SUSAN SONTAG
"Imagens da dor", copyright Veja, 27/08/03
"Quando precisa identificar-se, a americana Susan Sontag gosta de usar apenas uma palavra: escritora. Mas, ao menos no Brasil, o termo ?intelectual? define melhor o tipo de personagem polivalente que ela é – alguém que tem no currículo ensaios, romances e roteiros, além de ser referência em todo tipo de debate político e cultural. Sua obra mais recente chama-se Diante da Dor dos Outros, e acaba de ser lançada no Brasil. Esse livro curto, que remete a um trabalho anterior, Ensaios sobre Fotografia, de 1977, é uma reflexão sobre a guerra e sobre a maneira como o sofrimento alheio é enxergado em fotos e imagens de televisão. Susan Sontag começou a redigir o livro nos primeiros meses de 2001, e os atentados terroristas do 11 de Setembro, juntamente com as guerras travadas pelos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque, tornaram o seu tema candente. Sobre esses eventos, aliás, a autora é uma voz dissonante em seu país. Ela critica de maneira acerba o governo George W. Bush e o ?imperialismo americano?. Aos 70 anos, Susan Sontag já travou duas batalhas contra o câncer: uma no fim dos anos 70 e outra no fim dos anos 90. ?Ainda faço controle da doença, mas desde 2001 sinto-me perfeitamente bem?, disse ela, nesta entrevista a VEJA, de sua casa em Nova York.
Veja – Existe uma diferença na percepção que homens e mulheres têm da guerra? A senhora aborda essa questão no começo de seu novo livro, mas não chega a responder a ela.
Susan – É verdade. Meu livro não responde de maneira conclusiva a essa pergunta, e não creio que eu seja capaz de ir muito além do que já disse. Penso, ou sinto, que existe uma diferença na maneira como homens e mulheres vêem a guerra. Não no sentido de que mulheres sejam pacifistas naturais. Há cada vez mais soldados do sexo feminino nos exércitos, e há mulheres que fazem a guerra – pense em Margaret Thatcher, ou em Condoleezza Rice. No entanto, as motivações que levam alguém a querer o combate parecem estar mais entranhadas no modo de ser masculino do que no feminino. Os homens gostam da guerra. Ela exerce uma eterna sedução sobre eles, pela intensidade da experiência, pela camaradagem que ela propicia, pela oportunidade de parecer forte e decidido, pela oportunidade de fugir do marasmo da vida familiar. Assim, imaginar que haja antídotos para a sedução da guerra é o tipo de reflexão que provavelmente ocorre com mais facilidade às mulheres do que aos homens. Seja como for, levantei essa questão no começo de meu livro para abordar um outro ponto: nos discursos belicosos ou nos discursos pacifistas, freqüentemente usamos um ?nós? universal. Mas talvez homens e mulheres não respondam da mesma maneira à visão do sofrimento causado pela guerra. E há outras diferenças, não só de sexo. Assim, ao falar de dor, sobretudo da dor vivenciada pelos outros, nunca deveríamos usar a palavra ?nós? de maneira tão convicta. Esse é um dos temas centrais de meu livro, que fala sobre a guerra e sobre a experiência cotidiana de observar a dor alheia em fotografias e na TV.
Veja – Qual foi o estímulo para escrever o livro?
Susan – Foi a experiência de estar numa zona conflagrada. Entre 1993 e 1995, passei diversos meses vivendo em Sarajevo, na Bósnia, durante a guerra que arrasou o país. Desde então, o problema de como as pessoas de hoje em dia, em sua sala de estar, encaram a violência experimentada por outras que vivem distante delas me tem feito pensar muito. Na época em que estive em Sarajevo, as comunicações com o mundo exterior eram precárias. Eu convivia com um monte de jornalistas, que mandavam matérias todos os dias para suas redes de televisão e jornais, mas mesmo eles não tinham a menor idéia de como o seu trabalho vinha sendo apresentado. Quem estava lá dentro simplesmente não sabia como a guerra era retratada. Eu saía da cidade a intervalos regulares para tomar um banho – pois havia até falta de água por longos períodos -, para pegar dinheiro e comprar coisas, e sempre era uma enorme surpresa descobrir qual era a visão que as pessoas de fora tinham do conflito. Existe um abismo entre aquilo que as imagens de guerra mostram e a vivência real do acontecimento.
