Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Censura no aeroporto

CNN AIRPORT NETWORK

Na manhã de segunda-feira, 12 de novembro, o piloto de um avião da Continental Airlines disse para todo mundo sair do avião porque ocorrera "um incidente" no Aeroporto Internacional J.F.K. Os passageiros seguiram diretamente para a TV que transmitia a CNN Airport Network na sala de espera, a fim de entender o que se passara. Inacreditavelmente, na tela, um homem vestido de chapéu de caubói cantava e tocava violão.

Por apenas alguns minutos a TV mostrou cenas ao vivo da queda de um avião próximo ao aeroporto. "Em seguida a TV saiu do ar, voltando depois à ativa com um logo da CNN", disse uma mulher que aguardava vôo para Miami.

A CNN Airport News, unidade da AOL Time Warner, foi fundada em 1992 para atender à necessidade dos passageiros de obter notícias em tempo real durante a Guerra no Golfo. A emissora, de acordo com Joe Sharkey [The New York Times, 14/11/01], transmite notícias e atrações especialmente modeladas para telespectadores de aeroporto, além de partes da programação convencional da CNN.

Edna Johnson, porta-voz da emissora, disse que há políticas deliberadas para poupar os telespectadores de notícias de acidentes de avião ao vivo. Edna explica a lógica de bloquear tais notícias afirmando que pessoas em aeroportos são "audiência cativa", sem a "habilidade de desligar a TV", como poderiam fazer em casa, para evitar que se veja imagens assustadoras. A emissora também acha que a exibição de tais cenas é um desserviço àqueles confinados em um aeroporto.

Edna afirmou que muitos outros aeroportos dos EUA adotaram a mesma medida, no dia 12. Em 11 de setembro a CNN Airport Network continuou no ar "devido à enorme importância internacional dos eventos em questão". A emissora transmitiu a CNN regular por 19 dias, sem censura.

MÍDIA & BUSH

O presidente dos EUA George W. Bush surpreendeu a imprensa americana em 12 de novembro. Comentando a decisão de editar os vídeos com mensagens de Osama bin Laden antes de transmiti-las, elogiou os executivos de TV. "Nossa imprensa tem sido muito responsável durante a guerra", disse Bush a repórteres russos, quando do encontro com o presidente da Rússia Vladimir Putin.

Em outubro, a Casa Branca pediu para as emissoras de TV americanas pensarem duas vezes antes de colocar no ar qualquer comentário do terrorista talibã, a quem os EUA acusam ser o suspeito número um da autoria dos ataques de 11 de setembro. Executivos de TV decidiram atender ao pedido de Bush, segundo quem nas mensagens de bin Laden poderia haver sinais em código para que seus seguidores em todo o mundo atacassem novamente.

A mídia americana "estava muito preocupada com a possibilidade de ele estar passando informações codificadas", disse Bush. O presidente também falou das inevitáveis tensões entre políticos e mídia quando exaltava as virtudes de uma imprensa livre. "Às vezes gosto do que escrevem, às vezes não; mas apesar de tudo eles têm liberdade para escrever o que querem ? e eu sou livre para reclamar, o que faço por meio de meu porta-voz", afirmou. "Mas é fundamental a uma sociedade ter órgãos de imprensa vibrantes e nossa mídia tem sido responsável." As informações são da Reuters (12/11/01).