COPA LIBERTADORES
Ricardo Grecellé (*)
Teve fim mais uma edição da Copa Libertadores da América. Foi comovente o esforço que a Rede Globo de Televisão fez para ver Santos ou Corinthians como vencedores. Mas não deu. Não sei se as pessoas ficaram com o mesmo sentimento de revolta que senti ao longo de toda a competição. Nunca fui de acreditar em grandes armações em favor desse ou daquele, mas diante desse episódio ficou difícil entender certas coisas do jornalismo.
A primeira constatação que ajuda a amparar meu raciocínio é a seguinte: não houve transmissão de nenhuma partida do Grêmio ou do Paysandu durante todas as etapas, apenas de suas afiliadas nos estados do Rio Grande do Sul e do Pará. Não sei se a Globo foi estupidamente ingênua ou se menosprezou a força das torcidas dessas equipes. Basta conferir o primeiro levantamento da CBF, que aponta o clube paraense como o de melhor média de público até aqui no Brasileirão. Mas não, melhor era repetir constantemente que o ideal seria a reedição da final de 40, 50 anos atrás, quando Boca e Santos se enfrentaram.
Faltou ética, pois, em determinado momento da Copa, essa final era desejada mesmo com a participação do Grêmio, que ainda brigava com o Independiente pela vaga nas semifinais. Melhor era mostrar Corinthians e não sei quem, quando o time paulista empilhou seis, sete gols, em jogo que já não valia mais nada, pois o Corinthians já estava classificado. Jogos sem nenhum interesse para nós, gaúchos, por exemplo, sendo que o Internacional ainda participava da Copa do Brasil e seus torcedores eram privados de ver os jogos ? mais importante era mostrar a força do "Timão", mais tarde seria eliminado pelo River Plate em pleno Morumbi, dando pontapés nos adversários.
Mais profissionalismo
Mas tudo aconteceu como esperava a Globo, e lá estava o Santos na grande decisão.
Acontece que o time paulista levou um baile nos dois confrontos, finalizando em 5×1 a decisão em favor dos argentinos. Mesmo assim, em determinado momento, os profissionais da emissora não admitiram a supremacia dos "hermanos", e tentaram insinuar que somente com violência e catimba eles estavam tendo vantagem. No primeiro tempo do segundo jogo, o santista Paulo Almeida desferiu um cotovelaço num atleta do Boca Juniors. Para José Roberto Wright, comentarista de arbitragem, "lance normal". Ele estava indignado não com a violência, mas com a catimba do goleiro deles.
Ora, tenhamos um pouco de profissionalismo. Não estou defendendo os argentinos, mas como futuro profissional de comunicação tenho que manifestar inconformidade com o posicionamento da Globo.
Para terminar, a emissora preferiu privar os telespectadores da festa dos legítimos campeões para mostrar a "maturidade" da garotada do Santos que rezava no centro do gramado.
Tenhamos mais profissionalismo!
(*) Estudante de Jornalismo da PUC-RS