Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Carlos Franco

PUBLICIDADE / TV

“Investimento em publicidade cresce 3,4%”, copyright O Estado de S. Paulo, 10/03/03

“O investimento total em publicidade no País no ano passado foi de R$ 13,2 bilhões, um crescimento de 3,4% em relação a 2001. Deste total, R$ 9,6 bilhões foram aplicados nas mídias televisão aberta, televisão por assinatura, jornais, revistas, rádio, outdoor e mídia exterior (relógios de rua por exemplo), o que representou crescimento de 3,36% em relação a 2001, segundo pesquisa divulgada ontem pelo projeto Inter-Meios, coordenado pelo jornal Meio & Mensagem, de mídia e propaganda.

Os dados se referem ao faturamento bruto mensal das empresas de comunicação com publicidade repassados à auditoria independente PriceWaterhouseCoopers (PwC), a mesma que audita o Oscar e que coordena o projeto Inter-Meios.

Portanto, os números levam em conta a política de descontos dos veículos.

Entre as principais conclusões da pesquisa está a de que os jogos da Copa Coréia-Japão beneficiaram mais fortemente apenas emissoras de TV por assinatura e aberta em função do horário – a maioria pela madrugada. Com isso, enquanto as TVs por assinatura registraram o maior crescimento no período, de 28,4%, os jornais (-2,85%) e as revistas (-4,84%) tiveram queda.

É importante observar, no entanto, que as revistas respondem por 9,7% do bolo publicitário e os jornais por 19,9%, enquanto as TVs por assinatura por modesto 1,9%. As emissoras de TV abertas, a exemplo de TV Globo, SBT e Bandeirantes, que respondem por 58,7% do bolo publicitário do País, tiveram crescimento de receita de 5,94%, bem acima da média de 3,36% do mercado como um todo.

O presidente do Grupo Meio & Mensagem, José Carlos de Salles Gomes Neto, observa ainda que o ano eleitoral não contribuiu para aumento da receita publicitária como se esperava. O governo federal, disse, não aumentou o volume de recursos gastos no primeiro semestre.

As expectativas para este ano também não são promissoras. Tudo vai depender de como irá se comportar a economia mundial diante de uma iminente guerra entre os Estados Unidos e o Iraque e, no mercado interno, do comportamento das taxas de juros e da inflação.”

“Emissoras de TV faturam R$ 5,6 bi em 2002”, copyright Folha de S. Paulo, 10/03/03


“As emissoras de TV de todo o país faturaram R$ 5,657 bilhões em 2002 e fecharam o ano com um crescimento nominal (sem descontar a inflação) de 5,9% em relação a 2001 _quando registraram queda de 3,3% sobre 2000.

Os dados são do projeto Inter-Meios, que monitora 90% dos veículos de comunicação do país, coletados pela empresa de auditoria Pricewatherhouse Coopers.

De acordo com o levantamento, o meio televisão aumentou sua fatia no ?bolo? dos investimentos publicitários _que, no total, foram de R$ 9,6 bilhões no ano passado, 3,4% a mais que em 2001. Em 2002, de cada R$ 100 investidos em publicidade, R$ 58,70 (ou seja, 58,7% do bolo) passaram pelas emissoras de TV. Em 2001, a participação da TV no bolo da publicidade foi de 57,3% e em 2000, de 56%, segundo o Inter-Meios.

Consequentemente, os meios jornal (19,9% do bolo) e revista (9,7%) tiveram queda na participação e no faturamento em relação a 2001. Já a TV paga registrou um crescimento de 28,4% nas receitas publicitárias (R$ 183 milhões no ano) e ampliou sua participação de 1,5% para 1,9%.

Por causa da Copa do Mundo, junho foi o mês de maior faturamento das TVs abertas _tradicionalmente, é dezembro. No segundo semestre, no entanto, os investimentos em TV caíram. Atipicamente, o primeiro semestre foi o melhor, com 50,8% de todas as verbas do ano.”

