CASO PIMENTA NEVES
“Caso Pimenta tem novo julgamento de recurso”, copyright Máquina da Notícia, 16/09/03
“A 6? Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ) julgará na próxima quinta-feira (18/09/03) recurso da defesa do jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, ex-diretor de redação do jornal O Estado de S. Paulo, que quer desqualificar a sentença de pronúncia no processo sobre o assassinato da jornalista Sandra Gomide, sua ex-namorada. Réu confesso, em agosto de 2000 Pimenta Neves matou Sandra num haras de Ibiúna (SP) com dois tiros: um pelas costas e outro na cabeça, quando ela já estava caída. Ficou preso durante sete meses e responde a julgamento em liberdade por decisão do STF.
De acordo com o advogado criminalista Luiz Fernando Pacheco, do escritório Ráo, Cavalcanti & Pacheco, assistente do Ministério Público contratado pela família de Sandra Gomide, ?a expectativa em relação ao julgamento de quinta-feira é a de que o Tribunal confirme a sentença de pronúncia, remetendo o réu a julgamento perante o Tribunal Popular, em Ibiúna, sob acusação de homicídio duplamente qualificado, pelo recurso que impossibilitou a defesa da vítima e pelo motivo torpe?.
Pimenta Neves pretende ser julgado por homicídio simples e não por crime duplamente qualificado. No dia 21 de agosto, durante sessão no TJ, o desembargador Haroldo Luz decidiu transformar o julgamento desse mesmo recurso em diligência, dando ao réu mais uma oportunidade de ser ouvido em juízo. Ao mesmo tempo, o desembargador Ribeiro dos Santos pediu vistas para analisar o caso. Na quinta-feira ele deverá se pronunciar.”
JORNALISMO PAGO
“Denúncia da Folha provoca afastamento de colunista”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 15/09/03
“A reportagem de Fernando Rodrigues na Folha de S. Paulo do último dia 02/09, denunciando a venda de espaços jornalísticos em veículos do Paraná para o governo de Jaime Lerner, resultou no afastamento de um colunista citado na matéria. Pedro Washington, que mantinha uma coluna semanal de política no jornal Gazeta do Povo, aparece na reportagem de Rodrigues como um dos jornalistas que recebia dinheiro do Palácio Iguaçu para escrever sobre temas favoráveis ao então governador. O fato foi comprovado através de notas fiscais. Por conta disso, sua coluna não está mais sendo publicada no diário.
Arnaldo Cruz, diretor de redação da Gazeta, disse ao jornalista Adir Nasser, assessor de imprensa do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná, que a matéria da Folha causou ?desconforto? para o veículo. Washington havia dito a Fernando Rodrigues que ?no Paraná sempre foi muito comum? jornalistas receberem dinheiro do governo. A Folha publicou a seguinte declaração do colunista: ?você tem uma coluna valorizada e é como se fosse um ?merchandising? que hoje se faz na televisão?. Já em entrevista a Adir Nasser, que fez matéria sobre o assunto para o jornal Extra Pauta, do Sindijor-PR, Washington disse que fez tal afirmação referindo-se não a si próprio, mas a alguns colunistas da imprensa regional e nacional.
Pedro Washington explicou ao Extra Pauta que a nota fiscal a que a reportagem da Folha teve acesso era referente a um serviço de assessoria de marketing prestado ao governo pela empresa do filho dele – da qual o
colunista é sócio. ?Recebi dinheiro, mas não para que comprassem a minha opinião. Não fiz, não faço e não farei este tipo de jornalismo?, disse.
O diretor de redação da Gazeta comentou que o conteúdo das colunas de Pedro Washington, publicadas todo sábado na Gazeta, era basicamente folclore político, notas históricas e efemérides políticas, e que o jornal não tem provas de que o jornalista teria ?vendido? opinião. ?Mas a posição do jornal é bastante clara: se for comprovado algo neste sentido contra qualquer jornalista, é rua na hora?, declarou Arnaldo Cruz ao Extra Pauta.
Pedro Washington enviou um manifesto ao presidente do Grupo Folha, Otávio Frias Filho, em defesa da imprensa do Paraná. Na opinião dele – que continua enviando sua coluna para outros sete jornais do interior do Estado – a reportagem de Fernando Rodrigues denegriu a imagem da imprensa paranaense como um todo.”
JORNALISMO CULTURAL
“Indústria cultural ou cultura industrial?”, copyright Jornal do Brasil, 15/09/03
“Maria Rita canta. E como canta. ?Timbre semelhante, afinação precisa, a mais completa tradução do DNA já ouvida na MPB?, descreve o crítico Tárik de Souza, do Jornal do Brasil. Maria Rita é filha de Elis Regina e César Camargo Mariano. Lançou, na semana passada, o primeiro CD de sua carreira. Esse é o lado bom da história.
O lado ruim, tema de debates na Associação Brasileira de Imprensa também na semana passada, é justamente a mercantilização do jornalismo, antes restrito a decisões tomadas nas redações.
