Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Carlos Heitor Cony

TELEJORNALISMO

"Telejornalismo", copyright Pensata (www.uol.com.br/folha/pensata), 16/04/02

"São numerosos os manuais de redação existentes no mercado da comunicação. Uns pelos outros se equivalem, uma vez que editados pelos próprios jornais que os adotam preferencialmente ou oficialmente. Dão para o gasto.

Contudo, o telejornalismo, sendo uma expressão recente no universo da comunicação, começa a criar régua e compasso para orientar seus profissionais, tanto no conceitual como na prática.

Heródoto Barbeiro e Paulo Rodolfo de Lima acabam de lançar, pela editora Campus, o ?Manual de Telejornalismo?, que me parece a obra mais completa sobre o assunto, uma vez que prioriza os conceitos éticos que regem a profissão como um todo. E dão aquilo que em jornalismo chamamos de ?serviço?, ou seja, regras e regrinhas que atualizam desde a linguagem até a técnica e a apresentação da notícia ou reportagem.

Os autores são dois profissionais conhecidos e respeitados, com participação no rádio e na TV. Além de obra de referência para o setor, o manual transmite o esforço de toda uma classe, representada por Heródoto e Paulo Rodolfo, na procura de um pacto com a sociedade que seja não apenas necessário, mas técnica e moralmente aceitável.

Tal como o samba, jornalismo não se aprende na escola mas na vivência do dia-a-dia, no sobe-e-desce das emoções. Profissionalizado, guindado ao primeiro plano da comunicação por ser o mais instantâneo e completo, o telejornalismo necessita agora de referenciais didáticos e paradidáticos que o tornem melhor e mais útil. Heródoto e Paulo Rodolfo compreenderam isso e prestaram um bom serviço a uma boa causa."

 

O GLOBO

"Fala, Rodolfo!", copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 15/04/02

"Recebi email do diretor de redação do Globo, Rodolfo Fernandes, a respeito de uma nota que escrevi no meu blog (pois é…Tá vendo como é bom lê-lo?). Resolvi botar aqui, pois é assunto de interesse geral, mas para você não ficar no escuro, primeiro vai o que escrevi (postei no dia 24 de março), depois a reclamação do Rodolfo:

?Lula diz que todas as empresas têm direito de apresentar projetos para o BNDES e o Globo põe no título da matéria que ele defende empréstimos do BNDES a empresas nacionais, como se pudesse defender o contrário. Lula diz que em 1998 o Globo fez uma cobertura isenta da eleição assim como a TV Record (mas não cita a Rede Globo); o Globo põe no subtítulo o elogio a si próprio, mas esquece o feito à Record. É, essa campanha presidencial não vai ser brinquedo, não!?

Agora, fala, Rodolfo!

?Caro Ivson,

Com certo atraso, tomei conhecimento de seus comentários sobre matéria publicada no GLOBO em que Lula dava sua opinião sobre a operação BNDES/GloboCabo e sobre a cobertura do jornal nas eleições de 98. Diante de imprecisões em suas observações, permita-me registrar o seguinte.

1 – Antes de mais nada, que bom seria se os analistas de mídia recebessem com o mesmo entusiasmo nosso os elogios de Lula à cobertura do GLOBO na eleição de 98. Saber que o principal líder da oposição considerou isenta a cobertura de um dos maiores jornais do país deveria ser motivo de elogios, não de críticas. Que belo sinal de funcionamento da democracia, não?

2 – Saiba que este elogio não foi gratuito. Para as pessoas que fazem o GLOBO, o tratamento rigorosamente equilibrado entre as opiniões de governo e oposição tem sido uma determinação constante nos últimos anos, até obsessiva, eu diria. Com o apoio do Merval Pereira e do Ali Kamel – para quem tem visto a cobertura do JN nesta eleição, a norma seguida na TV Globo tem sido riogorosamente a mesma -, e o envolvimento de editores e repórteres, o GLOBO se orgulha de dizer que talvez nunca na história política do país a oposição tenha tido tanto acesso aos meios de comunicação como atualmente.