Veja – Um tema interessante de seu livro é a demonstração de que nem sempre as imagens de guerra e sofrimento foram usadas como meio de provocar a indignação de seus espectadores.
Susan – Creio que o primeiro artista importante a representar a dor alheia com o objetivo de abalar as pessoas foi o pintor espanhol Francisco Goya. Foi um gesto de extrema ousadia, que colabora para firmar a reputação de Goya como um dos maiores artistas que jamais existiram. Eu acho que hoje em dia as imagens de guerra tendem a ser vistas dessa maneira por um determinado tipo de observador – um observador que eu chamaria de informado e cosmopolita. Nós, eu, você e, provavelmente, os leitores de sua revista, tendemos a reagir com indignação moral às imagens de horror da guerra. Mas essa não é a única maneira de encarar as imagens, e aqui eu volto ao começo de nossa conversa, quando disse que é preciso tomar cuidado ao empregar o ?nós?. Mude o contexto político e ideológico em que as imagens são vistas e tudo pode ser diferente. O público árabe que assiste à TV Al Jazira raramente interpreta as cenas de guerra que vê ali como um protesto contra a violência. Naquele contexto, as cenas são, antes de tudo, um chamado para a mobilização, para odiar e resistir mais ao inimigo.
Veja – Uma tese muito em voga hoje em dia é que o excesso de imagens com que somos bombardeados diariamente afogou a realidade e nos mergulhou numa ?sociedade do espetáculo?. A senhora discorda dessa idéia. Por quê?
Susan – Essa é uma idéia corrompida e corrompedora. É algo em que somente uma pessoa que vive amparada por todas as benesses da vida moderna pode pensar. Mas nós, que vivemos amparados por essas benesses, somos uma ínfima parcela da população mundial. Pessoas que não têm geladeira em casa não pensam que a realidade é um espetáculo, e muito menos que a realidade não existe. E a guerra, sobretudo, não é um espetáculo. Sempre que escrevo um ensaio acabo descobrindo que tinha algum alvo intelectual em mente. No meio desse livro, percebi que estava mirando em filósofos como Jean Baudrillard e seus colegas franceses. Em livro após livro, eles defendem a idéia de que não existe realidade – de que tudo é espetáculo, ou simulacro, ou seja lá que conceito for. Só pessoas que nunca ouviram um tiro, e que vêem a guerra de sua sala de visitas, podem criar uma teoria tão fátua.
Veja – Exposição demais à violência por meio de fotos e imagens de televisão pode levar as pessoas à indiferença e à passividade?
Susan – Essa foi uma idéia que comecei a discutir nos anos 70, quando escrevi meu primeiro ensaio sobre fotografia, e que senti a necessidade de retomar agora. Naquela época eu disse de maneira um tanto forte que as imagens poderiam, sim, nos tornar passivos. Hoje eu acredito que isso não é necessariamente verdade. As coisas só acontecem dessa maneira se a mensagem que acompanha a imagem for a de que nada pode ser feito. Se a mensagem subliminar for ?sim, tudo é horrível, mas interferir está fora de nossas possibilidades?, aí ela leva você à passividade. E é preciso estar alerta também para a compaixão e a simpatia fácil que as imagens de sofrimento nos provocam. No ano passado, eu estava visitando o Rio de Janeiro quando o filme Cidade de Deus estreou, e vi muita gente surpresa com a realidade exibida pelo filme. Esse tipo de surpresa é uma espécie de clamor de inocência, um álibi. É uma forma de dizer ?eu não sabia que esse horror acontecia ao meu lado? e de não pensar que o sofrimento dos outros pode estar perversamente conectado com o seu bem-estar. Precisamos sempre questionar o papel da compaixão quando vemos algo terrível que está acontecendo longe de nós. Se não carregar consigo a idéia de que as coisas podem mudar, talvez então você se torne realmente passivo e comece a pensar na realidade como um espetáculo.