Elis Regina construiu a carreira sustentada por seu talento e virtudes. Assim conquistou o público, o mercado e o sucesso. Maria Rita não cumpre o mesmo ritual. Já vem empacotada.
Exatamente como a MTV fez com Zeca Pagodinho nas gravações do Acústico, na quarta-feira. Três horas de show com a platéia proibida de se levantar, sambar, comer ou beber. No palco, incomodado, Zeca brincava, bebericando um vinhozinho: ?Estou me sentindo um padre. Na missa, é só o padre que bebe.? Ajustou-se ao figurino, mas prometeu: ?No próximo vai ser diferente.? Zeca fez sucesso, apesar da chamada indústria cultural. Que agora se rende a ele, estrela de coletâneas, participações especiais, comerciais de cerveja e merecedor de um Acústico, categoria reservada a poucos. Era preciso enquadrar o sujeito ao modelo globalizado? Será isso que o público quer?
A presença de Maria Rita na imprensa, semana passada, mostrou o quanto os jornais abriram mão da autonomia e se sujeitam, como carneirinhos, às estratégias de marketing estabelecidas longe das redações.
A mais nova cantora da MPB apareceu já no domingo em longa entrevista a Glória Maria no Fantástico. Com direito a um show case – exibição para poucos, com ares de show, para um programa de TV. Foram longos minutos no ar. Na terça-feira, cercada por todo o staff da gravadora, passeou por diversos cenários do Hotel Copacabana Palace. Apenas para que as fotos das entrevistas ?exclusivas? dadas em seqüência parecessem diferentes. Tais entrevistas foram marcadas estrategicamente para a tarde, quando os suplementos culturais do dia seguinte estão prontos. Assim a gravadora garantira que ninguém ?furaria o esquema?. Os jornais publicaram a reportagem e a crítica do CD na edição de quarta-feira.
Maria Rita foi capa, no mesmo dia, dos suplementos culturais do Jornal do Brasil, de O Globo, O Dia, Estado de S.Paulo e contracapa na Folha de S.Paulo.
Algo muito diferente é quando os jornais se assemelham ao unir fatos históricos, como o 11 de Setembro, lembrando o Chile de Allende há 30 anos ou os atentados aos Estados Unidos há dois. É uma pauta, como chamamos internamente os assuntos merecedores de virar notícia.
Bem diferente do que acontece quando algum diretor de marketing e divulgação, que avalia ter uma pauta, estabelece a estratégia de lançamento, lista meses antes como e quando sairão as reportagens e, pior, depois tudo se confirma. O mesmo ocorre com lançamento de livros de Paulo Coelho, de Rubem Fonseca, Chico Buarque…
É diferente de 8 de maio de 2002, quando Mauro Dias, do Estado de S.Paulo, registrou a estréia de Maria Rita em palcos brasileiros, convidada do show de Chico Pinheiro no Supremo Musical. Ou quando Alfredo Ribeiro, em 25 de setembro de 1987, no JB, sob o título ?Nasce uma estrela?, descrevia o que viu no Jazzmania. A convite de Nelson Motta, presenciou a estréia de uma desconhecida cantora de 20 anos: Marisa Monte. Puro jornalismo.
Tudo tornou-se perigosamente previsível neste campo. Não à toa, somada a tiragem dos jornais diários no Brasil, não chegamos a 5% da população, algo em torno de 8,75 milhões de exemplares. Resultado da crise econômica, dirão alguns. Resultado de uma queixa do consumidor, que quer algo mais do que lhe oferecem, digo eu.
O debate na ABI, entidade que já foi símbolo neste país e hoje claudica, esquecida por quem deveria compor seu quadro de associados, reacendeu a defesa da ética, do jornalismo, da autocrítica de uma categoria que hoje parece não entender a sociedade para quem produz. Uma sociedade que também mudou.
Atenção, pois. E que, independentemente deste debate que envolve indústria cultural e jornalismo, e mesmo da herança genética, Maria Rita encante o público com seu talento e qualidade
Infinitamente superiores a qualquer estratégia montada em gabinete.”
EXERCÍCIO ILEGAL
“Empresária é acusada de exercício ilegal da profissão”, copyright Revista Consultor Jurídico (www.conjur.com.br), 10/09/03
“O 1? Distrito Policial de Carapicuíba (SP) encaminhou processo ao Fórum Municipal da cidade, acusando a proprietária do jornal Gazeta Regional, Cleide Carlos Presecatan, por exercício ilegal da profissão. A empresária, que não é jornalista, vem assinando o veículo como diretora responsável.
Convidada pelo delegado Élcio Luiz Bellini a prestar esclarecimentos na delegacia, a dona do jornal confirmou não possuir o registro profissional que a habilitaria à profissão. Na ocasião, foram apreendidos dois exemplares do jornal. (Boletim Eletrônico – SJ-SP)”