3 – Você há de convir que um elogio destes, vindo do Lula, talvez merecesse, inclusive, mais do que o subtítulo de um box. Credite a modéstia ao estilo low-profile da casa e das pessoas que editam o jornal. Mas fique certo, estou profundamente orgulhoso pelo reconhecimento do Lula. Naturalmente, para os leitores do GLOBO, o elogio ao jornal era o mais importante. Os comentários sobre a cobertura da Record foram publicados na íntegra, no texto da matéria, com bastante destaque. Fique tranquilo, nossa cobertura em 2002 não vai ser brinquedo, não: o GLOBO já está seguindo, e não vai se afastar deste caminho, a mesma linha de equilíbrio adotada em 1998.

4 – Quanto à operação BNDES/GloboCabo, eu acho que as observações do Lula, publicadas na íntegra na matéria, permitiam até um título mais afirmativo no sentido de dizer que ele defendeu a negociação. A pergunta, feita por uma repórter da TV Bandeirantes, tinha a intenção evidente de obter uma crítica do Lula ao projeto. Ele só não a fez, como ainda apoiou a pretensão da GloboCabo. Como o fez em termos genéricos, optamos por fazer também um título genérico. Se você ler bem o que ele disse, e depois repetiu no programa Roda Viva, verá que optamos pela cautela e pela discrição. Como você pode ver, a auto-promoção não é nossa marca registrada. Talvez seja um erro, já que as análises sobre a atuação da mídia parecem privilegiar quem adota a auto-propaganda como estilo.

5 – De qualquer forma, o reconhecimento, pelo Lula, do jornalismo sério que procuramos fazer já é um avanço. Quem sabe no futuro o Coleguinhas possa seguir este caminho e pautar suas análises, sempre bem vindas, por uma atitude menos preconceituosa?

6 – Gostaria que estas observações pudessem ser divididas com seus

leitores, para o correto esclarecimento das nossas intenções.

Cordialmente,

Rodolfo Fernandes / Diretor de Redação?

Picadinho

Medalha – A Medalha Golbery do Couto e Silva deste mês foi concedida por antecipação para a coluna de gastronomia do Globo. Complementando o título ? Lula (o molusco) na cabeça?, a coluna publicada na sexta-feira, dia 12, começa assim; ? Não me refiro ao outro, que costuma morrer na praia (…)?. Sen-sa-cio-nal!!!

Dúvida – Até quando a imprensa vai apresentar o Luiz Favre, assessor de Relações Internacionais do PT, como ? namorado da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy?, como se isso também fosse um cargo? Tudo bem quando é em badalação e ele está ao lado da gatíssima prefeita, mas – caramba! – até quando o sujeito está num evento internacional na França fazendo o seu papel de assessor, como ocorreu no comício de Lionel Jospin, na quinta, dia 11?!

Profissional – É, o companheiro Duda é mesmo profissa. Determinou que sejam clipadas todas as fotos do candidato do PT à Presidência publicadas nos maiores veículos de comunicação. É que nas outras eleições, Lula quase sempre aparece esquisitão em fotos – de cara fechada, suando ou escorregando – enquanto os adversários parecem que acabaram de sair de uma ducha refescante, sempre sorridentes. Esta coincidência (para quem acredita) levou a Marisa, mulher do candidato, a desabafar após a campanha de 98: ?Transformaram o Lula num sapo e o Fernando Henrique num príncipe?.

Começar de novo …- Caiu o primeiro dominó ao Norte. O próximo deve ser ao Sul. Conforme for, cai o do Centro também, daqui a um tempo.

Barriga

Matéria publicada no dia 12 no Globo dá conta que será construído em Japeri um campo de golfe para crianças carentes, o que dará ensejo a surgirem fenômenos como Tiger Woods, o maior jogador de golfe do mundo atualmente.

Só pra constar: Eldrick ?Tiger? Woods é filho de Earl Woods, tenente-coronel reformado do Exército dos EUA, e da tailandesa Kultida, que ele conheceu quando lutava no Sudeste Asiático. Tiger – que tem este apelido porque era como o pai chamava um grande amigo vietnamita cujo nome era Vuong Dang Phong – nasceu e cresceu na aprazível Cypress, na Califórnia, cidade localizada a uns 60 quilômetros a sudoeste de Los Angeles e cujos cerca de 50 mil habitantes têm renda anual média pouco acima de US$ 50 mil. Consegui estes dados em menos cinco minutos nos sites www.tigerwoods.com e www.ci.cypress.ca.us, ambos achados via Google. Foi o tempo necessário para descobrir que os meninos de Japeri e Tiger têm apenas um coisa em comum: a cor."