 

VIOLÊNCIA NA TV

“Novo estudo mostra efeitos da violência na TV”, copyright O Estado de S. Paulo, 10/03/03

“Um estudo divulgado ontem nos Estados Unidos responde a uma dúvida freqüente de muitos pais: como crescerá seu filho pequeno bombardeado com tantas cenas de violência na televisão? Meninos e meninas que passam horas diante da TV idolatrando policiais, mocinhos ou bandidos têm muito mais chances de se tornarem agressivos quando adultos. A conclusão ela vale se a criança for pobre ou rica, se já emitir sinais de agressividade ou se os pais tiverem muitos anos de estudo. A exposição em excesso a imagens de brigas e assassinatos influenciará a infância, a adolescência e chegará até a fase adulta.

?A identificação das crianças com personagens violentos da TV e a percepção de que essa violência era real tornaram-nas mais agressivas?, afirmou o professor L. Rowell Huesmann, da Universidade de Michigan.

Pesquisador das áreas de comunicação e psicologia, ele é co-autor do estudo que comparou a violência vista na TV pelas crianças e a praticada por elas quando adultas. Trata-se de uma das primeiras pesquisas que aponta as conseqüências da má qualidade da televisão na formação das pessoas. O estudo cruzou dados de crianças entre 6 e 10 anos no período de 1977 a 1979 e como elas estavam 15 anos depois. Da primeira fase, participaram 557 estudantes.

Na segunda, realizada entre 1992 e 1995, 329 deles foram ouvidas. Os pesquisadores entrevistaram ainda outras 356 pessoas, entre companheiros e amigos mais íntimos das primeiras crianças.

O estudo foi divulgado no jornal Developmental Psychology, da American Pshychological Association. Crianças que viam com freqüência cenas de violência na TV tinham mais relatos de agressões na fase adulta do que as demais. Esse comportamento era reforçado ainda mais se elas acreditavam que os filmes e programas retratavam somente a realidade.

Era o menino que se espelhava no Cyborg, o Homem de Seis Milhões de Dólares, ou a garota que admirava a Mulher Biônica. Apenas outros três programas foram citados no estudo: os seriados Dirty Harry e Justiça em Dobro e o desenho animado Papa-Léguas.

Por mais que hoje os programas de antigamente parecessem inocentes, alguns podem ter sido nocivos ao olhar infantil. ?A criança vê o personagem, herói ou não, ser recompensado por ter agido violentamente?, disse Huesmann ao Estado. Por esse motivo, é menos provável que um garoto ou uma garota se influenciem por um noticiário na TV contendo cenas violentas, imagens que não ficam gravadas por muito tempo.

Evidências – Os sinais mais freqüentes de agressividade entre os homens que assistiram a muitas cenas de violência foram: empurrar ou bater na companheira, revidar com empurrões ao ser insultado por alguém, cometer uma violação de trânsito ou mesmo praticar um crime. Homens desse grupo cometeram três vezes mais crimes do que os demais.

As mulheres telespectadoras de violência na infância registraram quatro vezes mais casos de brigas e outras agressões do que as outras. O estudo verificou que as mulheres apresentaram formas indiretas de agressividade na fase adulta. Os homens, ao contrário, evidenciaram mais esse lado da personalidade.

A explicação encontrada é que, nos anos 70, os personagens femininos na TV eram menos violentas que os masculinos. Outro dado que surpreende é o fato de que a educação dos pais, o nível de renda familiar, o comportamento das crianças e suas habilidades intelectuais não tiveram influência decisiva no fato de elas terem se tornado ou não agressivas 15 anos depois. Pesou mais o fato de terem sido expostas desde os primeiros anos a imagens violentas.

?A violência na TV afeta os adultos no curto prazo, enquanto nas crianças os efeitos duram mais?, disse Huesmann. Como a atual programação é, segundo muitos críticos, bem mais violenta do que no passado, os pais devem ficar mais preocupados com o futuro dos filhos? Para o pesquisador, a agressão é causada também por uma soma de outros de fatores, como pobreza, condições de vida, uso de drogas, relações familiares tumultuadas. ?Se eles forem resolvidos, a agressividade diminui.?

O estudo aponta como uma das possíveis soluções o V-chip, uma espécie de censor que filtra determinados programas. Mas desde que o aparelho pudesse ser totalmente programado pelos pais e não pelos produtores. A recomendação é de que os pais assistam ao lado dos filhos ou pelo menos não deixem de comentar os programas. Para o pesquisador, isso reduziria a percepção das crianças de que a violência é real e evita que elas desliguem a TV e saiam acreditando no que acabaram de ver.”