TERROR & PUBLICIDADE
"Atentados nos EUA influenciam estética", copyright O Estado de S. Paulo, 12/04/02
"A recessão americana e as mudanças econômicas na Europa por causa da entrada do euro em circulação tiveram forte influência na retração do mercado publicitário mundial, mais do que os atentatos de 11 de setembro nos Estados Unidos. A afirmação é da diretora de criação da McCann Erickson de Milão, na Itália, Milka Pogliani, uma das mais premiadas profissionais do seu país.
Para Milka, o impacto dos atentados recaiu na estética. ?Os americanos ficaram mais sensíveis emocionalmente e passaram a dar mais valor à família, aos amigos e aos filhos porque descobriram que não eram invencíveis?, diz Milka, que participa, em São Paulo, da 16.? Semana Internacional da Criação Publicitária, evento promovido pela Editora Referência, com apoio do Estado, que réune mais de 300 profissionais de propaganda do País no Maksoud Plaza.
Segundo Milka, os atentados puseram ?um ponto final na cultura da invencibilidade e do individualismo, o que não é novidade para países europeus que enfrentaram guerra e mesmo os latinos, sempre mais abertos e emotivos.?
Milka aposta que no Festival Internacional de Cannes deste ano a emoção será a tônica da maioria das peças publicitárias. Ela fez a sua parte em campanha para a Costa Cruzeiros, em que esses valores hoje importantes para americanos são evidentes. Uma emoção que ainda não comoveu as empresas a investir mais em marketing."
"Explosão de mercado", copyright Veja, 17/04/02
"Os ataques terroristas em Nova York e Washington transformaram em best-sellers livros antes relegados ao fundo das prateleiras, provocaram relançamentos e, principalmente, deram novo alento a um segmento que andava meio desprestigiado: o dos livros instantâneos. Tradição nos Estados Unidos, essas obras costumam surgir a reboque de fatos quentes do noticiário. Chegam às livrarias em tempo curtíssimo, para desvendar os bastidores de uma história ou explicar determinados pontos do que está sendo discutido nos jornais. Hoje, 3.000 títulos relacionados aos acontecimentos de 11 de setembro disputam espaço nas vitrines americanas, uma coleção que, empilhada, teria os 90 metros da Estátua da Liberdade. São livros sobre islamismo, sobre grupos terroristas e até manuais de auto-ajuda que ensinam a encarar a tragédia. Doze deles encontraram espaço na lista de best-sellers do jornal The New York Times, entre os quais Taliban, do jornalista paquistanês Ahmed Rashid, e Report from Ground Zero, escrito por Dennis Smith, bombeiro que participou dos resgates no WTC. Ambos atingiram o segundo posto do ranking.
A última vez que o fenômeno de livros instantâneos sacudiu o mercado americano foi em 1997, com a morte da princesa Diana. Mas os números não chegaram nem perto dos atuais. Na época, 270 obras sobre Lady Di foram escritas ou relançadas. Em 1998, as editoras tentaram surfar no escândalo sexual protagonizado pela estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky e pelo então presidente Bill Clinton. Nenhum dos 26 títulos produzidos chegou a estourar. Alguns especialistas consideram que esse filão editorial foi inaugurado em 1871, quando um incêndio catastrófico em Chicago ensejou o aparecimento de vários relatos, despejados às pressas no mercado. Para outros, contudo, esse é apenas um caso isolado. O primeiro livro instantâneo moderno, produzido no contexto de uma indústria editorial já massificada, teria surgido em setembro de 1964, com a publicação em brochura do Relatório Warren, sobre o assassinato do presidente John Kennedy. Vendeu 1,7 milhão de cópias, um sucesso absoluto. Os livros instantâneos que gravitam em torno dos ataques terroristas representaram, em 2001, 5% dos lançamentos do mercado editorial americano, um colosso que movimenta 27 bilhões de dólares por ano. No Brasil, esse tipo de livro é inviável. ?Como por aqui as tiragens são pequenas, o investimento feito numa obra de ocasião não daria retorno?, observa Luciana Villas Boas, diretora editorial da Record."
GUERRA NO ORIENTE MÉDIO
"Cinegrafista francês é alvejado em Nablus", copyright O Estado de S. Paulo, 10/04/02
"Gilles Jacquier, de 33 anos, um cinegrafista francês da tevê France 2, foi ferido a tiro na entrada de um campo de refugiados palestinos em Nablus, enquanto em Belém soldados israelenses confiscaram os vídeos de dois jornalistas estrangeiros. Estes incidentes estão entre os vários ocorridos nos últimos dias envolvendo soldados israelenses e jornalistas na Cisjordânia. Segundo Khaled Abu Aker, o repórter que acompanhava o cinegrafista francês, eles estavam em um comboio de jornalistas que ia para o campo de refugiados cercado por soldados israelenses perto de Nablus. ?No minuto em que descemos do veículo blindado, (Gilles) foi atingido?, disse. O médico que atendeu Jacquier disse que a bala foi removida da clavícula e ele está em condições estáveis."