje, fracionada e em fluxo.

Nos tempos em que indústria do disco e indústria da música eram a mesma coisa, uma grande entidade – a gravadora – controlava a maior parte dos, senão todos os, elementos do intercâmbio entre produtor e consumidor de um bem intelectual: o conteúdo em si, a produção do conteúdo, os meios de produção do conteúdo, o suporte do conteúdo, a distribuição do suporte do conteúdo. E, em muitos casos, os próprios meios para o consumo do conteúdo (não se esqueçam de que as primeiras gravadoras surgiram como notas ao pé da página dos fabricantes de fonógrafos, assim como os primeiros estúdios de cinema nasceram das manufaturas de lanternas mágicas).

Isto não é, em grande parte, o que se passava com o jornalismo?

Se uma só entidade não mais controla todas as etapas da produção e distribuição de conteúdo, seja ele musical ou jornalístico, quem as controla? Se o acesso é livre a todas as etapas, como transformar o conteúdo em um bem rentável? Se a única forma de torná-lo rentável é como plataforma para que outros produtos sejam vendidos – através de patrocínios, apoios culturais, anúncios – estaríamos criando um mundo em que nenhuma mensagem chega até nós sem que algo nos seja vendido? É isso que queremos? Que relações isto estabelece entre o conteúdo ?livre? e o produto que ele vende?

E se o consumidor é quem detem o controle deste intercâmbio, quem assumirá o papel de preservador, de provedor de registro? Se produzimos algo unicamente para consumo instantâneo, temporário e sem grande investimento pessoal, quem produzirá o que é permanente, o que fica como documento de um tempo, de uma cultura, de um talento, de um modo de pensar e viver? E se não houvesse um microfone naquele quarto de hotel no Texas em 1936, quando Robert Johnson gravou a primeira (e mais notável) de suas duas únicas sessões de Delta Blues? E se George Martin não fosse funcionário da EMI? E se a Philips não achasse que Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Nara Leão, Tom Zé, Mutantes e Rogério Duprat davam bom caldo juntos? E se…

Agora pensem tudo isso em termos de jornalismo, também.

Eu sei, não são perguntas fáceis. Mas quem acha que jornalismo de cultura é mingauzinho de aveia está confundindo cultura com leitura de press release.”

 

OLIMPÍADAS 2012

“Rivalidade antiga”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 14/07/03

“Olá, amigos. Não há como não comentar, apesar de estar quase esgotado, o assunto Olimpíadas 2012. Na verdade, não exatamente o assunto Olimpíadas, mas sim a disputa entre Rio e São Paulo para ser a representante brasileira a se candidatar a cidade-sede da competição. Na verdade mesmo, muito menos a disputa em si, mas cobertura da disputa e os aspectos ressaltados pelas imprensas paulista e carioca.

É curioso ver como alguns pontos são mais valorizados por um lado do que por outro. Do lado dos paulistas, foi hiper-valorizada, na minha opinião, a declaração do prefeito carioca César Maia, parafraseando Vinícius de Moraes, de que beleza é fundamental, claramente mandando o recado de que a beleza do Rio ajudou na sua escolha pelos membros do COB. Ou, ainda, que a pretensa feiúra de São Paulo a teria prejudicado. Já pelo lado carioca, a imprensa reavivou a rivalidade existente entre as duas cidades, publicando matérias comemorativas, como se houvesse uma vitória de goleada contra a soberba paulista. Uma vitória dos simpáticos batalhadores contra os ricos prepotentes.

Eu, pessoalmente, acho até válido que se publique manchetes que remetam ao regionalismo, que, sem qualquer hipocrisia, existe, como sempre existiu. O que não me parece muito correto é não se analisar todos os lados da questão. Então vamos resgatar alguns comentários que surgiram com a cobertura da disputa e analisá-los. Vamos a eles:

* O prefeito quis dizer que a beleza do Rio foi fundamental na sua escolha? Sim, é claro. Mas isso não teria sido motivado pelas declarações prévias da prefeita paulista de que a capital carioca seria insegura, além de outras declarações infelizes e tendenciosas, como aquelas sobre o seu medo de se vir à cidade do Rio, ou sobre a capacidade técnica da sua candidatura?