Veja – A senhora sempre foi uma admiradora do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, mas o critica no novo livro. O que passou a incomodá-la em seu trabalho?
Susan – Sebastião Salgado é um fotógrafo imensamente talentoso e maduro, que se especializou num tema difícil, a exibição da miséria. Mas creio que em seus trabalhos mais recentes, da série chamada Êxodos, ele se perdeu um pouco. São fotos que não ajudam realmente a compreender o fenômeno do sofrimento causado pela pobreza, porque o projeto não tem a especificidade e a concretude que precisaria ter. Quando põe num mesmo livro pessoas que estão fugindo da guerra e pessoas que estão saindo de regiões muito pobres em direção à cidade, você não está contribuindo para nenhum tipo de compreensão política e histórica daqueles fatos. As circunstâncias são muito diferentes, e provavelmente requerem olhares diferentes. Acho que esse é o principal problema. Além disso, há o contexto comercial da exibição de seus trabalhos. Salgado tornou-se um profissional extremamente bem-sucedido cujas fotos são exibidas em revistas num certo tipo de contexto e com certo tipo de legenda que enfraquecem mais do que reforçam aquilo que as fotos dizem.
Veja – Há quem diga que Salgado estetiza a miséria. Essa crítica é justa?
Susan – Não é a crítica que eu faço. Acho que é da natureza das fotografias estetizar a realidade. Talvez Salgado faça isso um pouco mais. Há gente que se esforça para diminuir esse efeito, como Gilles Peress, por exemplo, que sempre foi muito sensível a essa crítica. Mas a realidade é que as fotos que nos marcam quase sempre são aquelas que têm alguma qualidade estética. Uma das fotos de Peress que vêm à minha mente com freqüência é um close-up de centenas e centenas de facões utilizados como armas em Ruanda, no genocídio da etnia tutsi. É uma foto poderosa e parte desse poder deve-se, sem dúvida, à sua estética.
Veja – Recentemente a senhora esteve envolvida numa polêmica com o escritor colombiano Gabriel García Márquez a respeito de Cuba.
Susan – Eu estava em Bogotá, convidada para uma palestra sobre o tema clássico da responsabilidade dos intelectuais. Durante a conferência, fiz as seguintes observações: primeiro, a obrigação primária de um intelectual é falar a verdade. Em segundo lugar, não acredito que um intelectual tenha obrigatoriamente de se engajar em discussões políticas. Mas, se o escritor tem o hábito de falar sobre determinados temas, então, ficar em silêncio quando um desses temas está em pauta é um gesto político por si só, que deve ser interpretado e julgado. São situações em que o silêncio é eloqüente. Minha intenção inicial não era criticar García Márquez, mas, nesse ponto, as palavras saíram sozinhas de minha boca. Eu disse que o seu silêncio sobre o que havia acontecido em Cuba pouco antes – a execução sumária de três homens e o aprisionamento de quase oitenta pessoas que não se alinhavam com o regime castrista – era inadmissível, uma vez que ele já se havia declarado um amigo de Cuba e se pronunciado inúmeras vezes a respeito do regime de Fidel Castro. O curioso é que Márquez resolveu responder pela imprensa, pouco depois. Ele o fez de maneira patética. Disse que era contra a pena capital e que já havia ajudado muita gente a sair de Cuba por baixo do pano. É uma resposta ridícula, porque ser contra a pena de morte não confere distinção a ninguém, é apenas um indício de que você está familiarizado com as idéias básicas da civilização. Além disso, ao dizer que ajudou dissidentes a fugir de Cuba, Márquez reconheceu que o regime é repressivo. Ele se contradisse e expôs sua hipocrisia. Considero Gabriel García Márquez um dos grandes escritores de nosso tempo – e não creio que haja mais que dez que mereçam ser qualificados assim. Mas sua história põe em evidência o perigo de aproximar-se demais do poder e ficar amigo dos poderosos. Ao fazer isso, o escritor corre um grande risco: o de não poder mais dizer que é intelectualmente independente.
