MONITOR DA IMPRENSA
NOVA YORK
O prefeito republicano Rudolph Giuliani culpou a mídia pelo frenesi acerca de seu divórcio no dia 14 de maio, quatro dias depois que seu advogado começou a ridicularizar sua ex-mulher ? e dois dias após o prefeito revelar impotência sexual. Em discurso numa escola católica em Milwaukee, Giuliani afirmou que "não deveria haver palavras cruéis sobre Donna Hanover [sua ex-mulher]". "Não deveria haver palavras cruéis sobre mim", completou. "É por isso que eu quero uma ordem de silêncio."
Giuliani, de acordo com Dan Janison [Newsday, 15/5/01], disse que a invasão foi obra de repórteres, embora seus assessores tenham revelado sua disfunção sexual, devido a tratamento de câncer na próstata, para mostrar que sua namorada Judith Nathan não é apenas uma amante. "A realidade é que os jornais estão guiando isso tudo", afirmou o prefeito. "A grande interessada nisso é a imprensa."
Um dos grandes "mandamentos" da ética jornalística é a não revelação de fontes. Jack Newfield, no entanto, afirma em matéria no New York Post, em 14 de maio, que pela primeira vez em 35 anos de carreira jornalística teve que revelar uma fonte. "Hoje, e nunca mais, quebrei a regra", disse.
O reverendo Al Sharpton foi sua fonte em matéria na qual revela que prometeu endossar a candidatura de Fernando Ferrer à Prefeitura de Nova York. "Estou dizendo isso apenas porque ouvi Sharpton dizer a semana toda que Ferrer era minha fonte", justificou Newfield. "Essa má conduta é típica de Sharpton, um vigarista enganador?."
Newfield desenvolveu sua reportagem a partir de três almoços com Sharpton. O pastor pediu que o jornalista segurasse a matéria por dois dias para que seu aliado, Wyatt Walker, confirmasse trechos sobre Ferrer. "Jornalisticamente, eu não deveria ter concordado, mas concordei", escreveu. "O reverendo", continuou, "agora afirma que Ferrer era minha fonte. Isso é mentira e ele sabe. Ferrer nunca foi minha fonte para aquela reportagem."
De acordo com o jornalista, o jogo de Sharpton recebeu ajuda do jornalismo antiprofissional de Adam Nagourney, do New York Times, "que se enfezou porque Sharpton decidiu me contar primeiro sobre o aval". "Talvez eu devesse tê-lo deixado ir ao Times." "Ao entrar na política de escândalo e publicidade, Sharpton desvalorizou o que disse", afirmou Newfield. "Quem quer que pegue seu aval estará segurando uma sacola vazia com odor estranho."
Para o jornalista, a verdade é que o endosso do reverendo não tem valor. "Sharpton estava a caminho de melhorar sua credibilidade. Agora jogou tudo fora tentando ser um chefe de negociações políticas."
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