* A prefeita paulista foi prepotente na sua exposição? Sim, é claro. Ela ressaltou os aspectos econômicos da capital paulista, claramente sugerindo que o Rio de Janeiro não teria condições econômicas de bancar a sua candidatura. Mas isso não seria, de certa forma, verdade? São Paulo é mesmo a cidade mais rica do país, com mais estrutura hoteleira e com uma vasta agenda de eventos, o que a credencia nestes quesitos.

* A votação do COB teria sido tendenciosa para a cidade, por ser no Rio a sua sede e estarem aqui a maioria das confederações votantes? Acho difícil, mas pode ser. Não se pode pôr a mão no fogo por qualquer cartola brasileiro, seja ele de que esporte for. Há interesses imensos em jogo, e por isso é sempre bom desconfiar.

Entretanto, além destes, que na minha opinião foram os pontos de maior discórdia pelo que andei lendo nos jornais e sites, um ponto é fundamental: a manutenção da rivalidade entre as mais representativas cidades do país. Creio que este seja um tema bastante relevante. Desde que se tem notícia, as imprensas de Rio de Janeiro e São Paulo mantém entre as cidades uma rivalidade às vezes saudável, às vezes excessiva. No começo essa rivalidade era romântica, com aspectos pitorescos de ambas as cidades. No Rio, se ressaltava a maladragem carioca, a descontração e o jeito alegre de levar a vida. Em São Paulo, se ressaltava a disposição para o trabalho, a seriedade e a eficiência paulista.

É incrível ver que hoje, pelas declarações dos prefeitos César Maia e Marta Suplicy, esses aspectos continuam a ser passados para a população. Está certo que eles adotaram o discurso da competição, pois, afinal, tratava-se de uma. Mas é fato que não se cogita, por parte dos paulistas, que se trabalhe muito no Rio. Nem, por parte dos cariocas, que as pessoas se divirtam em São Paulo. Pelo menos não publicamente, quando se trata de vender as imagens das duas cidades.

O mais supreendente, entretanto, é ver que as imprensas das duas cidades também aderem a este expediente para justificar a derrota pela escolha do COB (no caso paulista), ou para comemorar a vitória (no caso carioca). Não seria tempo de, como diz uma propaganda, mudarmos os nossos conceitos? Tudo bem, quem lê os jornais tem essa rivalidade na cabeça, e compra a idéia que mais se identifica com o que se comenta nas ruas. Mas por que não encararmos as coisas com um ponto de vista diferente? Por que motivar uma rivalidade com argumentos tão antigos, alguns idênticos aos usados nas décadas de 10 ou 20? Não seria hora de nos atualizarmos?

Fica aqui a proposta para o questionamento.

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A se lamentar alguns pontos da transmissão da Globo da final da Liga Mundial entre Brasil e Sérvia e Montenegro. Por que não se colocar um narrador mais experiente para a transmissão? Por ser dia de rodada do Campeonato Brasileiro? Certamente. Não temos uma safra farta de narradores esportivos, e no Brasil, em que o futebol existe e os outros esportes subsistem, isso é motivo para se relegar uma decisão de importância mundial a segundo plano.

Por conta disso, os telespectadores foram brindados pelo narrador Maurício Torres com diversos enganos, desconhecimento da regra do vôlei e uma boba e descabida troca sucessiva de pronúncia do nome do capitão da Seleção Brasileira (uma hora se dizia pronunciava ?Nálbert?, e em outra ?Nalbért?).

Os fãs do excelente time de vôlei nacional comandado pelo competentíssimo Bernardinho não mereciam esse descaso. Menos mal que a transmissão foi ao vivo, na íntegra, e contou com os bons comentários do craque Renan.”