Veja – Por que Fidel Castro exerce fascínio sobre tantos intelectuais?
Susan – Talvez isso tenha sido verdade no passado, mas acho que o fascínio deixou de existir. Cada vez mais, a reação dos intelectuais que conheço a respeito de Cuba é de lástima e de embaraço. Veja só, até mesmo José Saramago, que insiste em declarar-se um comunista, já disse que a repressão é mais do que ele pode aceitar. Infelizmente, o que virá depois da morte de Castro não é muito melhor: os cubanos que emigraram para Miami fugindo de Castro vão tomar o poder e, com isso, os Estados Unidos transformarão Cuba numa colônia novamente. Esse é um fato a deplorar. Mas você não pode apoiar a crueldade em Cuba simplesmente por temer o imperialismo americano. O mesmo vale para o caso iraquiano. Ser contra a invasão e a colonização do Iraque pelo poder americano não me torna uma partidária de Saddam Hussein. São duas coisas diferentes."
ANTIAMERICANISMO
"Eta povinho bem informado!", copyright O Globo in Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 25/08/03
"Se é certo aquilo que dizia Nelson Rodrigues, que toda unanimidade é burra, o antiamericanismo das nossas elites falantes é uma das expressões de burrice mais densas, incontestes e admiráveis que o mundo já conheceu. Mal assentada a poeira do atentado ao prédio da ONU, já pululavam em todos os canais de TV os experts de sempre, lançando a culpa de tudo sobre quem? George W. Bush, naturalmente. Não precisaram, para isso, da mínima investigação, não precisaram sequer aguardar uma descrição precisa dos fatos. Com a instantaneidade da ressonância mórfica, os diagnósticos incriminatórios apareceram prontos, definitivos, inapeláveis como demonstrações matemáticas. O script já tinha sido comprado na papelaria fazia meses, faltando apenas pagar o Darj e preencher nos espaços em branco o local do atentado e o número de vítimas. Muito menos foi preciso responder a objeções, que seriam uma intolerável falta de polidez num ambiente de tanta concórdia e interpaparicação carinhosa. No máximo, perguntas pré-calculadas para levantar a bola, armando o gol que, em seguida, os repórteres aplaudiam segundo o formulário litúrgico mais previsível.
No dia seguinte, a versão escrita da cerimônia apareceu, intacta e fiel, em todos os jornais. Se isso é jornalismo, se isso é livre debate, se isso é circulação de idéias e informações, então os americanos devem ser mesmo muito, muito ignorantes. Pois se a verdade sobre a política deles é conhecida com tanta certeza no Brasil, país em que pouco se lê, cuja contribuição intelectual ao mundo é quase nula e que tem reconhecidamente os estudantes mais ineptos do universo, como é que eles não se dão conta de nada e continuam confiando em George W. Bush? É muita ingenuidade, é muita desinformação, é muita falta de leitura, não é mesmo?
Talvez não seja culpa deles. Talvez sejam uns pobres manipulados. Talvez a imprensa lá esteja sob controle estatal, talvez as empresas jornalísticas sejam poucas e inibidas por dívidas, talvez os repórteres sejam t&iaiacute;midos, talvez não exista sequer, naquele deserto de homens e idéias, um vibrante jornalismo investigativo como aquele que, neste nosso paraíso da livre informação, redescobre ou reinventa semanalmente os crimes da ditadura militar.
