BRIGA DE CACHORRO GRANDE
"Um país que não respeita o direito intelectual jamais será desenvolvido. A indústria brasileira de entretenimento só pode crescer se for baseada no respeito à lei e em princípios morais.
Frequentemente nossas imagens são usadas sem autorização -desrespeitando e deixando de remunerar o trabalho de artistas e técnicos. Mais uma vez, somos vítimas de pirataria: o SBT lança um programa que não passa de um plágio sensacionalista do ?Big Brother?, atração consagrada mundialmente, cujos direitos foram por nós adquiridos em agosto, como é de conhecimento geral.
Nossa indignação é ainda maior porque, no momento em que a sociedade brasileira anseia por ética, esse tipo de comportamento é um exemplo de descaso com um dos valores mais elementares -o de que o direito de um acaba quando começa o do outro.
Não nos resta outra saída senão recorrer de novo à Justiça, que, vale dizer, acaba de nos dar ganho de causa em mais uma ação contra a mesma emissora, que foi multada e impedida de levar ao ar um plágio do nosso programa ?Gente Inocente?. Central Globo de Comunicação, Rio de Janeiro, 29 de outubro de 2001"
"Não há direito a monopólio.
A indústria brasileira do entretenimento só pode crescer se a TV Globo deixar.
A Rede Globo comemora primeira derrota do Fantástico ameaçando processar o SBT por plágio de programa não exibido.
Não satisfeito em derrotar o índice de audiência da TV Globo durante todo o domingo, o SBT cometeu a leviandade de, pela primeira vez, derrotar o Fantástico sem pedir as desculpas devidas a este pilar de moralidade e correção que é a TV Globo.
Na verdade o SBT, no domingo, só perdeu para o Corinthians, um dos contratados da Globo que não vinha correspondendo às expectativas no campo, mas que jogou um bolão no domingo. Ainda por cima, no sábado, batalhando contra a novela do SBT, o Jornal Nacional atingiu um novo marco na sua rota descendente, atingindo os 31%, uma nova experiência.
Isso para não falarmos de Xuxa, Faustão e outras gentes inocentes, todas pessoas de nosso estima e respeito, mas que são rotineiramente derrotados nas tardes de domingo.
Por tudo isso, é justo que a Globo nos processe, ainda que seja por plágio de um programa que não está sequer produzido. Será plágio por adivinhação, por premonição?
Tem razão a Globo de se dizer vítima do SBT e de suas práticas ilegais. Afinal, por causa da acirrada, imoral e ilegal perseguição de que é vitima, a TV Globo ficou reduzida a apenas uma Rede Nacional de Televisão, uma Rede Nacional de Rádio, uma meia dúzia de jornais com que ainda não conseguiu eliminar a concorrência, inclusive um novo jornal em São Paulo que, como sabemos, não dispunha de um jornal com os elevados princípios éticos e morais do atual Diário de São Paulo.
Para não falarmos das empresas e empresários que lhe são afiliados, cada qual menos poderoso do que o outro, não tendo, em regra mais do que o jornal líder em cada Estado.
Tanto é assim que só possuem uma única empresa de televisão por satélite, distribuindo meros 60 canais e umas poucas televisões por cabo com outro tanto de canais.
Também na área editorial, a Globo não conseguiu ultrapassar umas duas dúzias de títulos nem conseguiu, até hoje, eliminar as demais gravadoras de discos com seu som livre. Vamos abreviar; tal é a perseguição que lhe é movida pelo insaciável SBT que a Globo ficou com a exclusividade apenas de todo o futebol brasileiro e das próximas duas Copas do Mundo.
E tudo isso sem veículos que lhe acolha os anúncios, sem recursos para um marketing agressivo, obrigando-os a enormes prejuízos oferecendo brindes para quem lhes assine os veículos, modestos é verdade, apenas aparelhos de televisão ou passagens de avião para qualquer ponto do Brasil.
Tem razão a Globo, ao afirmar em sua nota, que ?a indústria brasileira de entretenimento só pode crescer se for baseada (sic) no respeito à lei e em princípios morais? e ?que a sociedade anseia por ética?. É verdade.
Como sabemos, é altamente moral e ético pagar as multas e assumir os processos judiciais de autores sob contrato, para que o SBT não possa contar com um único escritor; é extremamente ético comprar eventos para não exibi-los; aliciar contratados apenas para desorganizar os concorrentes; como sabemos, é extremamente ético vender jornais à custa da desgraça de pais desesperados e de filhas sequestradas. Tudo isto é altamente elogiável, é exemplar.
O SBT, enquanto a Globo não for o único veículo, o único empregador, não for o único Poder, o Big Brother que anseia ser, dona da televisão que nos vigiará, até este dia, o SBT continuará trabalhando e derrotando, sem luxo e com modéstia, derrotando o Poder, a Riqueza e a Prepotência, hoje disfarçados em moralistas. Diretoria do SBT. São Paulo, 30 de outubro de 2001"
"Ignorar a contribuição da TV Globo ao desenvolvimento da indústria de entretenimento brasileira é desconhecer a história de 35 anos de artistas, autores e profissionais de TV ou é falta de seriedade.
Infelizmente no caso do SBT não é falta de informação. O tom da nota, lamentavelmente, não é de seriedade. Embora o assunto seja muito sério.
A nota cheia de ressentimentos, distorções e desejo de destruir é ? em vários trechos ? o reconhecimento da capacidade de nossas equipes, porque, ao tentar denegri-las, não consegue deixar de citar os seus sucessos.
O lamentável, porém, nesse episódio, é sabermos que o SBT tem consciência do valor dos direitos que a TV Globo adquiriu, porque durante vários meses negociou esses mesmos direitos com a Endemol, teve acesso a todos os detalhes do formato agora copiado e, quando suas negociações fracassaram, comprometeu-se a não utilizá-los.
O triste é vermos uma empresa demonstrar publicamente o orgulho de ?ser esperta? e de usurpar o direito de terceiros.
Resta-nos a esperança de que a nota distribuída em nome da diretoria do SBT não represente, de fato, a forma como esses diretores pensam e agem. Central Globo de Comunicação. Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2001"