 

INTERNET

“Leitor de NoMínimo é isso aí”, copyright No Mínimo (www.nominimo.com.br), 21/07/03

“Em respostas à pesquisa eletrônica realizada em junho, 751 leitores de NoMínimo ajudaram a traçar o primeiro perfil de internautas que incluíram o site entre seus favoritos na web. (No mês passado 302.854 usuários únicos geraram 778.194 pageviews). São, em linhas gerais, formadores de opinião, boa parte na faixa etária dos 20 aos 30 anos, a grande maioria com curso superior completo e renda mensal superior a R$ 2 mil.

Trocando em miúdos, NoMínimo é predominantemente lido por profissionais de imprensa/mídia/entretenimento (24%), publicidade/marketing (10%); e educação (9%). Do total de entrevistados, 89% chegaram à faculdade – 51% concluíram curso superior e outros 16% fizeram mestrado ou doutorado (22% não completaram o terceiro grau). Dez por cento dos ouvidos são estudantes.

Metade dos leitores do site tem menos de 30 anos (43% nasceram entre 1973 e 1983). Cinqüenta e sete por cento acessam NoMínimo a partir do Rio de Janeiro (30%) e de São Paulo (27%) – os demais têm base em quase todo o país, com destaque para Rio Grande do Sul, Paraná, Distrito Federal, e Minas Gerais (todos com 5%). Bahia, Pernambuco e Goiás têm, cada um, a mesma quantidade de leitores que o site mantém no exterior (3%).

Na faixa de renda mensal superior a R$ 2 mil encontram-se 58% dos entrevistados – 11% declararam ganhos acima de R$ 8 mil. O resultado completo da pesquisa você poderá conferir aqui.

Os editores do site agradecem a colaboração dos leitores que responderam espontaneamente à pesquisa Quem é você, leitor de NoMínimo?.

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“Blogs selecionados”, copyright No Mínimo (www.nominimo.com.br), 21/07/03

O ativista

http://ativista.blogspot.com/

O jornalista Claudio Cordovil tem bom olho para pescar o noticiário mais curioso da Internet. A relação entre um novo celular e a mortandade de gorilas no Congo, por exemplo; ou as mostras de que o comportamento britânico é muito mais parecido com o norte-americano do que parece. Há também humor, como este título politicamente corretíssimo: ?O samba do afrodescendente com transtornos mentais.? [ 2 comentários]

Blowg

http://blowg.blogspot.com/

Com delicadeza, a carioca Marina W. trata da vida e de cinema. Estes dias, por exemplo, andou procurando empregada. O seu, é um dos blogs hors concours da rede brasileira. Minha vida em Copacabana. Não achei nenhum banco 24 que estivesse funcionando. Fui no hortifruti, comprei legumes, verduras e frutas. Me deu um certo prazer saber que eu mesma terei que providenciar o que fazer com aquilo tudo, saladas, sucos. Botei fogo num pano de prato, não passei aspirador pq não consegui desembutir o fio para ligar na tomada, fiz feijão – em panela comum, tenho medo de panela de pressão – lavei, passei, arrumei. Fica mais divertido se você imaginar que é como brincar de casinha com coisas de verdade. Angela falou que vai ser bom pra mim, ter que administrar meu tempo. Estou com dores nos ombros e vou marcar acupuntura, pela primeira vez – tenho pavor de agulhas. [ 33 comentários]

Impressões imprecisas

http://impressoes.cliqueaqui.com.br/

Antonio Machado é capaz de encontrar na Internet as coisas mais estranhas: a mulher com a menor cintura do mundo; o catálogo de produtos da ACME – segundo ele, ?140 produtos fabricados entre 1935 e 1964, quando a sólida empresa era a líder mundial de bens manufaturados? -; uma pesquisa a respeito do valor estético das bochechas; um manual eletrônico de dança etc. [ 3 comentários]