Não há um só brasileiro que não saiba, de fonte segura, que os americanos lutam apenas por dinheiro, enquanto seus inimigos têm lindos ideais, que Saddam só ficou malvado por culpa do embargo econômico (a mesma causa dos fuzilamentos em Cuba, é claro), que as armas iraquianas de destruição em massa nunca existiram nem muito menos estão na Síria, que três mil iraquianos mortos em combate são uma cifra imensamente mais chocante do que trezentos mil prisioneiros políticos mortos nos cárceres de Bagdá antes da invasão.
Nós, brasileiros, sabemos de tudo. Às vezes, é claro, falhamos. Errare humanum est. Se procurarmos nos nossos jornais a expressão ?Foro de São Paulo?, não a encontraremos, embora ela seja o nome da organização internacional comunista que decide os rumos da política neste país. Se procurarmos uma transcrição do manifesto assinado em 2001 pelo nosso atual presidente em favor das Farc, não a encontraremos. Se vasculharmos as edições dos últimos dez anos em busca de uma menção, mesmo breve, à matança sistemática de cristãos nos países comunistas e muçulmanos, nada encontraremos. Se revirarmos jornais e revistas em busca de alguma informação sobre os milhares de proprietários rurais trucidados pelos governos do Zimbábue e da África do Sul, nada. Se buscarmos uma palavrinha sobre a produção em massa de transgênicos em Cuba, nada. Se quisermos uma dica sobre as conexões entre neonazismo e antiamericanismo internacional, nada. Lendo toneladas de jornais brasileiros, jamais ficaremos sabendo que a liberação das drogas aumentou a criminalidade na Holanda e na Suíça, que o massacre de crianças cuja culpa o filme de Michael Moore atribui à fabricação de armas foi motivado por ódio anticristão, que o desarmamento civil foi uma experiência desastrosa que Israel abandonou, que reformas agrárias socialistas produziram a atual miséria africana, que as tais ONGs que atentam contra a soberania nacional na Amazônia não são americanas mas todas elas ligadas ao establishment mundial anti-Washington. Sobretudo, jamais ficaremos sabendo se é verdade ou não que a campanha eleitoral do PT em 2002 foi subsidiada pelas Farc, pois os jornalistas investigativos brasileiros jamais seriam indiscretos ao ponto de querer tirar a limpo essa denúncia insolente do deputado Alberto Fraga.
Mas quem precisa saber desses detalhes desprezíveis? O essencial, o importante, não nos escapa. Sabemos que George W. Bush é Adolf Hitler, que a violência carioca é causada pelo capitalismo, que os gays são a minoria mais oprimida do planeta, que a população brasileira é maciçamente racista, que defender uma propriedade contra invasores é mais criminoso do que invadi-la, que Mel Gibson é anti-semita e que o sr. presidente da República tem dons miraculosos que lhe permitem conhecer tudo sem estudar nada. Sabemos que na Colômbia não existem terroristas, apenas combatentes pela liberdade em luta contra um governo tiranicamente eleito pelo povo. Sabemos que na Amazônia não há um só narcotraficante das Farc mas milhares de soldados americanos. Sabemos, principalmente, que quem quer que negue algumas dessas verdades é um bêbado, um alucinado ou um nazista. Tudo isso nos é ensinado pela nossa mídia. É certo que tudo, ou quase tudo, é repetido também nos manuais escolares do ensino público, no Parlamento, em cursos universitários e numa infinidade de livros, atestando a pujança da nossa cultura. Mas quem ousará criticar, como supérflua, a repetição de verdades tão fundamentais? E como poderia um país inteiro enganar-se nessas coisas, com o belo pluralismo de idéias que impera na nossa mídia, nas nossas universidades, por toda parte enfim do mundo verde-amarelo? Enganados, sim, estão os americanos. Lá ninguém discute nada, ninguém diverge, ninguém investiga. É um amém geral, da Nova Inglaterra à Califórnia. Ao menos, faço votos de que o leitor continue acreditando nisso, para que não sofra o choque de perceber o estado de apartheid intelectual que se interpôs entre o Brasil e o mundo."