Telescópica 2.5

http://www.boechat.com/tele/

Em seu blog, os irmãos Boechat têm sempre uma história curiosa, engraçada e alguma reflexão para contar. Esta, por exemplo: Uma rádio fazia uma promoção onde os ouvintes ligavam, respondiam uma pergunta e, se acertassem, levavam o CD da rádio. Locutor: Quem fala? Ouvinte: É o Zé. Locutor: De onde, Zé? Ouvinte: Vidigueira! Locutor: Olha aí, Zé da Vidigueira! Valendo dez cds. Presta atenção! Qual é o país que tem duas sílabas e se come a metade? Prestou bem atenção? Há um país com 2 sílabas e 1 delas representa uma coisa muito boa para se comer. Dez segundos para responder… Ouvinte: CUBA! Locutor: (ficou mudo por alguns segundos) Tá certo, senhor Zé, vais levar o prêmio pela criatividade. Mas aqui na minha ficha estava escrito Japão… [ 19 comentários]

Facetas cariocas

http://facetascariocas.blogger.com.br/

Glória Horta fotografa o Rio de Janeiro e escreve sobre a cidade. A respeito das típicas estátuas em frente às igrejas, por exemplo, publicou o seguinte: As mulheres semi-nuas que, como spams, invadem os espaços da cidade, não estão presentes somente nas capas das revistas, outdoors, traseiras de ônibus e ponto deles, nos luminosos e iluminados anúncios que tentam vender carros, justapondo peitinhos e bundão empinados sobre o carro dizendo: compre um carrão e ganhe grátis um mulherão. Não. As mulheres semi-nuas vão além. Estão presentes em espaços públicos e, principalmente, em frente a igrejas. [ comentários(A)]

Filtro

http://filtro.cabaretvoltaire.com/

Este é um blog que remete ao conceito original de weblog: um registro do que alguém encontrou enquanto navegava pela rede. No caso, uma versão brasileira do MetaFilter, o mais visitado blog no mundo. Qualquer um pode participar, só precisa fazer um cadastro. Todos os posts têm links para uma ou mais páginas e a condição é que o assunto seja interessante e o mais inédito possível. Se funcionar como a versão norte-americana, é um blog que merecerá visitas diárias. [ comentários(A)]

Perto do coração selvagem

http://www.lamenha.blogger.com.br/

O paulista Guiu escreve cartas para Clarice Lispector: Clarice, o problema é que ando vendo filmes demais (outro dia revi Jules et Jim do Truffaut e chorei horrores com a constatação sombria de que o pra sempre, sempre acaba ), lendo histórias idílicas demais, ouvindo música pop demais. Só isso explica tanto questionamento bobo, quase cafona, tipo quando é que um amor acaba? Sei que parece tudo muito meloso, mas é assim mesmo quando longas histórias ficam por um fio. O fio da memória. […] O fato é que, quando estou namorando, o outro lado da minha cama de casal n&atilatilde;o fica tomado por livros, revistas, páginas de jornal. A cabeceira não fica tão cheia de canecas de chá, taças de vinho, pilhas de livros ou velhas fotografias. Tento manter tudo mais ou menos em ordem quando tenho alguém para dividir a intimidade. [ comentários(A)]

Seu dinheiro de volta

http://seudinheirodevolta.blogspot.com/

Maldito Vegeta reclama que seu blog tem quase que leitor nenhum. Injustiça: suas histórias são divertidas. Trecho: Contava também quantos minutos me separavam de meu fatídico destino, procurando saber qual o tamanho do meu atraso e lamentando o fato de que seriam todos eles, os meus minutos, passados numa lata-de-sardinha da linha 426-usina-copacabana, que era mais como um romance do século dezoito, em que se tornava impossível saber onde começava um indivíduo e começava o outro, só que em versão gang-bang-orgia século vinteeum. E, naquela promiscuidade que é sobretudo moral, o pensamento mais distante que me ocorria era a possibilidade de levar um tiro durante a aula da noite. Do meu lado, ia uma mocinha mais ou menos da minha idade com a expressão de enfado semelhante à minha. Estavamos tão colados que comecei a ficar enjoado de seu perfume – e a imaginar se lhe incomodaria o cheiro do meu dia de trabalho. De qualquer forma, era tal a disposição das pessoas ali, que mesmo ela sendo bem bonitinha, o desajeitado contato entre nós era bastante incômodo. [ comentários(A)]

Pequenas observações sobre coisas sem importância

http://www.observacoes.blogger.com.br/

O blog de Bruna Paixão é um diário tão agitado – ou monótono – quanto o dia-a-dia. ?É um tipo de insatisfação tão pequena, tão mesquinha, que me deixa envergonhada. Desejar o minuto além é desejar muito pouco. Eu tenho 25 anos, deveria estar pensando em conquistar o mundo, em sair de casa, em chutar os papéis em cima da minha mesa de trabalho. Mas não. Apenas penso no que vem. Espero, angustiada, o que será a seguir.? [ comentários(A)]

Walkwoman

http://walkwoman.blogspot.com/

Na volta da seção de blogs favoritos o Walkwoman: uma gaúcha de Porto Alegre que escreve sobre a escrita. Trecho: ?Nos últimos dias deslizei-me em caneta sobre papéis. Evidentemente não poderia escrever todas as cartas que prometo e que afirmo com veemência querer. Faço escolhas entre cidades e códigos postais. Escorrego-me então entre linhas que revelam-me muito mais do que o teclado. A caneta é um objeto que despe seu dono. Não há tecla ?delete?.? [ comentários(A)]

Fale com Deus

http://falecomdeus.blogspot.com/

Dizem que é Deus mesmo, mas pode chamar só de Oni – e Ele abre seu blog para aconselhar os filhos, contar histórias de JC e comentar seu cotidiano. Respondendo a uma ovelha desgarrada sobre suas dúvidas ecológicas explicou assim: ?Bicho, o que você está falando? Essa história de que os recursos naturais vão acabar é coisa que a Faber-Castell inventou pra vender lápis de madeira ruim mais caro…É desculpa pra gente não comer atum com aquele gostinho azedinho que os golfinhos davam…É lorota pra vender protetor solar com UV… Bicho, não cai nessa não… Antigamente não se podia comer manga com leite por que se não a gente morria, hoje não pode comer soja transgênica por que dá câncer… sinceramente isso é coisa que seus pais inventaram pra privarem você dos prazeres de destruir o ambiente em que você vive…? [ comentários(A)]

Elas por elas

http://www.elasporelas.blogger.com.br/

Mariana e Isadora, jornalistas, fazem de seu blog um equivalente pátrio ao Sex and the city da tevê. Contam histórias de relacionamentos. Uma começa assim: ?A crise se instalou na família de uma amiga minha. O tio dela, 60 anos, casado há 32, acaba de se separar da mulher, com quem tem duas filhas adultas. Não houve briga, não houve traições – não houve motivo palpável.? [ comentários(A)]

Webdomadario

http://www.webdomadario.blogspot.com/

Ricardo Dias faz de seu blog um espaço para comentar política. Segundo ele, não é de direita, de centro ou de esquerda; ?soy contra?. Comentando os cortes orçamentários, por exemplo: ?A explicação mais simples seria a de uma quebra no continuum espaço-tempo. Eu havia voltado para o governo FHC, pronto! Mas, peraí: se é o governo mulatinho, cadê a oposição esbravejando? O PT ia deixar isso barato? Jamais! Cacilda, o que é que está havendo? Seqüestraram o Lula? O Fernando Henrique deixou crescer a barba, cortou o dedo, contratou o alfaiate do Antônio Ermírio e ficou em seu lugar (o ?seu? aí pode ser usado em literalmente qualquer acepção)? O Sarney se confundiu e, ao invés do senado, assumiu a presidência? Botaram maconha na minha coca-cola quando eu não estava olhando? Eu sei que deve haver algum motivo para isso tudo, mas tirar verba do Fome Zero? Faz sentido, Fome Zero, Verba Zero. Nota idem.? [ comentários(A)]

Brazileira!Preta

http://brazileirapreta.blogspot.com/

Clarah Averbuch tem ritmo: ?Ouvimos um estouro. Pow. Assustador. Pow. O carro. Ninguém na rua, o carro pacificamente estacionado na frente do bar. Pow. Um bêbado, um peugeot prateado. Um bêbado que vai queimar no inferno. Placa DCG 8205. Um bêbado que fugiu.? E estilo: ?Eu tento. Tento. E tento de novo. Mais uma vez. Nenhuma resposta. Tento virar as costas, dar de ombros, ora-quem-se-importa. Eu. Eu me importo.? A brazileira preta ama Bukowski. [ comentários(A)]

Homem é tudo palhaço

http://tudopalhaco.blogspot.com/

Ao contar suas desventuras com os homens do mundo, as jornalistas Marcela, Nara, Roberta e Vanessa e a RP Ana Paula do blog ?Homem é tudo palhaço? trucidam com quaisquer boas ou más intenções de seus pretendentes, todo deslize é motivo para o escracho e nenhuma falta é perdoada. Se desconstrução é a atual moda política, é exatamente isso que elas fazem, em seu caso com cores mais divertidas que a da propaganda gratuita. O resultado são pequenas histórias de fazer morrer de rir ambos os sexos. (No caso dos homens, um discreto sorriso amarelo.) [ comentários(A)]

Prosa caótica

http://prosacaotica.blogspot.com/

Com Prosa caótica, Maira Parula faz do blog um espaço de reflexão angustiada mas com humor. Entre textos que publica dos outros, conhecidos e anônimos, escreve de próprio punho coisas assim:

?Ser carioca não é pra qualquer um. Morar de frente pro morro e lambuzar o cérebro de areia só pra quem tem a praia logo ali ó. (…) Antes que a noite avance me tranco em casa, encho a banheira e fecho os olhos. A obra civilizadora do narcotráfico.?

?No mundo pós-holocausto nuclear, o último ser vivo a escapar da sanha assassina dos cyborgs será o Ácaro. O Ácaro não veio do espaço, não é alienígena, não tem o rosto de Marte. O Ácaro é o Darth Vader de Deus e coleciona pedaços de tecido humano.?

?Houve um tempo em que eu misturava sexo com manga rosa e gozava só de acender. Houve um tempo em que eu me apaixonava bastava um gesto e a moto fazia 120 por hora.? [ comentários(A)]

Jesus me chicoteia

http://www.jesusmechicoteia.com

Jesus me chicoteia não é blog para religiosos. Quem não se incomoda com a infâmia, no entanto, vai rolar de rir. O autor gasta seu tempo para recontar os diálogos entre Deus, Nosso Senhor, e o pobre Moisés no alto do Sinai. A saga já deve estar maior que o livro do Êxodo inteiro. Se o projeto prevê reescrever a Bíblia inteira não está claro. [ comentários(A)]

Go-Gonzo Girl

http://www.exquisite.com.br/gonzo/

A partir de hoje, NoMínimo abre espaço para seus Blogs favoritos. Inaugura a série o Go-Gonzo Girl com comentários de música, jornalismo e mini-crônicas assinados por Cecília Giannetti. NoMinimo se reserva o direito de escolher na multidão de Blogs que tomam conta da rede os que julga mais interessantes, divertidos ou curiosos. Na primeira página, da segunda escolha em diante, os Blogs serão chamados junto com a coluna Weblog. Quem quiser candidatar seu Blog deve utlizar o nosso sistema de comentários. [ comentários(A)]”